domingo, dezembro 14

O NATAL NÃO É UM EVENTO CRISTÃO III

Is. 9:1-9 – “Mas a terra, que foi angustiada, não será entenebrecida. Ele envileceu, nos primeiros tempos, a terra de Zebulom, e a terra de Naftali, mas nos últimos a enobreceu junto ao caminho do mar, além do Jordão, a Galiléia dos gentios. O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz. Tu multiplicaste este povo, a alegria lhe aumentaste; todos se alegrarão perante ti, como se alegram na ceifa e como exultam quando se repartem os despojos. Porque tu quebraste o jugo que pesava sobre ele, a vara que lhe feria os ombros, e o cetro do seu opressor como no dia dos midianitas. Porque toda a armadura daqueles que pelejavam com ruído, e os vestidos que rolavam no sangue serão queimados, servirão de pasto ao fogo. Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da Paz. Do incremento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar em juízo e em justiça, desde agora para sempre; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto.” Aí está uma das mais contundentes promessas do nascimento de Jesus. O Cristo é originário justamente de uma região desprezada pelos líderes judeus, porque era rota comercial por onde passavam caravanas entre Oriente e Ocidente. A cultura da região não era muito ortodoxa devido ao comércio, costumes e a influência cultural dos ‘gentios’. Deus realmente age justamente onde menos se espera ou se acredita que Ele esteja. Por isso, Natanael perguntou: “poderá vir alguma coisa boa da Galiléia?” O homem parte sempre de muitos pressupostos, e, em muitos casos, de preconceitos por causa da carga cultural, emocional e dos condicionantes religiosos a que é submetido ao longo do tempo existencial.
Is. 7: 14 – “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel.” É exatamente o que Jesus foi enquanto homem: um Deus habitando em um corpo de carne, fazendo-se homem sujeito às mesmas fraquezas e paixões dos homens. Entretanto, não incorreu em nenhum pecado. Por isso, pôde e ainda pode derrotar a morte e o inferno. Ressurgiu ao terceiro dia dando plena segurança a todo aquele que crê e recebe esta verdade, sendo incluído na morte e na ressurreição d'Ele. Emanuel é Deus conosco, para, depois ser Deus em nós. Agora Jesus deseja fazer morada no nascido de novo e quer se manifestar a ele conforme Jo. 14:21 "
Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.
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Gl. 4:4“... na plenitude dos tempos Deus enviou seu Filho”. No original é ‘pléroma tou kronou...’, isto é, na compleição do tempo, indica sequência de tempo decorrido até atingir um ponto predeterminado com vistas a uma medida prevista e calculada. Isto realmente concorda com as gerações que Deus preparou até o advento do Messias, do Nabi, do Shiloh, do Emanuel, do Rabi. Em Mt. 1:17 percebe-se claramente o ‘kronós’ de Deus no processo da regeneração [gr. paligenesia] do homem perdido. Veja que foram exatamente 14 gerações de Abraão até Davi, 14 gerações de Davi até a deportação para Babilônia, 14 gerações de Babilônia até Cristo. Pode-se falar em Protesmia de Deus, isto é, aquele ponto ou período na história no qual seria inserido o nascimento de Cristo, um intervalo de tempo para que Deus descesse na pessoa de seu Filho para buscar o que se havia perdido. Deus mergulha na escuridão deste mundo para resgatar o homem. Lembre-se da parábola das 100 ovelhas? Pois é, o pastor deixa as noventa e nove que estão em segurança para resgatar apenas uma que caíra no penhasco.
Ef. 1:10 – “De tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra.” Novamente se tem no original a palavra ‘pléromatos tôn kairôn’ indicando que Deus realmente planejou e decidiu para que seu Filho viesse ao mundo como homem em um plano predeterminado. Então Natal significa um mergulho de Deus nas trevas inferiores do mundo manchado pelo pecado [gr. hamartiós = erro do alvo por incredulidade] no homem. Jesus se fez mergulhar quando deixou a glória celestial para enfrentar a rebelião, a incompreensão, a violência e ignorância dos homens por amor e por fidelidade a sua própria palavra conforme Fl. 2:5-9. Porque o ‘Cordeiro de Deus já estava imolado desde antes da fundação do mundo’. Há, só no livro de Gênesis, cerca de 50 referências à vinda do Messias. Portanto, a graça está presente ao longo de toda a Bíblia como também ao longo de toda a história da humanidade. Por esta razão é que a salvação sempre foi e sempre será por meio de Cristo. Jesus é o Senhor do tempo e da história no sentido ‘kronós’, mas também é Senhor do tempo e da vida dos que nasceram de Deus no sentido do ‘kairós’. O primeiro quadrante da História aponta para a promessa; desde o mergulho do Senhor na pessoa de Jesus, o Cristo, surge a história da redenção que se vai completando à medida que Deus prepara uma nova aliança melhor e definitiva. Quando fala de remissão de pecados significa ‘comprar alguém’ e, ao que se sabe, compravam-se à época, escravos. Natal é, portanto, insubmissão, insurreição, ingratidão na relação homem-Deus, todavia na relação Deus-homem é amor, compaixão, misericórdia que gera redenção.
I Tm. 2:5 – “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem...” O texto mostra que é só um Deus e não uma infinidade de santos ou mesmo Maria como mediadores. Só Cristo realmente reabilita o homem, fazendo o ‘religatio’ perfeito e definitivo. Não é a religiosidade, a justiça própria e os esforços éticos, a santidade, a retidão, o temor e outras coisas mais. Com isto não se postula que se deve viver atolado nos atos pecaminosos, mas se está reconhecendo, que, quem faz a obra da redenção, regeneração e salvação é Cristo e apenas Ele. Portanto, é graça e não mérito! A maior parte dos crentes vive uma religião meritória e retórica e não a vida de Cristo neles. É óbvio que ninguém reconhece isso conscientemente. É necessário ter o corpo do pecado desfeito na cruz para reconhecer a verdade. A verdade não é do homem, está no homem nascido de Deus.

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