II Rs. 6: 12 a 18 - "Ora, o rei da Síria fazia guerra a Israel; e teve conselho com os seus servos, dizendo: em tal e tal lugar estará o meu acampamento. E o homem de Deus mandou dizer ao rei de Israel: guarda-te de passares por tal lugar porque os sírios estão descendo ali. Pelo que o rei de Israel enviou àquele lugar, de que o homem de Deus lhe falara, e de que o tinha avisado, e assim se salvou. Isso aconteceu não uma só vez, nem duas. Turbou-se por causa disto o coração do rei da Síria que chamou os seus servos, e lhes disse: não me fareis saber quem dos nossos é pelo rei de Israel? Respondeu um dos seus servos: não é assim, ó rei meu senhor, mas o profeta Eliseu que está em Israel, faz saber ao rei de Israel as palavras que falas na tua câmara de dormir. E ele disse: ide e vede onde ele está, para que eu envie e mande trazê-lo. E foi-lhe dito; Eis que está em Dotã. Então enviou para lá cavalos, e carros, e um grande exército, os quais vieram de noite e cercaram a cidade. Tendo o moço do homem de Deus se levantado muito cedo, saiu, e eis que um exército tinha cercado a cidade com cavalos e carros. Então o moço disse ao homem de Deus: ai, meu senhor! que faremos? Respondeu ele: não temas; porque os que estão conosco são mais do que os que estão com eles. E Eliseu orou, e disse: ó senhor, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o Senhor abriu os olhos do moço, e ele viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo em redor de Eliseu. Quando os sírios desceram a ele, Eliseu orou ao Senhor, e disse: fere de cegueira esta gente, peço-te. E o Senhor os feriu de cegueira, conforme o pedido de Eliseu."
A verdadeira fé foge total e absolutamente aos padrões sensoriais do homem comum. A fé genuína crê sem necessitar ver e independe das circunstâncias, exatamente, porque nela se vê o invisível e possibilita o impossível conforme Rm. 4:17 - "... como está escrito: por pai de muitas nações te constituí perante aquele no qual creu, a saber, Deus, que vivifica os mortos, e chama as coisas que não são, como se já fossem." Na fé verdadeira o homem vê com os olhos de Deus e crê com a fé d'Ele. É Deus quem traz à vida o que está morto e chama à existência aquilo que não existe como sendo real e presente. Por esta razão é errado falar que se tem fé em Deus. O correto é ter a fé de Deus dentro de si, ou seja, crer como Deus ou pela fé de Deus. Esta fé não é um estado de alma, um ânimo e um esforço da mente. Ela é a vida de Cristo nos nascidos de novo, porque o reino de Deus está entre e dentro dos eleitos e regenerados.
A falsa fé, a saber, as expectativas e esperanças puramente humanas seguem o padrão sensorial. Esta fé é o subproduto da ação almática, ou seja, é apenas a expressão daquilo que o homem sente e deseja que se realize em sua alma. Muitos transitam por estes caminhos com base apenas nos poderes latentes da alma. Tais poderes são produzidos pela força da mente em comunicação com a alma que, contaminada pela natureza pecaminosa, pretende ocupar o lugar do espírito que está 'morto' para Deus. Quando o homem ainda estava sem a culpa do pecado, o seu espírito era ligado ao Espírito Santo e em volta do seu corpo havia uma espécie de glória divina que o revestia e capacitava a discernir tudo. Entretanto, com o advento do pecado esta glória foi destituída conforme Rm. 3:23 - "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus." A alma que é uma das três partes de que se constitui o homem formado por Deus, assumiu o controle das decisões, volições e desejos. Por esta razão muitos religiosos assumem que certas manifestações são de origem divina, enquanto as mesmas têm a sua origem na alma do próprio homem. Imaginam que estão diante de milagres e de bênçãos originados em Deus, entretanto, estão diante de algo produzido pela natureza pecaminosa e, Deus, não tem parte nisto. Esta é a ilusão que cega os pecadores religiosos conforme II Co. 4:4 - "...nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus." O "deus" deste século é Satanás, pois ele não pode ser "deus" eterno e infinito. Por esta razão Jesus ensina que se a luz que há no homem é a sua luz própria, quão grandes trevas são. O que para o homem decaído parece ser luz e revelação, para Deus é escuridão e ignorância da verdade.
O texto de abertura provém do contexto em que o rei da Síria tentava conquistar o reino de Israel. Acontece, no entanto que, todas as vezes em que organizava uma campanha e enviava suas tropas, o rei de Israel era avisado e conseguia escapar da emboscada. Incomodado, o rei da Síria perguntou quem dentre o seu exército estava passando informações ao rei de Israel. Então foi informado que não havia traidor, mas que um certo profeta judeu antevia os seus movimentos e avisava ao rei de Israel. Diante de tal revelação o rei da Síria mandou um grande exército e muitos carros de guerra para capturar o profeta Eliseu. Cercou a cidade de Dotã, onde o profeta se achava, com seus exércitos durante a noite. Ao se levantar bem cedo o pajem, ou seja, o ajudante do profeta viu as tropas sírias sitiando a cidade. O moço correu atordoado para avisar ao profeta que a cidade estava cercada. A reação do rapaz foi a de todo homem que não tem os olhos espirituais abertos: "o que faremos?" Em termos simplificados o profeta lhe disse: 'não faremos nada, pois os exércitos de Deus são bem mais numerosos e estão ao nosso redor com cavalos e carruagens de fogo.' É este nível de fé que não se vê nos círculos religiosos de hoje.
A falsa fé conduz sempre o homem que não nasceu do alto a operar resultados em seus próprios esforços. O homem nascido de Deus não realiza nada, mas crê que os exércitos de Deus estão ao seu redor, ainda que não sejam vistos pelos olhos carnais. Isto porque só se vê bem com os olhos espirituais conforme I Co. 2:14 - "Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente." É nesta angústia que muitos religiosos sinceros não conseguem ver o que Deus faz, porque esperam ver sinais em si mesmos das melhoras espirituais. Ora, em matéria de fé, ou se crê, ou não se crê. Não há sinais para provar a fé, fosse assim seria apenas ciência e não fé. Ciência é aquilo que exige comprovação do fenômeno por experiência visível, sensível e comprovável. A fé se fundamenta no crer para ver e não no ver para crer como se vê por aí.
O profeta Eliseu orou ao Senhor Deus e fez dois pedidos: que os exércitos assírios perdessem a visão da realidade. E que o rapaz, seu auxiliar, tivesse os olhos do espírito abertos para ver o quão poderosos são os exércitos celestiais que Deus põe ao redor dos seus filhos.
Sola Fides!!!