sábado, abril 21

A DIFERENÇA ENTRE O PECADO E OS ATOS PECAMINOSOS

Jo. 16: 07 a 09 e 8:24 - "...pois se eu não for, o Ajudador não virá a vós; mas, se eu for, vo-lo enviarei. E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim.(...) Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados; porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados."
Rm. 5:14 "No entanto a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão o qual é figura daquele que havia de vir."
Há no texto grego koinê do Novo Testamento cerca de cinco palavras para o vocábulo português 'pecado'. Entretanto, apenas uma delas indica o pecado como sendo um princípio da natureza humana decaída. Tal termo é a palavra 'hamartáno' em sua forma substantiva. Dependendo do contexto em que aparece nas Escrituras é flexionada de acordo com a declinação, porém mantém sempre o seu radical. O pecado como "morte" ou separação do espírito  do homem em relação a Deus foi a incredulidade conforme o primeiro texto de abertura, na expressão: "...do pecado, porque não creem em mim." De fato, o primeiro homem, Adão, foi incrédulo ao que lhe fora decretado por Deus: "... no dia em que dela comeres, certamente morrerás." O enganador incorporado na serpente trouxe outro evangelho, dizendo: "... é certo que não morrereis." O primeiro homem preferiu esta pregação àquela que Deus lhe houvera dito. Por isso, o pecado entrou no mundo pelo primeiro homem e passou a todos os homens, portanto, todos são pecadores por natureza e não apenas por atos. Isto está registrado em Rm. 5:12 - "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram."
Tg. 1:14 e 15 - "Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência; então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte." O texto mostra que o pecado é pessoal, resulta do desejo humano, e produz a morte como consequência. Neste texto a palavra para pecado é 'hamartia' e para morte é 'thantos', ou seja, refere-se ao pecado como uma inclinação natural e à morte como sendo morte espiritual ou separação eterna em relação a Deus.
O pecado original, isto é, a natureza pecaminosa foi transmitida pelo DNA de Adão e contaminou a todos os seus descendentes. Hoje a genética confirma que apenas os cromossomos mitocondriais masculinos são transmitidos aos descendentes. Por esta razão é que Cristo nasceu apenas da mulher sem a participação de um homem carnal no processo. Ele tinha de nascer sem a contaminação do pecado de Adão, para, na sua morte, atrair os pecados da raça adâmica e destruí-la, sendo, portanto, o último Adão conforme I Co. 15:45 - "Assim também está escrito: o primeiro homem, Adão, tornou-se alma vivente; o último Adão, espírito vivificante." O primeiro Adão possuía vida almática, o segundo Adão vida espiritual capaz de vivificar o primeiro Adão, morto espiritualmente. Assim, em Cristo, acaba a raça do primeiro Adão contaminada pelo pecado original por meio da regeneração n'Ele. O pecado causado pela incredulidade de Adão à Palavra de Deus foi aniquilado na cruz conforme Hb. 9:26 - "...doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." Os que possuem escamas nos olhos e cujos ouvidos não foram furados não recebem este ensino, entretanto, entre ficar com as opiniões dos homens decaídos, e com a segurança das Escrituras, é preferível estas àquelas. Concludentemente Adão passou a ser pecador porque foi incrédulo à Palavra de Deus, por isso, cometeu o ato pecaminoso ao comer do fruto proibido como consequência do pecado. Este é o trajeto de todos os descendentes de Adão: cometem atos pecaminosos, porque possuem natureza pecaminosa.
No segundo texto de abertura, a palavra transgressão aparece como 'parabaseos', que é uma referência à transgressão cometida por Adão. Tal transgressão foi a desobediência à ordem de Deus. Adão foi além daquilo que lhe havia sido ordenado, cometendo ato pecaminoso de transgressão por ter caído no pecado da incredulidade à Palavra de Deus. Os pecadores da raça adâmica cometem atos pecaminosos, porque todos são portadores da natureza pecaminosa. Muitos religiosos imaginam que os pecadores são pecadores, apenas porque cometem tais atos, todavia, é exatamente o oposto. É uma questão de causa e efeito, pois o efeito decorre da causa e não a causa do efeito. A transgressão de Adão não foi a sua incredulidade, mas a desobediência cometida ao comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Porém, o seu pecado que o matou ou separou de Deus foi a incredulidade. 
I Jo. 3:4 - "Todo aquele que vive habitualmente no pecado também vive na transgressão, pois o pecado é transgressão." Assim, aquele que possui natureza pecaminosa, automaticamente comete o ato pecaminoso da transgressão das leis, preceitos, regras, normas. Um é consequência do outro! As palavras gregas para pecado e transgressão são 'hamartian' e 'anomian', a saber, errar o alvo estabelecido por incredulidade na Palavra de Deus e viver em arrepio à lei moral.
De igual modo a tendência natural do homem decaído à desobediência é a quebra de regras, preceitos e leis conforme o registro de Mt. 7:23 – “Então lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade”. Neste texto 'iniquidade' é no grego neotestamentário 'anomían'. Neste caso possui sentido de injustiça, ou ausência de lei, de regra, de norma, e, toda injustiça decorre da falta de equidade ou equanimidade, isto é, de conformidade à lei e à justiça. Observe no contexto que os atos praticados por tais iníquos eram aparentemente bons e feitos em nome de Jesus, porém os tais não tinham comunhão com Cristo.
Outra forma de ato pecaminoso é a tendência ao que é de natureza maligna. Neste caso origina-se da palavra grega neotestamentária 'ponerós'. Isto está registrado no texto de  Mt. 6:13 – “...e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal.” Nesta oração modelo, Jesus está pedindo para Deus nos livrar do maligno mesmo, porque a palavra está assim flexionada 'poneroû', indicando o mal personificado. O inimigo inoculou no homem a sua natureza maligna, e, por meio dela, ele opera na vontade humana. Embora os religiosos acreditem na bondade humana, trabalham para melhorar o mundo e a sociedade, as Escrituras mostram que o homem decaído irá de mal em mal até a sua condenação final. O diferencial está na graça e na misericórdia de Deus, que, por soberana vontade decidiu eleger os que quis para a vida eterna, incluindo-os na morte de Cristo para ressuscitá-los juntamente com Ele.
Sola Scriptura!

