Jo. 3: 14 a 16 - "Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. "
O pecado é a incredulidade no que Deus afirma em sua Palavra. Isto é confirmado pelos acontecimentos ainda no Éden, quando o homem deu crédito ao que o Diabo disse, incorporado na serpente, e não ao que Deus dissera primeiro. Para muitos esta é apenas uma lenda. Para outros é um mecanismo de controle por meio de crenças. Entretanto, aos que creem é a Palavra de Deus registrada por homens e para os homens, porém inspirada por Ele. Ao primeiro Adão fora dito: "... de toda árvore do jardim podes comer livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás." Satanás, por instrumentação material da serpente, lhe mostrou uma segunda opção: "disse a serpente à mulher: certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal." A árvore cujo fruto foi restringido ao homem era a do conhecimento do bem e do mal. Isto implica em que, pelo acesso a este fruto, o homem obteria autonomia, dispensando a dependência de Deus. Tal autonomia conferiria ao homem o conhecimento do certo e do errado, do bem e do mal, do bom e do ruim. Isto o dotaria de uma capacidade de agir e julgar, porém por conta própria sem a comunhão com Deus. Satanás apresentou aos ancestrais da humanidade uma outra proposta, pela qual os homens se assemelhariam a Deus, tendo plena liberdade de conhecimento, discernimento e poder de escolha livre. Entretanto, Satanás não informou aos ancestrais, as consequências desta proposta, a saber, a morte em todos os seus sentidos. Ao comparar as duas falas, não há dúvidas que a proposta do Diabo é mais atraente: desmente e desautoriza Deus, afirmando que não haveria morte; desqualifica a palavra de Deus, colocando-o como egoísta e mentiroso, porque estaria ocultando ao homem determinadas vantagens. O homem caiu neste engodo e desacreditou da sentença afirmativa de Deus: "... certamente morrerás." Acontece que o supremo propósito de Deus era levar o homem, não apenas a ser a imagem, mas também a semelhança de Cristo por meio da árvore da vida. Este propósito não se alterou com o pecado, pois a redenção já havia sido preordenada antes dos tempos eternos. A queda do homem não foi surpresa e a provisão para a sua redenção sempre esteve providenciada. Ela se cumpriu nos eventos concretos e históricos de Jesus, o Cristo crucificado. Ele expiou a culpa do pecado e redimiu os eleitos em sua morte e ressurreição.
Gn. 3:15 - "Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e o seu descendente; este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar." Verifica-se neste texto uma estrutura gramatical muito significativa, pois, "entre ti e a mulher" indica uma inimizade entre Satanás personificado na serpente e a Igreja personificada na mulher. Ainda a expressão: "... e entre a tua descendência e o seu descendente" indica, respectivamente, a humanidade maculada pela natureza pecaminosa e Cristo nascido de mulher para redimir os pecadores. Finalmente as expressões: "...este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" demonstra o Diabo sendo derrotado na execução da justiça de Deus contra o pecado na cruz. Esta foi a segunda profecia sobre a redenção de pecadores pela morte substitutiva e inclusiva em Cristo.
Desta forma todos os descendentes de Adão, o cabeça federal da raça, traz o veneno da serpente em seu DNA. Isto é confirmado pelo apóstolo Paulo em Rm. 5:12 - "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram." O pecado não é uma questão de escolha ou de mau comportamento moral, mas de herança da natureza pecaminosa. Os atos pecaminosos são consequências desta natureza e não a sua causa. De maneira que o pecado é não crer na Palavra de Deus. Isto é confirmado por Cristo em Jo. 16:9 - "... do pecado porque não creem em mim." Não crer em Cristo não é apenas negar a sua existência. É antes negar as Escrituras que o previram como o Unigênito Filho de Deus que viria para redimir os pecadores. É não crer que ele mesmo é Deus, juntamente com o Pai e o Espírito Santo. É incredulidade na Palavra de Deus.
