novembro 14, 2015

A SOBERANIA DE DEUS

Rm. 9: 6 a 18 - "Não que a palavra de Deus haja falhado. Porque nem todos os que são de Israel são israelitas; nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus; mas os filhos da promessa são contados como descendência. Porque a palavra da promessa é esta: por este tempo virei, e Sara terá um filho. E não somente isso, mas também a Rebeca, que havia concebido de um, de Isaque, nosso pai (pois não tendo os gêmeos ainda nascido, nem tendo praticado bem ou mal, para que o propósito de Deus segundo a eleição permanecesse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), foi-lhe dito: o maior servirá o menor. Como está escrito: amei a Jacó, e odiei a Esaú. Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum. Porque diz a Moisés: terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que usa de misericórdia. Pois diz a Escritura a Faraó: para isto mesmo te levantei: para em ti mostrar o meu poder, e para que seja anunciado o meu nome em toda a terra. Portanto, tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece."
Soberania é um substantivo feminino que provém originalmente do latim 'super omnia' e significa 'acima de tudo' ou 'poder supremo.' Soberania implica, obrigatoriamente, em uma natureza de poder acima de qualquer outro poder. É um poder superior derivado de autoridade plena. Por esta razão é atribuído apenas a Deus, porque moralmente nenhum outro ser possui competência para ter poder maior que o d'Ele. Isto é revelado por Deus mesmo em Hb. 6:13 - "Porque, quando Deus fez a promessa a Abraão, visto que não tinha outro maior por quem jurar, jurou por si mesmo..."
O homem em seu estado decaído e absolutamente depravado perante Deus recebe como soberania apenas aquilo que lhe é interessante. Neste sentido, relativiza a soberania, tornando-a vazia de significado e sentido. A tendência natural do homem portador da natureza pecaminosa é atribuir a Deus apenas soberania naquilo que lhe convém. Quando colocado sob prova, o homem atribui à sua miséria e ao seu infortúnio à maldade dos outros homens, à ação do Diabo, às intempéries da natureza, à falta de sorte. Jó percebeu, no auge da sua provação que, tanto o bem, como o mal que acontece ao homem estão debaixo da soberania de Deus conforme Jó. 2: 10 - "Mas ele lhe disse: como fala qualquer doida, assim falas tu; receberemos de Deus o bem, e não receberemos o mal? Em tudo isso não pecou Jó com os seus lábios."
Cena recorrente em igrejas espetaculosas e fora da verdade das Escrituras é atribuir todo e qualquer mal ao Diabo e todo o bem a Deus. Criam uma dicotomia dogmática sem examinar a realidade da natureza humana decaída, produzindo teologia sobre o vácuo. A experiência de Jacó no vau do Jaboque demonstra que, por vezes, Deus aperta o homem para que este se veja tal como é. Jacó lutou com o Anjo do Senhor toda a noite, até que, exausto, confessou quem, de fato, era, a saber, um suplantador. Desta forma, Jacó foi liberado pelo mensageiro que lhe deu uma marca de fragilidade, ferindo-lhe o nervo ciático e mudando-lhe o nome para Israel. É isto mesmo que a soberania de Deus opera no homem: reconhecimento do próprio estado pecaminoso e conhecimento do poder d'Ele para redimi-lo desta condição. Isto é muito lógico, pois se alguém almeja ser perdoado, como pode não confessar que é culpado?
Assim que a mídia noticiou os ataques de 13 de novembro de 2015 em Paris, pelo Estado Islâmico, começaram surgir inumeráveis posts no 'facebook' pedindo orações e rezas pela França e por Paris. Ora, o que adiantaria orar por algo que Deus tinha pleno conhecimento antecipado e permitiu que ocorresse? É ele mesmo quem afirma ter conhecimento dos fatos antes que os mesmos ocorram conforme Is. 46: 9 e 10 - "Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro; eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho subsistirá, e farei toda a minha vontade." A este atributo divino dá-se o nome de Onisciência, a saber, Deus sabe todas as coisas antes mesmo que elas aconteçam. Daí o néscio diz: "se sabe, porque não interferiu?" Exatamente, porque é Deus quem preordenou todas as coisas, boas e ruins. Tudo possui um propósito na mente de Deus. Além do que, os conceitos de bom e ruim é puramente relativizado na experiência humana.
O texto que abre esta instância demonstra com clareza meridiana a natureza da soberania de Deus. O Espírito Santo mostra, por instrumentação do apóstolo Paulo, que nem todos os homens são filhos de Deus. Não é o 'status quo' do nascimento de alguém que lhe garante filiação a Deus. Ele mostra que, nem todos os filhos de Abraão são israelitas ou filhos da promessa. São os filhos de Isaque que são contados como filhos da promessa, porque tal fato está fundamentado na soberania de Deus. Não foi Abraão o prometido, mas Isaque, portanto a promessa do advento do Salvador ocorre pela promessa de um filho que seria o cabeça de uma nação - Israel - por meio da qual viria o Redentor. Abraão era já de noventa anos e Sara com mais de sessenta anos. Portanto, do ponto de vista biológico seria muito difícil aos dois ter um filho. Entretanto, Isaque nasceu por causa da promessa e não por força das condições biológicas favoráveis. Desta forma, a descendência de Abraão em Isque se deu pela fé e não pelas circunstâncias. Foi a soberana vontade de Deus que determinou o nascimento de Isaque. Isaque é o tipo das coisas que aos homens são impossíveis, mas a Deus são perfeitamente possíveis. Tal ensino mostra que é pela fé que alguém é feito filho de Deus e não por outros mecanismos.
O texto paulino mostra ainda que a questão da eleição e predestinação não é uma decisão com base no que o homem faz ou deixa de fazer, mas na soberania de Deus. Falando de Jacó e Esaú é dito que eles sequer haviam nascido, ou mesmo praticado o bem ou o mal para que Deus determinasse que Jacó seria o escolhido. É dito ainda que, Deus amou a Jacó e odiou a Esaú. Neste ponto os advogados de Deus partem para a sua defesa dizendo que isto é um absurdo e que Deus ama a todos de igual modo. Todavia, o texto diz claramente que ele amou a Jacó e odiou a Esaú. Alguns tradutores tentam suavizar trocando o termo 'odiou' por 'amou menos' ou 'aborreci'. Todavia o texto grego koinê original diz literalmente que Deus odiou a Esaú. Ora, porque o Deus único e soberano não pode fazer o que quer? Só para satisfazer os melindres de homens dissolutos e decaídos? Jacó em nada era melhor que Esaú, até porque, ambos sequer haviam nascido ou praticado qualquer bem ou mal, quando Deus afirmou sua escolha. Trata-se, portanto, de uma livre e soberana escolha de Deus. A escolha é anterior a qualquer ato de ambos, provando que Deus decide pela soberana vontade e não por aquilo que o homem faz ou deixa de fazer. Não são os atos de justiça própria que leva a Deus a escolher alguém para a vida eterna, mas que tal escolha foi feita antes da fundação do mundo conforme Ef. 1: 3 a 6 - "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para o louvor da glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado."
No caso do Faraó que governava o Egito por ocasião da libertação do povo de Israel, Deus fez a mesma coisa. Mostra o texto que Deus mesmo levantou aquele faraó para mostrar a sua soberania sobre os povos e nações. Portanto, Deus demonstra misericórdia a quem quer e endurece o coração de quem quer. Caso alguém julgue isso injusto, peça uma audiência com o Altíssimo e o questione, se é que podes! 
Sola Scriptura!

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