domingo, abril 15

A DIFERENÇA ENTRE CONVERSÃO E NOVO NASCIMENTO

Lm. 5: 21 e 22 - "Converte-nos a ti, Senhor, e seremos convertidos; renova os nossos dias como dantes; se é que não nos tens de todo rejeitado, se é que não estás sobremaneira irado contra nós."
Jo. 3: 3 a 7 - "Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te haver dito: necessário vos é nascer de novo."
O étimo das palavras se consegue avaliando as suas origens e a sua evolução  em diferentes línguas ou em uma única língua. Assim, conversão origina-se no latim 'convertio' ou 'convertionis', que em última análise significa "movimento circular, giro". Neste caso, é um processo de mudança de direção comportamental e não necessariamente espiritual. Em um sentido abrangente, converter-se é andar em círculos, experimentar caminhos diferentes, movimentar-se. Portanto, é um ato puramente humano realizado diante dos fatos da vida, em busca de soluções para os dramas humanos. O ato ou efeito de converter-se ocorre segundo duas dimensões: a) dimensão humana, ou seja, mudança de crença, religião, posição ideológica, convicção filosófica; b) dimensão espiritual, ou seja, alteração definitiva da natureza pecaminosa resultante da ação monérgica de Deus.
Há profunda diferença entre alguém se modificar em função de um interesse pessoal ou coletivo, e alguém ter sido modificado, mesmo contra a sua natureza, pela ação soberana de Deus. As pessoas são capazes de executar profundas alterações no curso de suas vidas para atingir determinados objetivos. A necessidade é capaz de operar em um ser humano mudanças inimagináveis. Entretanto, os seus atos exteriores podem não refletir em nada a sua real natureza interior. A maior parte dos religiosos vive uma vida dupla: a que dizem ser, e a outra que de fato são. Por esta razão é que um relatório dos anos 90 afirmava que 80% das pessoas que buscam ajuda psicológica e psicanalítica são religiosos. Isto se dá, porque estas pessoas vivem em duas realidades conflitantes. Esta situação produz o que se chama de fragmentação psicológica, a saber, dupla personalidade, ou mesmo, múltiplas personalidades. Uma que é apenas representativa e a outra que é o subproduto da natureza pecaminosa.
Lembre-se que, o Pedro que confessou que Jesus era o Cristo Filho de Deus, foi o mesmo Pedro que negou Jesus na noite do Seu julgamento. No primeiro caso, o próprio Jesus afirmou que tal confissão não era resultante da vontade carnal de Pedro, mas sim, de uma revelação de Deus. No segundo caso, o mesmo Jesus afirmou a Pedro, que, apesar das suas  declarações corajosas que não o abandonaria e tal, este o negaria três vezes antes de o galo cantar. Ora, Pedro sequer havia sido convertido nessa época conforme o registro de Lc. 22: 31 e 32 - "Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos." Pedro havia se convertido apenas para um novo caminho, mas não havia sido convertido pelo Senhor deste novo caminho. Pedro possuía apenas a sua própria fé humana, mas não havia recebido a fé do alto.
