Sl. 51: 4 a 7 - "Contra ti, contra ti somente, pequei, e fiz o que é mau diante dos teus olhos; de sorte que és justificado em falares, e inculpável em julgares. Eis que eu nasci em iniquidade, e em pecado me concedeu minha mãe. Eis que desejas que a verdade esteja no íntimo; faze-me, pois, conhecer a sabedoria no secreto da minha alma. Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve."
A doutrina bíblica acerca do pecado é denominada de Hamartiologia. Por sua vez este termo provém do grego koinê 'hamartia', que, em última análise significa errar o alvo. O alvo é a fé no que Deus diz, a saber, em sua palavra. Isto demonstra que o pecado é uma questão de incredulidade, e, consequentemente, de natureza inclinada para o erro. Por isto, o apóstolo Paulo afirma que a iniquidade é pecado. Visto que iniquidade é a falta de equilíbrio ou de equidade, logo, ela inclina o homem aos atos pecaminosos, ou seja, atos falhos, erros morais, fraquezas e tudo o que é mau. O pecado como definido neste estudo é anterior ao homem. Ele foi cometido por um dos anjos mais importantes e que assistia diretamente na presença de Deus. Tal anjo, cujo nome não se sabe era da ordem dos querubins. Acerca dele é dito em Ez. 28:15 - "Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniquidade." Então, o querubim cobridor era perfeito, pois Deus não cria nada imperfeito. Entretanto, em um determinado dia foi achada a iniquidade nele. Como já foi dito, iniquidade se resume em um tipo de desequilíbrio espiritual contrário ao que é reto, puro, santo e justo. Ora, os anjos foram feitos por Deus com a capacidade de fazer escolhas livres. Portanto, o querubim que se tornou Satanás escolheu não crer no supremo propósito de Deus conforme fora preordenado antes dos tempos eternos. Ele decidiu fundar um reino para si mesmo e se tornar um "deus" também. Isto está registrado nas seguintes palavras de Is. 14: 13 e 14 - "E tu dizias no teu coração: eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte; subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo." O desejo de ser "deus" e fundar um reino para si foi a consequência de não crer no que Deus havia preordenado para o mundo.
Acontece que o projeto original de Deus é que o seu filho Unigênito, o Cristo, seja o herdeiro e senhor de todas as coisas. Tal projeto estabelecia que Cristo viria no tempo predeterminado para resgatar os pecadores eleitos e restaurar a ordem no universo. O anjo querubim desejou tomar este lugar para si e agiu neste sentido, levando a terça parte dos anjos com ele. Foram expulso da presença de Deus e lançados para o espaço sideral, especialmente para a Terra. Logo, depois Deus resolveu criar o homem para povoar a Terra e honrá-lo. Porém, Satanás veio para induzi-lo ao mesmo pecado que cometera antes da queda de Adão e Eva.
No salmo 51, que abre este estudo, o rei Davi faz uma profunda reflexão sobre sua condição de portador da natureza pecaminosa. Ele confessa o seu estado pecaminoso contra Deus desde a sua geração. Demonstra que o pecado, enquanto natureza de incredulidade é contra Deus somente. De fato, todos os atos pecaminosos que atingem a humanidade e a própria criação são consequências da natureza pecaminosa no homem. Jesus, o Cristo define claramente que o pecado é a incredulidade em Jo. 16:9 - "... do pecado, porque não creem em mim." Então, o pecado é não crer na Palavra de Deus, visto que ela previa a vinda de Cristo ao mundo antes da fundação do próprio mundo. Realmente foi o que aconteceu no Éden com Adão, pois Deus afirmara que "... no dia em que dele comeres certamente morrerás." O Diabo, no entanto, disse: "... é certo que não morrereis." O home deu crédito à palavra de Satanás, porque esta lhe pareceu mais atraente e mais lógica. Ainda hoje ocorre o mesmo, os homens são traídos por suas naturezas decaídas e absolutamente depravadas. Seguem sempre o caminho mais lógico, mais agradável, mais plausível e mais atraente. É uma questão de natureza e não apenas de atos e atitudes.
Davi, não só confessou a sua natureza pecaminosa por herança adâmica, mas também que o seu pecado era, tão somente, contra Deus. Também confessou o direito legítimo de Deus em falar e em julgar o pecado. Davi suplicou pela purificação definitiva da sua natureza pecaminosa. Tais confissões indicam o início do processo de regeneração do pecador, sendo este, apenas por iniciativa da graça de Deus. O reconhecimento de que é pecador evidencia que o homem é eleito, pois a inclinação decaída é sempre contrária à tal reconhecimento. O reconhecimento não se refere apenas aos atos falhos, fraquezas ou defeitos, pois mesmo não praticando muitos destes desvios, não anula o fato que possui a natureza pecaminosa para praticá-lo. O homem é pecador porque possui a natureza pecaminosa e não apenas porque comete atos pecaminosos.
Sola Gratia!
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