Nm. 21: 4 a 9 - "Então partiram do monte Hor, pelo caminho que vai ao Mar Vermelho, para rodearem a terra de Edom; e a alma do povo impacientou-se por causa do caminho. E o povo falou contra Deus e contra Moisés: por que nos fizestes subir do Egito, para morrermos no deserto? pois aqui não há pão e não há água: e a nossa alma tem fastio deste miserável pão. Então o Senhor mandou entre o povo serpentes abrasadoras, que o mordiam; e morreu muita gente em Israel. Pelo que o povo veio a Moisés, e disse: pecamos, porquanto temos falado contra o Senhor e contra ti; ora ao Senhor para que tire de nós estas serpentes. Moisés, pois, orou pelo povo. Então disse o Senhor a Moisés: faze uma serpente de bronze, e põe-na sobre uma haste; e será que todo mordido que olhar para ela viverá. Fez, pois, Moisés uma serpente de bronze, e pô-la sobre uma haste; e sucedia que, tendo uma serpente mordido a alguém, quando esse olhava para a serpente de bronze, vivia." Como foi dito, o pecado é uma condição herdada e inata ao homem após a queda. Portanto, todo homem é uma serpente portadora da peçonha do pecado, mesmo quando não manifesta qualquer erro moral. A redenção do pecador é um ato monergístico, ou seja, operado e operacionalizado apenas por Deus em Cristo. O pecado do povo hebreu na travessia do Egito para Canaã foi incredulidade na promessa que seriam levados à terra prometida. Toda vez que a situação se tornava difícil ou desfavorável, o povo murmurava contra Deus. Por esta razão suas naturezas pecaminosas de serpente se externavam em atos e atitudes de pecados. O tratamento de Deus em relação à natureza pecaminosa é sempre por homeopatia, ou seja, administrar uma dose de remédio que desperta no homem a consciência do seu próprio pecado. É necessário ao homem reconhecer-se pecador e confessar-se pecador. É necessário conhecer e saber o que é o pecado e não apenas declarar seus atos pecaminosos. A simples declaração de seus erros, não cura a natureza pecaminosa. Passada a dificuldade, a natureza pecaminosa produz mais atos pecaminosos. Jesus, o Cristo, demonstra isto a Nicodemos em Jo. 3:6 - "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito." As consequências são o que a causa é, ou seja, a natureza pecaminosa determina os atos pecaminosos.
Após as murmurações dos hebreus diante das dificuldades, Deus enviou-lhes serpentes abrasadoras do deserto que lhes feriam. Morreram milhares de pessoas pelo veneno das serpentes. Isto demonstra que o pecado gera a morte e o único remédio é o homem olhar para si mesmo como uma serpente portadora do veneno pecaminoso. Deus ordenou a Moisés que fizesse uma serpente de bronze e a colocasse sobre um mastro e o pusesse no arraial. Todo aquele que olhasse para a serpente após ter sido picado, seria curado e não morreria. O ato de apenas olhar para um mero objeto de metal para ser curado de um veneno que implica em morte certa e imediata, exige apenas fé. Aquela serpente pendurada na haste para a qual o homem deveria olhar era um dos símbolos de Jesus, o Cristo pendurado na cruz para o aniquilamento do pecado conforme confirmado em Hb. 9:26 - "...doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo."
Quase todos os homens quando se defrontam com o ensino verdadeiro das Escrituras sobre a natureza pecaminosa se esquivam e negam que sejam portadores de tal natureza. Isto porque todos imaginam, erroneamente, que não se enquadram, visto que não fazem o mal aos seus semelhantes. Ou porque praticam alguma religião ou são caridosos. Entretanto, todos sem exceção alguma são pecadores por natureza e não apenas por atos. Esta atitude de não se ver como pecador é o mesmo que não olhar para a serpente de bronze levantada na haste no deserto. É negar olhar para Cristo na cruz sem pecado e assumindo o pecado de todos os eleitos para aniquilação da culpa diante de Deus. Ele foi, desse modo, a propiciação do pecado. Todos os eleitos foram incluídos em sua morte, para matar a morte que o pecado trouxe. Não a morte física, mas a separação entre Deus e o homem decaído. Jesus, o Cristo ensina que, se alguém não tiver esta experiência de novo nascimento e vivificação, não vê e não entra no reino de Deus conforme Jo. 3: 3 e 5 - "Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Jesus respondeu: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus." Nascer de novo no texto original é nascer do alto, portanto, uma ação monérgica. Nascer da água simboliza ganhar a fé pela Palavra de Deus; e nascer do Espírito é ser vivificado e reconciliado a Deus. A pregação é representada pela água que jorra para a eternidade e pelo convencimento do Espírito de Deus acerca da própria natureza pecaminosa, realizando arrependimento autêntico. Os que não olham para Cristo e se veem incluídos em sua morte para remissão da sua natureza pecaminosa são como serpentes que não se reconhecem serpentes.
Sola Scriptura!
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