dezembro 11, 2015

A FÉ É O FIRME FUNDAMENTO E A CERTEZA NO INVISÍVEL I

Hb. 11:1 - "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem."
Fé em língua portuguesa é uma palavra minúscula, mas a sua aplicação real é gigantesca quando alguém é por ela possuído. Muitos receberam apenas informações sobre a fé, portanto, acreditam que são possuidores dela. Isto implica em uma espécie de "ter fé na fé" e não no ser o objeto da fé. Todavia, a fé é um dom e não uma virtude humana como presume, erroneamente, grande parte da cristandade nominal. Reputam-na como uma virtude teologal e não como ensinam as Escrituras.
O texto bíblico foi escrito, predominantemente, em hebraico, no caso do Velho Testamento, e em grego koinê, no caso do Novo Testamento. Em hebraico a palavra fé provém do termo 'אֵמוּן' que se pronuncia 'emun'. O sentido dado pelos profetas e sacerdotes a esta palavra é 'fiel', como por exemplo, em II Sm. 20:19 - "Eu sou uma das pacíficas e das fiéis em Israel..." Ou 'fidelidade', como em Dt. 32:20 - "... e disse: esconderei deles o meu rosto, verei qual será o seu fim, porque geração perversa são eles, filhos em quem não há fidelidade.
Enquanto substantivo feminino, a palavra fé em hebraico veterotestamentário é 'אמונה' transliterada como 'emunah' e aparece apenas cinco vezes. Nesta função gramatical possui o mesmo sentido que no grego neotestamentário, a saber, é a firme convicção, a plena confiança e obediência à Palavra de Deus. Especificamente em hebraico a fé significa confirmar o que está dito nas Escrituras. É o mesmo que crer incondicionalmente na Palavra de Deus e se manter firme e dependente dela. O primeiro e decisivo passo para ser possuído pela fé genuína é crer que as Escrituras são a Palavra de Deus.
Em grego, a palavra fé é grafada como 'πιστις' cuja transliteração é 'pistis'. Tal vocábulo pode ter diversos sentidos, dependendo do contexto em que aparece e das flexões que sofre em função das declinações e dos termos que o antecede. Pode significar o dom de Deus aos seus eleitos e regenerados conforme a essência do ensino bíblico. Também pode significar um sistema de crença religiosa, ou uma religião. No grego koinê, no qual o Novo Testamento foi escrito, também aparece a variante 'pisten', no sentido de fidelidade, um adjetivo, e não da fé como um substantivo e dom de Deus. Neste caso, trata-se de uma atitude humana e não do dom da fé em si. Uma pessoa pode ter fidelidade a algum dogma religioso sem ser fiel a Deus, necessariamente. Um ateu pode ser absolutamente fiel ao seu ateísmo, e isto não o afasta ou o aproxima de Deus. Um religioso pode ser totalmente fiel à sua religião e estar muito distante da verdade. Esta é a fé como fidelidade a um sistema de crença e não como o dom de Deus.
No contexto social fé pode ter diversos sentidos, tais como: 'fé pública' que se refere a um documento autenticado e selado por autoridade competente como sendo autêntico e válido perante a lei. 'Má-fé' designa uma pessoa, grupo ou instituição que age de modo a suplantar os direitos de outrem. 'Boa-fé', por sua vez, indica uma pessoa, grupo ou instituição que age dentro dos princípios morais de boa conduta e fidelidade. 'Boto fé', como expressão popular, no sentido de alguém apoiar as atitudes e atos de outras pessoas.
O texto que abre este estudo é bastante enigmático pelo teor da sua significação, visto que coloca o homem diante de algo que ainda não chegou e repousado sobre algo que não se pode ver. Portanto, a fé autêntica é crer naquilo ou em alguém que não é visível e palpável. É crer para ver e não ver para crer conforme o costume dominante nas mentes humanas decaídas. Ora, crer no que se pode provar e ver é ciência experimental e não fé verdadeira. 
A fé é algo particular e intransferível conforme Rm. 14:22 - "A fé que tens, guarda-a contigo mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova." O que o apóstolo Paulo está ensinando pela inspiração do Espírito Santo é que a fé é dada a cada um e apenas o possuído por ela tem consciência da fé que o possui. Também o ensino é que, pela fé pessoal, o homem é responsável pelos atos que assume por meio dela, a saber tudo o que é assumido por dúvida e não por fé é pecado condenável. As Escrituras não ensinam fé irresponsável e inconsequente como se vê nos dias de hoje. Pregadores induzindo pessoas carentes e necessitadas a assumir atitudes absolutamente inconsequentes, trazendo graves consequências morais, legais e emocionais às suas vidas. 
Muitos têm cometido graves pecados contra si e contra outros em nome de uma fé puramente dogmática e humana. Aprovam, em nome de uma fé presumida, coisas que são naturalmente contra a verdade e contra os homens. Esta não é a verdadeira e genuína fé dada aos santos e justificados.
Sola Fide!

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