O texto de abertura mostra a conversão verdadeira, ou seja, processada por ato divino e soberano. Mostra que o resultado da real conversão é uma renovação de propósitos e o império de uma nova disposição. Tal característica é o fruto de uma ação do alto e não de uma mudança apenas comportamental. Muitos ateus têm comportamento moral exemplar se comparados a diversos cristãos nominais ou confessos. A real conversão mostra a manifestação da graça de Deus usando de misericórdia para com os pecadores eleitos. Eles são regenerados da suas naturezas pecaminosas, mas quanto aos atos pecaminosos serão tratados ao longo da vida. Portanto, ninguém se converte a Deus por conta própria, mas são convertidos pela graça misericordiosa d'Ele. É como alguém afirmar que se operou de tal mal físico! Ora, ninguém pode tomar do bisturi e se operar. Contrariamente, é necessário que alguém realize a intervenção cirúrgica no paciente. Ninguém pode ser médico e paciente ao mesmo tempo!
No diálogo de Nicodemos com Jesus é explicado o que é, de fato, o novo nascimento. Primeiramente é necessário entender que, para nascer de novo, é necessário ter morrido. Não há como nascer outra vez sem que tenha morrido antes. No texto original a expressão traduzida por "novo nascimento" é de fato, nascer do alto. Isto indica que é o resultado da operação de Deus na vida do pecador, e não a operação da vontade humana. O novo nascimento permite ao homem ver o reino de Deus, porque é um ato de fé verdadeira. Sendo a fé o firme fundamento do que se espera e a certeza de coisas invisíveis, logo só poderá ser operada por Deus. O homem não pode ver o invisível e esperar o que não chegou por conta própria. O segundo texto mostra que ninguém pode ver e entrar no reino de Deus  às suas próprias expensas. É uma questão de não poder, e não de não querer como supõem os religiosos arminianos.
Enquanto Nicodemos estava interpretando o novo nascimento de uma perspectiva material e tangível, Jesus lhe mostrava que é um ato sobrenatural e divino. Nicodemos entendeu que o novo nascimento seria de caráter biológico, mas Cristo lhe indicava que carnalidade produz mais carnalidade e não espiritualidade. É dito a Nicodemos que o novo nascimento é o resultado da pregação da Palavra de Deus que abre os ouvidos e retira as escamas dos olhos. O sentido de água no novo testamento é a Palavra de Deus. Assim, nascer da água é o cumprimento do que diz Rm. 10:7 - "Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo." A palavra de Cristo é o genuíno evangelho e não peças e homilias retóricas. A palavra que vivifica o morto em seu pecado é 'rhema' e não 'logos'. A primeira é a palavra vivificante, a segunda é a palavra apenas declarante de Deus. 
Nascer do Espírito é o resultado da operação soberana e voluntária do próprio Deus. Assim, quem não nascer pelo Espírito de Deus não entra no Seu reino. Por esta razão é que Paulo exorta os gálatas conforme Gl. 3:2 a 5 - "Só isto quero saber de vós: foi por obras da lei que recebestes o Espírito, ou pelo ouvir com fé? Sois vós tão insensatos? tendo começado pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis? Será que padecestes tantas coisas em vão? Se é que isso foi em vão. Aquele pois que vos dá o Espírito, e que opera milagres entre vós, acaso o faz pelas obras da lei, ou pelo ouvir com fé?" Por esta razão é que Paulo afirma no verso 6 deste mesmo contexto: "Assim como Abraão creu a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça." Abraão foi declarado justificado apenas porque creu incondicionalmente a Deus. Veja a diferença entre crer em Deus, e crer a Deus.
Sola Scriptura!

