sábado, abril 21

A DIFERENÇA ENTRE O PECADO E OS ATOS PECAMINOSOS

Jo. 16: 07 a 09 e 8:24 - "...pois se eu não for, o Ajudador não virá a vós; mas, se eu for, vo-lo enviarei. E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim.(...) Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados; porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados."
Rm. 5:14 "No entanto a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão o qual é figura daquele que havia de vir."
Há no texto grego koinê do Novo Testamento cerca de cinco palavras para o vocábulo português 'pecado'. Entretanto, apenas uma delas indica o pecado como sendo um princípio da natureza humana decaída. Tal termo é a palavra 'hamartáno' em sua forma substantiva. Dependendo do contexto em que aparece nas Escrituras é flexionada de acordo com a declinação, porém mantém sempre o seu radical. O pecado como "morte" ou separação do espírito  do homem em relação a Deus foi a incredulidade conforme o primeiro texto de abertura, na expressão: "...do pecado, porque não creem em mim." De fato, o primeiro homem, Adão, foi incrédulo ao que lhe fora decretado por Deus: "... no dia em que dela comeres, certamente morrerás." O enganador incorporado na serpente trouxe outro evangelho, dizendo: "... é certo que não morrereis." O primeiro homem preferiu esta pregação àquela que Deus lhe houvera dito. Por isso, o pecado entrou no mundo pelo primeiro homem e passou a todos os homens, portanto, todos são pecadores por natureza e não apenas por atos. Isto está registrado em Rm. 5:12 - "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram."
Tg. 1:14 e 15 - "Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência; então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte." O texto mostra que o pecado é pessoal, resulta do desejo humano, e produz a morte como consequência. Neste texto a palavra para pecado é 'hamartia' e para morte é 'thantos', ou seja, refere-se ao pecado como uma inclinação natural e à morte como sendo morte espiritual ou separação eterna em relação a Deus.
O pecado original, isto é, a natureza pecaminosa foi transmitida pelo DNA de Adão e contaminou a todos os seus descendentes. Hoje a genética confirma que apenas os cromossomos mitocondriais masculinos são transmitidos aos descendentes. Por esta razão é que Cristo nasceu apenas da mulher sem a participação de um homem carnal no processo. Ele tinha de nascer sem a contaminação do pecado de Adão, para, na sua morte, atrair os pecados da raça adâmica e destruí-la, sendo, portanto, o último Adão conforme I Co. 15:45 - "Assim também está escrito: o primeiro homem, Adão, tornou-se alma vivente; o último Adão, espírito vivificante." O primeiro Adão possuía vida almática, o segundo Adão vida espiritual capaz de vivificar o primeiro Adão, morto espiritualmente. Assim, em Cristo, acaba a raça do primeiro Adão contaminada pelo pecado original por meio da regeneração n'Ele. O pecado causado pela incredulidade de Adão à Palavra de Deus foi aniquilado na cruz conforme Hb. 9:26 - "...doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." Os que possuem escamas nos olhos e cujos ouvidos não foram furados não recebem este ensino, entretanto, entre ficar com as opiniões dos homens decaídos, e com a segurança das Escrituras, é preferível estas àquelas. Concludentemente Adão passou a ser pecador porque foi incrédulo à Palavra de Deus, por isso, cometeu o ato pecaminoso ao comer do fruto proibido como consequência do pecado. Este é o trajeto de todos os descendentes de Adão: cometem atos pecaminosos, porque possuem natureza pecaminosa.
No segundo texto de abertura, a palavra transgressão aparece como 'parabaseos', que é uma referência à transgressão cometida por Adão. Tal transgressão foi a desobediência à ordem de Deus. Adão foi além daquilo que lhe havia sido ordenado, cometendo ato pecaminoso de transgressão por ter caído no pecado da incredulidade à Palavra de Deus. Os pecadores da raça adâmica cometem atos pecaminosos, porque todos são portadores da natureza pecaminosa. Muitos religiosos imaginam que os pecadores são pecadores, apenas porque cometem tais atos, todavia, é exatamente o oposto. É uma questão de causa e efeito, pois o efeito decorre da causa e não a causa do efeito. A transgressão de Adão não foi a sua incredulidade, mas a desobediência cometida ao comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Porém, o seu pecado que o matou ou separou de Deus foi a incredulidade. 
I Jo. 3:4 - "Todo aquele que vive habitualmente no pecado também vive na transgressão, pois o pecado é transgressão." Assim, aquele que possui natureza pecaminosa, automaticamente comete o ato pecaminoso da transgressão das leis, preceitos, regras, normas. Um é consequência do outro! As palavras gregas para pecado e transgressão são 'hamartian' e 'anomian', a saber, errar o alvo estabelecido por incredulidade na Palavra de Deus e viver em arrepio à lei moral.
De igual modo a tendência natural do homem decaído à desobediência é a quebra de regras, preceitos e leis conforme o registro de Mt. 7:23 – “Então lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade”. Neste texto 'iniquidade' é no grego neotestamentário 'anomían'. Neste caso possui sentido de injustiça, ou ausência de lei, de regra, de norma, e, toda injustiça decorre da falta de equidade ou equanimidade, isto é, de conformidade à lei e à justiça. Observe no contexto que os atos praticados por tais iníquos eram aparentemente bons e feitos em nome de Jesus, porém os tais não tinham comunhão com Cristo.
Outra forma de ato pecaminoso é a tendência ao que é de natureza maligna. Neste caso origina-se da palavra grega neotestamentária 'ponerós'. Isto está registrado no texto de  Mt. 6:13 – “...e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal.” Nesta oração modelo, Jesus está pedindo para Deus nos livrar do maligno mesmo, porque a palavra está assim flexionada 'poneroû', indicando o mal personificado. O inimigo inoculou no homem a sua natureza maligna, e, por meio dela, ele opera na vontade humana. Embora os religiosos acreditem na bondade humana, trabalham para melhorar o mundo e a sociedade, as Escrituras mostram que o homem decaído irá de mal em mal até a sua condenação final. O diferencial está na graça e na misericórdia de Deus, que, por soberana vontade decidiu eleger os que quis para a vida eterna, incluindo-os na morte de Cristo para ressuscitá-los juntamente com Ele.
Sola Scriptura!

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente o post! Muito esclarecedor, principalmente a questão da causa e efeito. Obrigado!