domingo, fevereiro 17

A FALSA TEOLOGIA UNIVERSALISTA DO "TODOS" VIII

Na realidade a confiabilidade das Escrituras fica à mercê da desconfiança de homens decaídos, por isso, cai no descrédito dos incrédulos. Este é um paradoxo que, a despeito de ser real, é suportado por Deus em sua infinita sabedoria para que, por meio dele, possa o Senhor 'confundir a sabedoria dos sábios pela loucura da pregação' do evangelho. O verdadeiro evangelho não consiste em prolixidade, ilustrações e amenidades acerca de Deus, mas é o poder d'Ele mesmo para a salvação de todo o que crê conforme Rm. 1:16, I Co. 1:18, Jo. 12:46 e correlatos.
Obviamente, Deus elegeu pecadores antes da fundação do mundo Ef. 1:4 - "... como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo..." Ou desde a fundação do mundo Mt. 25:34 - "Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo." Ou ainda, antes dos tempos eternos Tt. 1:2 - "... na esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos eternos...", alegar paradoxo ou qualquer outro argumento contra as Escrituras não adianta, porque Ele faz valer a sua Palavra Jr. 1:12 - "... porque eu velo sobre a minha palavra para a cumprir."
Um desses exemplos de inserir palavras onde elas não cabem ou não existem no texto original se vê em Mc. 6:12 - "Então saíram e pregaram a que se arrependessem." Em algumas versões das Escrituras ainda aparece a palavra 'todos' no texto acima, mas ela não existe nele. O que está lá é que os apóstolos pregassem ao povo "para que, a fim de que, de modo que, de sorte que, etc" houvesse arrependimento. O vocábulo grego utilizado é 'ina', uma cláusula que introduz propósito, anelo, mandamento ou resultado. Não há nada de universal na declaração de Cristo! Isto porque só se arrependem os que foram preordenados ao arrependimento.
Como já foi mostrado no artigo de número IV, os diferentes usos da palavra 'todos' no texto grego neotestamentário, depende do contexto e do sentido a que se aplica tal vocábulo. Em Mt. 12:15 - "Acompanharam-no muitos; e ele curou a todos ..." O contexto mostra Jesus curando um homem de mãos atrofiadas. Porém, a Sua ação foi um tanto inusitada no sentido em que Ele estava na sinagoga dos judeus e a cura fora realizada no sábado. Todavia, Cristo curou o homem. Como os religiosos se sentissem muito raivosos pelas boas obras de Jesus, resolveu ele sair daquele lugar. Muitos indivíduos com enfermidades e doenças o acompanharam, Ele, porém, os curou a todos. Então a palavra 'todos' neste versículo é 'pantas' que, quer dizer "todos quantos o acompanharam e que possuíam males" e não todos os homens ou todos os que estavam com Cristo. É um 'todos' dentro de uma amostragem e não a totalidade das pessoas presentes.
Outro exemplo de uma categoria de 'todos' que não são todos os homens é o que está registrado em Mt. 5:15 - "... e alumia a todos os que se encontram na casa." O vocábulo utilizado no texto é 'pansin', isto é, "todos os que". Não são todos, como totalidade universal, mas apenas os 'todos' que se acham sob a influência ou abrangência da luz que se colocou no candeeiro. A palavra casa neste texto é 'oikia', indicando claramente que também o sentido de casa é restrito e não abrangente. É a família dos eleitos, isto é, que receberam a verdadeira luz que alumia a todo homem, a saber Cristo. Pode se referir ainda a casa celestial conforme Jo. 14:2 - "Na casa de meu Pai há muitas moradas..." e em II Co. 5: 1 e 2 - "Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. Pois neste tabernáculo nós gememos, desejando muito ser revestidos da nossa habitação que é do céu..." Sendo o sentido de casa figurado no texto de Mt. 5:15, pode-se aplicar apenas ao rebanho do Senhor Jesus na Terra; sendo sentido literal, aos que estão sob sua luz, em qualquer casa, ou em sua própria existência terrena e individual.
Outro caso em que 'todos' não se aplica a todos os homens é em Mc. 3:10 - "... porque tinha curado a muitos, de modo que todos quantos tinham algum mal arrojavam-se a ele para lhe tocarem..." A palavra 'todos' neste texto é novamente 'osoi', ou seja, "todos quantos" e não todos os doentes, enfermos, endemoninhados. Eram todos quantos tinham algum mal e que estavam ali e que se arrojavam para Ele.
Há textos mostrando que nem todos os enfermos e endemoninhados foram curados por Jesus, mas apenas afirmando que muitos foram curados conforme Mc. 1:34 - "... e ele curou muitos doentes atacados de diversas moléstias, e expulsou muitos demônios."
Não há, de fato, nenhuma parte das Escrituras a afirmação de que a expiação de Cristo foi para todos os homens, ou para toda humanidade, ou ainda, universal. Esta postulação é de cunho humanista, porque o homem não suporta tudo o que é soberano e absoluto como determinação de Deus. Também, na presunção e na soberba de que merece alguma coisa, por conta de obras de justiça, exige que Deus se curve aos seus interesses, quer sejam materiais, quer sejam espirituais. Entretanto, e em sentido oposto aos interesses apostatados do homem, a expiação de Cristo foi limitada aos eleitos. Sua justificação foi apenas aos que Ele quis escolher e aos que desejou que estivessem com Ele na eternidade. O "Oleiro Eterno" tem o direito de escolher, porque é soberano. A eleição não é da competência do pecador, mas do doador da misericórdia e da graça, do contrário, não seria eleição, mas sim uma barganha.
O homem em seu desvario em querer ser semelhante a Deus, requer para si os direitos do "Oleiro Eterno", à revelia da soberana vontade d'Ele e dos seus "Decretos Eternos". Ora, a eleição foi decidida antes dos tempos eternos, ou antes da fundação do mundo, ou ainda, desde a fundação do mundo, então, como pode o homem absolutamente depravado, decaído e destituído da glória de Deus supor que o Senhor Soberano se curve aos seus interesses?
Além do mais qual Deus Todo-Poderoso desejaria, ou teria vontade, ou decidiria salvar a todos os homens e não cumpriria a Sua vontade? Assim, como nem todos os homens são salvos, logo, esta não foi uma decisão de Deus, a saber, salvar todos os homens. Tivera Ele decidido assim, quem o poderia impedir? Como diz a Sua própria Palavra: "Agindo eu, quem impedirá?"
A arrogância do pecado é que faz o homem supor que pode controlar a mente de Deus. Além, obviamente, de confundir seus conceitos antropológicos, sociológicos e forenses com aquilo que é, de fato, a justiça de Deus. Nestas circunstâncias, os religiosos querem fazer de Deus uma espécie de "bom velhinho" que está a disposição do homem a fim de lhe satisfazer todos os desejos, caprichos e necessidades. A realidade ético-moral do mundo mostra que não é assim e, que, ele é soberano para fazer tudo o que quer, quando quer, onde quer e a quem quer. O pecado cria no homem a necessidade de humanizar Deus e deificar o homem.
Sola Scriptura!

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