Gl. 1: 8 e 9 - "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema." A seriedade da Palavra de Deus ultrapassa todos os limites humanos. Ela não autoriza em tese, nem apóstolos, nem discípulos, nem anjos do céu ir além do evangelho já anunciado. Sendo esta premissa uma verdade escriturística, tem-se hodiernamente uma amalgama de anátemas disseminados como se evangelho fora. O juiz dessa afirmativa é a própria palavra de Deus. Tristemente, há inumeráveis pessoas bem intencionadas financiando o anátema nos mais diversos rincões desse mundo, acreditando estar cooperando para a pregação do evangelho. Não são estes mais enganados do que o próprio engano natural de suas almas contaminadas pela natureza pecaminosa. Ninguém é enganado, sem primeiramente enganar-se pela ausência de evangelho nas religiões humanizadas. Após serem enganadas se tornam enganadoras por reproduziram um sistema de crença fora das Escrituras. Neste ponto ocorre a teologia deformada.
Na asseveração paulina aos gálatas, está implícita a verdade que há um evangelho bendito, o qual já havia sido anunciado. Tudo o que ultrapassar os limites desse evangelho uma vez anunciado é maldição. Ora, fica assim evidenciado que qualquer acréscimo, exegese, apologética ou hermenêutica resultante da presumida sapiência humana, não altera e não muda a verdade do evangelho compendiado. Tal evangelho se resume no seguinte: "Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras." - I Co. 15:3 e 4. O apóstolo Paulo recebeu e da mesma forma entregou o evangelho, isto é, segundo as Escrituras. Não acrescentou, e não retirou absolutamente nada dele. Mostra que Cristo morreu por causa e para aniquilar os pecados de cada eleito, isto é, para destruição deles conforme Rm. 6:1 a 7; que Cristo foi sepultado comprovando a sua morte real e total para matar a morte do homem; e que ressuscitou ao terceiro dia, tudo conforme as Escrituras o havia predito. A ressurreição nos dá a garantia de que Cristo é o método de Deus para destruição e retirada do pecado, como também para a concessão da vida eterna, trazendo os eleitos que foram incluídos n'Ele em sua morte à vida eterna. Assim, quando Cristo morreu estavam os eleitos pecadores incluídos n'Ele, quando ressuscitou está Ele nos eleitos e regenerados para lhes comunicar a vida.
Os outros evangelhos resultantes das conjecturas e injunções de homens, nada têm a ver com o evangelho simples e direto apresentado pelas Escrituras. É o caso, por exemplo, do arminianismo e suas derivações históricas. Tal doutrina deformada foi criada por Tiago Armínio, ou Jacobus Arminius, ou ainda Jacob Harmensz. Armínio foi discípulo de um notável calvinista chamado Teodoro de Beza. Entretanto, adotou uma esdrúxula teologia na qual pregava uma forma de sinergismo, isto é, a crença que a salvação do homem depende da cooperação entre este e Deus. Isto se opunha ao monergismo, isto é, a afirmação que a salvação depende exclusivamente da soberana graça de Deus para com o pecador, sem a participação livre deste. O sinergismo arminiano difere substancialmente de outras formas de sinergismo, tais como o pelagianismo e o semipelagianismo, representando apenas uma espécie de mimetismo pernicioso à Igreja. Ao longo da história do cristianismo sempre foi assim, a mentira deformadora apresenta-se como melhor proposta ao puro evangelho. Isto ocorre porque ela satisfaz a incansável busca do homem pela sua autonomia apostatada de Deus.
Armínio e os adeptos de sua doutrina divergiram do monergismo calvinista por entenderem que a doutrina da eleição incondicional, e, especialmente da reprovação incondicional, da expiação limitada e da graça irresistível de Deus seriam incompatíveis com o caráter d'Ele, que é amoroso, compassivo, bom e deseja que todos se salvem. Também, as tais doutrinas reformadas violariam o caráter pessoal da relação entre Deus e o homem. E, finalmente, levariam à consequência lógica inevitável de que Deus seria o autor do mal e do pecado. Exposto desta forma parecem ponderações razoáveis e até mesmo aceitáveis. Todavia, quando vistas pela ausência de base bíblica e por desprezo aos textos escriturísticos que confirmam a teologia reformada, não são assim tão admissíveis e aceitáveis. Isto porque, a mentira nunca se apresenta como mentira pura, mas sempre diluída com um pouco de verdade para anestesiar as mentes cauterizadas. Este foi o método de Satanás no Éden para capturar o homem por meio de meias verdades.
Em outro estudo continuar-se-á esta exposição sobre esta teologia deformada de Armínio e seus asseclas as quais perduram e estão vivas e ativas ainda hoje.