Jr. 23: 28 - "O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele que tem a minha palavra, fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor." Há um conceito doutrinário neotestamentário que diz: "seja, porém, o vosso falar: sim, sim; não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna." Cristo quando afirmou isto, segundo o registro de Mateus estava confirmando a seriedade da Palavra de Deus. Obviamente que o Mestre não estava em dúvidas em relação à seriedade dela; para Ele isto não se constituía em matéria de dúvida. Tinha Ele, em mente, a leviandade e a superficialidade do homem decaído, quando este toma da sua própria palavra, para dela, fazer como que sendo a de Deus. Os religiosos sempre conduzem a discussão da verdade para a centralidade daquilo que ele mesmo concebe e não para centralidade do que afirmam reiteradamente as Escrituras. É como em um jogo de faz de conta: usam das Escrituras apenas para aparentemente legitimar os seus próprios pensamentos obscurecidos pela natureza pecaminosa. Isto se dá, porque as mentes que não foram reconciliadas estão cegas pelo "deus deste século" e não podem receber a revelação de Cristo nas Escrituras. Quando alguém se levanta para ler, comentar, interpretar e pregar sobre as Escrituras e não consegue ver Cristo desenhado nelas, pode desistir.
Deus está dizendo claramente por intermediação do profeta Jeremias que, o profeta pode ter um sonho, entretanto, deve contá-lo apenas como sonho e não como revelação divina. Entretanto, se o profeta tiver a Palavra de Deus contá-la-á invariavelmente como é e não como quer que ela seja. Deus está estabelecendo um paradigma entre a palha que é leve, pouco substanciosa, frágil e facilmente destruída pelo fogo e o trigo que é substância perene, dotado de força e vida que pode produzir muitas outras vidas. Enquanto a palha é produto que termina em si mesma por não ser portadora da capacidade de gerar nova vida, o trigo é algo que se renova perpetuamente. A palha perece, o trigo permanece; a palha fenece, o trigo alimenta; a palha é levada pelo vento, o trigo multiplica-se e enraíza-se e se espalha.
O que a teologia reformada faz é exatamente tomar das Escrituras como trigo para alimentar-se da verdade que procede da boca de Deus. Contrariamente, a teologia deformada toma da palha para dar aparência de agradabilidade aos que perecem no pecado. Enquanto a teologia reformada desagrada por comunicar a verdade de Deus, a teologia deformada agrada aos ouvidos enfermos pela natureza pecaminosa, por cogitar dos interesses humanos. A teologia reformada oferece Deus, a teologia deformada oferece sonho. A teologia reformada oferece a palavra da verdade que produz vida, a teologia deformada oferece satisfação pessoal que produz carnalidade, vaidade e mentira agradável aos ouvidos da cobra surda.
Não são todos que têm e detêm a palavra da verdade. Estes são apenas os que receberam graça para tal. O texto mostra que só poderá falar com verdade, aquele que tem a palavra de Deus. Isto cria profunda distinção entre aquele que prega a palha e o que prega a verdade. Entre o que prega sonhos e o que prega vida divina, abundante e perpétua.
Assim, de fato, o que passa do sim e do não é procedente do maligno, pois na palavra da verdade ou é sim, ou é não. Ela não se dissimula para agradar ao pecador, mas cumpre o seu desiderato, qual seja, anunciar as boas novas, ou o evangelho da verdade. Este evangelho é Cristo, e este, crucificado, atraindo os pecadores a Ele para trazê-los reconciliados com Deus na ressurreição.
Os que foram eleitos antes dos tempos eternos e preordenados para vida ouvirão a palavra da verdade, ainda que esta lhes seja desagradável à prima facie. Entretanto, os que não foram inscritos no livro da vida do Cordeiro, ouvirão invariavelmente as fábulas tecidas nas fibras das palhas e dos sonhos produzidos pela alma no pecado. Deus não está nisto, mas sim o maligno!
A Cristo, pois, a honra, a glória e a majestade eternamente.
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