Jo. 10: 1 a 5 e 14 e 15 - "Em verdade, em verdade vos digo: quem não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador. Mas o que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre; e as ovelhas ouvem a sua voz; e ele chama pelo nome as suas ovelhas, e as conduz para fora. Depois de conduzir para fora todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz; mas de modo algum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas."
Jesus, o Cristo lançou mão de recursos muito simples para comunicar o ensino da verdade. A linguagem figurada é um recursos universal e fácil de ser entendido. Em um determinado contexto ele se declarou ser a porta estreita pela qual os pecadores eleitos entrariam após terem sido chamados. Em todo o ensino de Cristo há sempre o estabelecimento de posição, relação e reciprocidade. Obviamente, Cristo não é uma porta em sentido literal, mas aquilo que ela representa. A figura da porta estabelece a relação de passagem do reino das trevas para o da luz. A porta indica o acesso à verdade espiritual e à eternidade.
Um forte exemplo de posição, relação e recíproca se acha em Jo. 17: 20 e 21 - "E rogo não somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste." O contexto é aquele em que Jesus, o Cristo está orando pelas suas ovelhas, visto que se aproxima o seu sacrifício na cruz. Vê-se que a obra de Cristo não é estática no tempo e no espaço. Todo processo de redenção do pecador sempre foi, é e será por meio da inclusão deste na morte e na ressurreição de Cristo. Tal inclusão sempre se dá pela fé que ele é, de fato, o redentor único, eficiente e eficaz para aniquilação do pecado. Também fica evidente que a redenção é por crer na palavra de Deus e não por religião exterior. Finalmente se vê com clareza que o objetivo é a unificação dos eleitos e regenerados com Cristo e com o Pai. O mundo apenas irá crer que realmente Jesus é o redentor divino quando for manifesta a unidade espiritual entre Deus, Cristo e a Igreja.
No texto que abre esta instância se veem diversas metáforas: a porta, o aprisco, o ladrão e salteador, o pastor, as ovelhas. A porta é Jesus, o Cristo crucificado para aniquilação da natureza pecaminosa dos eleitos. Enquanto ele se identifica como a porta das ovelhas, Jesus se põe na posição do único meio de acesso a Deus. Após a cruz e a ressurreição, Jesus se torna o "Bom Pastor" que conduz e cuida dos eleitos e regenerados, tratando-os e curando-os dos seus atos pecaminosos. O aprisco ou redil é um curral que abriga as ovelhas onde são tratadas. O aprisco representa a Igreja onde os eleitos e regenerados são tratados de seus males almáticos até o retorno do Grande Rei. Aquele que pula a cerca e invade o aprisco é o ladrão e salteador. Esta metáfora se aplica a Satanás e aos seus falsos mestres que rejeitam a única solução para o pecado, a inclusão do pecador na morte de Cristo. A principal indicação de um ladrão e salteador é que ele não tem autoridade e autorização para entrar no redil pela porta. Ele é um estranho cujo interesse é apenas tosquiar emocionalmente e extorquir financeiramente as almas dos que não conhecem a verdade. O porteiro é o mensageiro humano que instrui o rebanho após a ascensão do "Sumo Pastor" conforme I Pd. 5: 2 a 4 - "Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores sobre os que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando se manifestar o sumo Pastor, recebereis a imarcescível coroa da glória." O verdadeiro mensageiro abre a porta do redil, ou seja, dá entendimento da verdade por meio do anúncio das Escrituras. É este o sentido de Mt. 16:19 - "...dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na Terra será ligado nos céus, e o que desligares na Terra será desligado nos céus." É a Igreja verdadeira ensinada pela pregação das Escrituras por um pastor segundo o coração de Deus. O que ela comunicar ao mundo é a verdade que liga os pecadores eleitos a Deus. O que ela não anunciar aos pecadores que não conhecem o "Sumo Pastor" os desligará eternamente de Deus.
A principal característica do "Bom Pastor" e das "suas ovelhas" é que eles mantêm uma relação de conhecimento recíproco. O "bom pastor" conhece as suas ovelhas e é conhecido por elas. Ele as conhece pelo nome, indicando intimidade e as conduz para fora do aprisco confirmando o texto de Nm. 27:16 a 18 - "Que o senhor, Deus dos espíritos de toda a carne, ponha um homem sobre a congregação, o qual saia diante deles e entre diante deles, e os faça sair e os faça entrar; para que a congregação do Senhor não seja como ovelhas que não têm pastor. Então disse o Senhor a Moisés: toma a Josué, filho de Num, homem em quem há o Espírito, e impõe-lhe a mão." Neste texto Josué é um tipo de Jesus, o Cristo na condução do povo de Israel à Canaã.
O sentido de "depois de conduzir para fora todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem..." é Jesus, o Cristo, saindo de Jerusalém com a cruz e indo até o Gólgota para atrair os pecadores eleitos, a saber, as suas ovelhas. O "Sumo Pastor" conduz as ovelhas, as conhece pelo nome e as atrai a si mesmo. As ovelhas verdadeiras ouvem a voz do "bom pastor" e o seguem porque conhecem a sua voz e confiam nele. Elas não suportam outro pastor, porque não o conhece, não compreendem a sua mensagem e fogem dele. Os eleitos e regenerados identificam uma falsa pregação e um falso mestre nas primeiras palavras ditas por este. O ladrão e salteador é facilmente reconhecido pelas ovelhas do "Sumo Pastor."
O falso pastor, que é ladrão e salteador, e as suas falsas ovelhas se caracterizam apenas por ter uma posição religiosa. Não têm relação e reciprocidade, porque são conduzidas por um processo artificial e em arrepio à verdade das Escrituras. Conhecem apenas religião exterior e experiências almáticas, as quais confundem com espiritualidade. Permanecem sedentas, pobres e perdidas como ovelhas que não têm pastor. Neste sentido se cumpre o que está em Os. 4:6 - "O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porquanto rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos." Conhecimento em termos bíblicos nada tem a ver com intelectualidade ou ciência, mas sim, com conhecer a pessoa de Cristo. É neste sentido que ocorre a recíproca: Cristo conhece as suas ovelhas e por elas é conhecido.
Solo Christus!
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