terça-feira, abril 10

A DIFERENÇA ENTRE HUMANISMO E REGENERAÇÃO

I Co. 2: 9 a 16 - "Mas, como está escrito: as coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam. Porque Deus no-las revelou pelo seu Espírito; pois o Espírito esquadrinha todas as coisas, mesmos as profundezas de Deus. Pois, qual dos homens entende as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está? assim também as coisas de Deus, ninguém as compreendeu, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, mas sim o Espírito que provém de Deus, a fim de compreendermos as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus; as quais também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo, comparando coisas espirituais com espirituais. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, enquanto ele por ninguém é discernido. Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo."
Entende-se por humanismo uma filosofia moral que coloca o homem como o ser principal na escala de importância entre todos os seres. É uma perspectiva com grande ênfase na postura ética fundamentada na dignidade, capacidade e aspirações humanas, notadamente na racionalidade. Contrapõe-se ao sobrenatural, ou mesmo, a um ser superior e soberano. O humanismo opõe-se ao clericalismo institucional, entretanto, abrange religiões não teístas e se afirma numa proposta de vida essencialmente humanista.
Em Karl Marx, o humanismo baseia-se apenas na consciência como origem e fonte do saber. Em geral, os humanistas se afastam do transcendentalismo e se aproximam do cientificismo e do racionalismo, como, por exemplo: ateus, gnósticos e ignósticos. Alguns, denominados 'Humanistas Sigilosos' se aproximam mais de aspectos espirituais e menos da lógica formal. São por vezes deístas, ocasionalmente associados a artistas e cristãos liberais. O Ignosticismo ou Igteísmo é atribuído ao rabino Sherwin Wine fundador do Judaísmo Humanista. Na Renascença, o humanismo tomou a forma de antropocentrismo, ou seja, o homem é a medida de todas as coisas. O homem é o centro ao invés de Deus. 
Ainda se pode falar de 'Humanismo Positivista' de Augusto Comte, que se afirma no homem e rejeita a teologia e a metafísica como propostas coerentes para explicar, organizar e explorar a realidade. Uma das vertentes deste tipo de humanismo é a 'Religião da Humanidade', a qual propõe a substituição moral, filosófica, política e epistemológica dos seres supranaturais, pela concepção pura de humanidade. O 'Humanismo Logosófico' de Gonzales Pecotche propõe ao ser humano a sua própria realização do processo de evolução que o conduz à superação de suas qualidades até alcançar a excelência de sua condição humana. Já o 'Humanismo Universalista' propõe como um valor essencial, o de ser internacionalista, aspirando assim, uma nação humana universal, porém não um mundo uniforme, mas um mundo múltiplo em etnias, línguas e costumes. O fundador desta vertente humanista - Mario Rodrigues Luis Cobos - afirma: "nada acima do ser humano e nenhum humano abaixo de outro". Prega a não-violência ativa como forma de controle.
O texto de abertura fala por si só, mostrando claramente a mente humana em seu estado natural, ou seja, sem a regeneração espiritual. Assim, todas estas propostas humanistas estão perfeitamente em consonância à natureza humana apartada de Deus pelo pecado. Porém, é necessário salientar que, o pecado é um estado de impossibilidade do homem crer em Deus e sua mensagem redentora. Por esta razão, o homem natural busca uma auto-justificação às suas próprias expensas, visto que não pode crer. A isto dá-se o nome de depravação total, ou degenerescência espiritual. O papel de Cristo foi exatamente o de reconciliador entre o homem natural e Deus, por meio da morte, da morte espiritual do homem, na morte inclusiva d'Ele. Para a mente natural, isto é apenas uma propositura louca e sem sentido empírico, racional, ou experimentável. Por isso, não podem crer em algo fora de si mesmos.
A realidade do humanismo é a expressão concreta do homem decaído que, por não poder prescrutar as coisas espirituais, prefere negá-las, ignorá-las, ou rejeitá-las. Isto lhe foi inoculado no Éden, quando da sua opção pelo falso autonomismo e a suposta condução da sua vida sem Deus. Assim, restou ao homem apenas a possibilidade de discernir-se a si mesmo com base apenas na sua dimensão almática, tomando isto como saber, conhecimento, evolução, escolha livre. O homem presume ser o deus de si mesmo.
O homem natural não pode compreender as coisas de Deus, porque não recebeu o Espírito de Deus. Não é uma questão de escolha, ou mesmo, de querer, mas de não poder. Por não ter experimentado a regeneração, não pode comparar o que é espiritual com o que é espiritual. Permanece morto para as coisas do Espírito de Deus. A regeneração é exatamente a nova geração de um novo homem por meio da aniquilação do pecado conforme Hb. 9:26 - "... mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." A manifestação humana do Filho Unigênito de Deus visa incluir o homem morto para Deus, em sua morte de cruz, para depois, ressuscitá-lo juntamente com Ele e lhe restituir a comunhão espiritual com o Pai. Isto é o que significa ter a mente de Cristo no texto de abertura. Sem morte não há regeneração, assim como sem ressurreição não há nascimento do alto. Este é o método de Deus para redimir o homem de si mesmo relegando o humanismo como meio de se aperfeiçoar e atingir um estado de auto-endeusamento.
Sola Gratia!

