Rm. 5: 14 a 21 - "No entanto a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão o qual é figura daquele que havia de vir. Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, abundou para com muitos. Também não é assim o dom como a ofensa, que veio por um só que pecou; porque o juízo veio, na verdade, de uma só ofensa para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. Porque, se pela ofensa de um só, a morte veio a reinar por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. Portanto, assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação e vida. Porque, assim como pela desobediência de um só homem muitos foram constituídos pecadores, assim também pela obediência de um muitos serão constituídos justos. Sobreveio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; para que, assim como o pecado veio a reinar na morte, assim também viesse a reinar a graça pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor."
Há diversas expressões utilizadas pelos expositores as quais não constam das Escrituras. Isto não as invalidam doutrinariamente. Tais expressões surgem da necessidade de expor o inteiro teor da revelação de modo mais claro ao entendimento obscurecido do homem. A expressão 'Cabeça Federal de Raça', hoje em desuso, já foi bastante utilizada na exposição de uma importante doutrina bíblica, a justificação do pecador. Tal expressão é parte do processo de abordagem do texto sagrado a fim de demonstrar o princípio escriturístico da representação ou tipificação. Antes da manifestação visível de Cristo, as referências a ele se davam por tipos e símbolos. A expressão, 'Cabeça Federal de Raça', não está verbalmente no texto das Escrituras, entretanto, é perfeitamente perceptível em diversos contextos delas.
Os 'Cabeças Federais de Raças' foram apenas dois - Adão e Cristo - precisamente, porque com eles foram estabelecidas alianças da parte de Deus, o Pai. Enquanto Adão detinha o primado natural da humanidade, Cristo detém o primado espiritual. Portanto, ambos representam um grupo de pessoas aos olhos de Deus. O apóstolo Paulo faz referência doutrinária a ambos em I Co. 15: 45 a 49 - "Assim também está escrito: o primeiro homem, Adão, tornou-se alma vivente; o último Adão, espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o animal; depois o espiritual. O primeiro homem, sendo da Terra, é terreno; o segundo homem é do céu. Qual o terreno, tais também os terrenos; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, traremos também a imagem do celestial." Vê-se que há o primeiro Adão e o último Adão. O texto não fala em primeiro e segundo Adão, porque em Cristo a raça adâmica foi terminada. Isto implica em que a natureza pecaminosa transmitida pelo primeiro Adão é aniquilada no último Adão, a saber, em Cristo. O primeiro Adão era apenas alma vivente, pois o seu espírito se tornou morto para Deus por causa do pecado que o corrompeu. O último Adão é espírito vivificante, porque reconcilia os eleitos e regenerados à comunhão com Deus. Seus espíritos são novamente vivificados na ressurreição com Cristo, por isto o último Adão é espírito vivificante. O primeiro Adão era animal, ou seja, portador de autonomia apenas almática, porque a palavra animal provém do latim 'anima' que quer dizer alma. O último Adão, Jesus, o Cristo, estava em plena comunhão com o Pai, portanto, o seu espírito estava no controle e não a sua alma, logo, é espiritual e não animal. O primeiro homem era apenas subproduto da Terra, enquanto o segundo homem foi produto da obra divina, porque Jesus foi resultante de uma geração sobrenatural e não natural.
Ainda é revelado no texto de Romanos 5 que, todos os descendentes do primeiro 'Cabeça Federal de Raça' são iguais a ele, enquanto os que foram gerados de novo em Cristo, o outro 'Cabeça Federal de Raça' serão semelhantes a ele na restauração final.
Cristo veio para aniquilar o pecado dos eleitos e predestinados, sendo este chamado de velha natureza adâmica e pecaminosa. Ele os libertou da culpa do pecado, igualmente os está libertando da influência do pecado e os libertará da presença do pecado na restauração final.
O texto de abertura demonstra com profunda luz que os descendentes do primeiro 'Cabeça Federal de Raça' herdaram dele a natureza pecaminosa. Alguém poderia interpelar: 'mas se apenas Adão pecou antes de gerar descendentes, porque todos os descendentes receberam a culpa'? Exatamente porque ele representava toda a humanidade. Todos os homens estavam em Adão antes dele pecar, e depois do pecado, todos continuaram nele. Mais uma vez o apóstolo Paulo doutrina acerca disto com clareza meridiana em Rm. 5:12 - "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram." O primeiro Adão não só transmitiu ao DNA de todos os seus descendentes o pecado, mas também transmitiu a morte. A morte nos termos que vem de ser tratada no texto significa, não apenas o processo de degenerescência física, mas também a separação eterna de Deus.
Finalmente vê-se no texto de abertura que, da mesma forma como o primeiro Adão foi o transmissor do pecado e da morte a muitos, o último Adão foi o responsável pela justificação e redenção de muitos. Em nenhum contexto a bíblia fala em salvação de todos os homens. O que é ensinado é que há salvação para homens de todas as tribos, raças e nações. Este é o real sentido do termo 'todos' nas Escrituras relativamente à salvação.
Sola Scriptura!
2 comentários:
O juízo e a condenação advieram de apenas um único ato de injustiça; enquanto a graça e a justificação, de muitos. Isso só aponta para a grandeza de um Deus misericordioso e a insignificância de uma humanidade perversa. Portanto, soli Deo gloria!
Sim, exatamente. Por isso, Paulo usa a expressão "muito mais agora..." e a outra: "...onde abundou o pecado, superabundou a graça." A graça é em tudo maior que o pecado e a injustiça.
Sola Gratia!
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