Mt. 7: 7 a 12 - "Pedí, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhas pedirem? Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas."
No tocante à oração, enquanto diálogo entre criatura e Criador, há, aparentemente, algumas contradições. Pois, enquanto em um texto diz que não se deve usar de vãs repetições, porque Deus conhece todas as necessidades antes de os homens pedi-las, outro texto diz que se deve insistir até que Deus responda. Todavia, as Escrituras não se contradizem. Tais contradições são devidas a falta de alcance espiritual da maioria dos homens, visto que não têm o espírito vivificado em Cristo. Quanto a ordem para pedir é dada aos que pedem conforme a vontade de Deus, enquanto a crítica aos que pedem repetitivamente se deve àqueles que não conseguem crer, e, portanto, repetem seus pedidos para tentar forçar uma resposta.
A maioria dos religiosos não crê que Deus os ouve, e, portanto, não obtêm as respostas que buscam. E, quando a resposta é o silêncio por longo tempo ou um não, tais pessoas revelam sua real natureza, ou seja, incredulidade. Como consequência disto debocham e põem em dúvidas a existência, o amor e a bondade de Deus. A incredulidade é parte integrante da natureza humana e se torna evidente ou revelada, quando seus desejos não são sancionados por Deus.
Quando alguém se apresenta perante o trono de Deus em oração, ele a recebe, invariavelmente, por meio da advocacia de Cristo, ou como filho por adoção por meio de Cristo. Portanto, seja alguém reconciliado ou irreconciliado, será representado ou apresentado por meio de Cristo. Deus é Espírito e só se comunica com aqueles que tiveram seus espíritos reconciliados, isto é, cuja natureza pecaminosa foi aniquilada na inclusão na morte e na ressurreição com Cristo conforme Cl. 1: 21 a 23 - "A vós também, que outrora éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, a fim de perante ele vos apresentar santos, sem defeito e irrepreensíveis, se é que permaneceis na fé, fundados e firmes, não vos deixando apartar da esperança do evangelho que ouvistes, e que foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, fui constituído ministro." É por esta razão que as Escrituras afirmam em Jo. 4:24 - "Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade." Desta forma é necessário que o espírito morto para Deus seja vivificado em Cristo cf. Ef. 2:1; e a verdade que liberta verdadeiramente em Cristo seja inserida nos eleitos e regenerados cf. Jo. 8:36.
Assim como existe uma Graça abrangente a qual Deus dispensa sobre qualquer criatura, igualmente há uma oração universal, a qual qualquer homem pode fazer em circunstâncias adversas da vida. Entretanto, a oração dos justificados, a qual possui uma aproximação real com o trono de Deus conforme Tg. 5:16 - "Confessai, portanto, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados. A súplica de um justo pode muito na sua atuação." Este ato de confissão dos pecados, nada tem a ver com a prática do confessionário de uma determinada religião nominal. Esta confissão é o pedido de perdão quando os eleitos e regenerados estão em conflito ou em falta uns com os outros. É necessário, primeiramente, se reconciliarem entre si, pois, do contrário, suas orações não chegarão ao trono de Deus. Isto é ensinado em Mt.5:23 e 24 - "Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta."
O texto que abre esta instância autoriza de modo imperativo o eleito e regenerado a pedir, buscar e bater perante o trono de Deus. Porém, o maior problema do homem é imaginar que, por esta razão, poderá solicitar qualquer coisa, porque está prometido. A oração que Deus responde é aquela segundo a sua vontade e não segundo a vontade do homem conforme I Jo. 5:14 - "E esta é a confiança que temos nele, que se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve." Imagine que, caso Deus respondesse sem qualquer critério espiritual, provavelmente já não haveria ninguém vivo na Terra. Nas guerras se vê muito o representante da mesma religião abençoando as armas dos dois lados em conflito. Neste caso, as guerras teriam de dar sempre empate, não?
Por fim, a razão maior pela qual as orações não são respondidas de acordo com o desejo do suplicante é que estas contêm desejos apenas pessoais e egoístas conforme Tg. 4: 1 a 3 - "Donde vêm as guerras e contendas entre vós? Porventura não vêm disto, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais e nada tendes; logo matais. Invejais, e não podeis alcançar; logo combateis e fazeis guerras. Nada tendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites." Deus dispensa o seu favor para alimentar o homem decaído e contaminado pela natureza pecaminosa. Seria absolutamente contraditório com a sua santidade e justiça.
A primeira regra para que a oração seja respondida de acordo com a vontade de Deus está no versículo final do texto de abertura: "Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas."
Jesus, o Cristo é o advogado que representa os eleitos e regenerados em suas necessidades conforme Hb. 4:16 - "Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno." Vê-se que o socorro é no momento oportuno, não segundo a perspectiva de oportunidade do homem, mas da graça e da misericórdia de Deus.
Sola Sciptura!