sábado, abril 7

A DIFERENÇA ENTRE FÉ E CRENDICES

I Jo. 5: 1 a 5 - "Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é o nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou, ama também ao que dele é nascido. Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Porque este é o amor de Deus, que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são penosos; porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?"
Tt. 1:10 a 14 - "Porque há muitos insubordinados, faladores vãos, e enganadores, especialmente os da circuncisão, aos quais é preciso tapar a boca; porque transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância. Um dentre eles, seu próprio profeta, disse: os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, glutões preguiçosos. Este testemunho é verdadeiro. Portanto repreende-os severamente, para que sejam sãos na fé, não dando ouvidos a fábulas judaicas, nem a mandamentos de homens que se desviam da verdade."
A crença fundamentada em uma doutrina pura e revelada monergisticamente é o que produz a fé genuína. Porém, a crença de cunho supersticioso, sem fundamentação na revelação das Escrituras e resultante do ideário popular é apenas crendice. Assim a crença verdadeira é o ato ou o efeito de crer resultante de revelação espiritual àquele que crê em algo ou alguém. Logo, alguém pode ter profunda crença sem crendices, como também outra pessoa pode ter apenas crendices sem crença verdadeira alguma.
O primeiro texto de abertura demonstra um conjunto de estados ou processos espirituais resultantes da ação reveladora de Deus, que resultam na fé verdadeira. A primeira premissa mostra que "todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus." O homem em sua condição decaída, só crê desta maneira, por convencimento realizado pelo Espírito Santo conforme Jo. 16: 7 a 9 - "Todavia, digo-vos a verdade, convém-vos que eu vá; pois se eu não for, o Ajudador não virá a vós; mas, se eu for, vo-lo enviarei. E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim." O Ajudador a que alude o texto é o Espírito Santo chamado no original grego de 'Parakleto', ou seja, aquele que permanece sempre com alguém. O Espírito de Deus é quem convence o homem da sua incredulidade, visto que a natureza humana decaída não possui inclinação para a verdade, e, muito menos, para reconhecer-se pecaminosa. Tem, outrossim, inclinação para crendices, religiões, rituais místicos, mas não para a verdadeira fé. A fé verdadeira é dom de Deus, e não uma virtude do homem natural. Neste sentido há bilhões de pessoas enganadas, e enganadoras de si mesmas e dos outros. Imaginam que, se possuem uma religião e seguem rituais e crendices estão alinhadas à verdade e à fé. Há crendices até mesmo em relação às Escrituras, pois muitos têm-na como um amuleto para espantar a má sorte, trazer progresso material, repelir demônios e maus espíritos. A Bíblia fechada é apenas um livro, a Bíblia aberta, mas sem revelação do Espírito, não passa de manual de religião. Como está escrito: a letra mata, mas o espírito vivifica!
O segundo texto de abertura indica as características dos que mantêm apenas  crendices, evidenciando que estes ensinam o que não convém à verdade. O erro deles é simplesmente dar ouvidos às fábulas e aos mandamentos de origem puramente humana. Logo, a crendice em fábulas artificialmente compostas por tradições e pelas culturas são disseminadas como se verdade fossem. Tais ensinos, nada têm a ver com a sã doutrina, pois são originados na mente humana e se dirigem à mente humana. É uma espécie de auto-convencimento de si para consigo com base em circunstâncias, desejos e carências. Elaboram uma teologia própria para aplacar seus próprios dramas, porém sem que a velha natureza adâmica separada de Deus pelo pecado seja removida pela graça justificadora. Neste sentido muitos erram por julgar que o pecado se resume apenas em praticas errôneas. Entretanto, tais práticas são, de fato, o efeito do que é o pecado. O pecado é a incredulidade como é demonstrado em Jo. 16:9, enquanto os atos pecaminosos são os erros, deslizes e atos falhos decorrentes desta incredulidade. O homem natural não pode crer verdadeiramente em Deus, salvo se a ação para tanto, se inicie no próprio Deus conforme Jo. 6:44 - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia." Veja, a ação monérgica, é, primeiramente excludente, pois afirma que 'ninguém pode'; secundariamente, é totalmente dependente da graça e da misericórdia de Deus, o Pai. Assim, Deus por sua Soberana vontade leva o pecador a Cristo que o atrai em Sua morte, matando a natureza pecaminosa do homem, e o ressuscitando juntamente com Ele. Entretanto, tudo isso, se apropria pela fé e não por fábulas, crendices e religiões humanas institucionalizadas.
Sola Scriptura!