I Jo. 4: 1 a 6 - "Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo. Nisto conheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não é de Deus; mas é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que havia de vir; e agora já está no mundo. Filhinhos, vós sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo. Eles são do mundo, por isso falam como quem é do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus; quem conhece a Deus nos ouve; quem não é de Deus não nos ouve. assim é que conhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro."
Neste artigo o foco é o dom de discernir os espíritos. Neste sentido a palavra 'espíritos', no texto grego da passagem em tela é uma referência à natureza do espírito que inspira ou move a mente ou a alma do homem. Não se trata, neste caso, de uma incorporação ou possessão de espíritos. O substantivo que dá origem à palavra 'espírito' no grego koinê é 'pneuma', significando ao pé da letra, vento ou sopro. Refere-se ao espírito do homem, com ou sem o corpo. Também se refere ao Espírito de Deus, de Cristo, dos anjos, de Satanás, dos demônios. Ainda este mesmo vocábulo indica, dependendo do contexto, uma disposição ou atitude de uma pessoa, ou seja, a sua maneira de agir. Por vezes é sinônimo de alma 'psikê' como uma a dimensão invisível e imaterial do homem em alguns textos. Só se percebe a que significação de espírito está se referindo, quando se distingue no contexto em que aparece,e, geralmente, é um adjetivo.
A percepção do homem natural se dá pela apreensão da realidade por meio da alma e não por meio do espírito. O espírito do homem se comunica apenas com outro espírito, podendo ser este vindo de Deus ou de demônios. Desta forma as realidades espirituais só se discernem espiritualmente conforme I Co. 2: 13 e 14 - "... as quais também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo, comparando coisas espirituais com espirituais. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente." Por esta razão é, que, o apóstolo João adverte que os espíritos necessitam ser discernidos. Há pregadores que falam com grande desenvoltura, entretanto, tudo o que ensinam é proveniente da sabedoria humana e almática. Quando as palavras são ensinadas pelo Espírito Santo, produzem os efeitos a que se destinam, seja para a salvação, seja para a perdição. Quando um ensino é originado no conselho de Deus, pode ser comparado pelo espírito dos vivificados em Cristo. O homem natural, ou seja, que não tem experiência de nascimento do alto, não suporta a sã doutrina, demonstrando, de uma forma ou de outra, grande impaciência e irritação em relação a ela.
O dom de discernimento dos espíritos é uma capacitação dada por Deus para saber a identidade do espírito que fala, e não uma licença para julgar as pessoas ou trazer à memória seus erros. Tal dom visa trazer clareza e compreensão da mente de Cristo para Igreja. Não provoca divisões, dissenções e confusões como se vê nestes tempos de muito ativismo e pouca verdade. Ao regenerado, a quem é facultado o dom de discernimento dos espíritos é permitido conhecer bem o que se passa, sem que ele seja compreendido pelos outros conforme I Co. 2: 15 e 16 - "Mas o que é espiritual discerne bem tudo, enquanto ele por ninguém é discernido. Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo." Isto ocorre, porque, o que prevalece no eleito e regenerado é a mente de Cristo e não suas conjecturas almáticas. Os nascidos do alto já foram vencidos em suas naturezas pecaminosas pela inclusão na morte de Cristo. É como Jesus afirmou a Nicodemos: "O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito."
A primeira evidência que um espírito não provém de Deus é que ele nega o que as Escrituras afirmam acerca de Jesus, o Cristo. Muitos dizem que não passa de um mito que já se repetiu em outras doutrinas antigas; outros dizem que Cristo é apenas um espírito evoluído que veio apenas para trazer ensinamentos a fim de melhorar a humanidade; outros ainda afirmam que ele era uma espécie de ser espiritualizado e que não sofreu dores na crucificação, dado o caráter da sua matéria ser diferente dos demais homens. É exatamente isto que indica que o espírito que declara isto não procede de Deus, mas do Diabo. Ele veio e habitou no homem histórico Jesus conforme Jo. 1:14 - "E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai." O apóstolo João optou por chamá-lo de Verbo, porque, de fato, Cristo é o princípio ativo da criação de tudo o que há no universo. Então, o "Verbo" é Cristo, o Filho Unigênito de Deus que se fez carne na pessoa humana de Jesus. Assim, são duas naturezas habitando em um único ser, e não dois seres distintos como afirmava uma seita herética dos primeiros séculos do cristianismo. Os que negam a existência do Filho de Deus em carne e osso, desejam desqualificar a sua posição e destinação como redentor, salvador e reconciliador do homem decaído.
Os espíritos que não procedem de Deus não podem confessar a Jesus, podem apenas declará-lo. Muitos espíritos malignos quando eram confrontados por Jesus, afirmavam que Ele era o Filho de Deus. Porém, a eles, não era dado o direito de crer. Atualmente, muitos creem em diversos evangelho humanos que afirmam coisas contrárias a Jesus, o Cristo. Após o filme baseado na obra de Dan Brown - O Código Da Vinci - muito se escreveu, debateu e afirmou acerca da pessoa de Jesus. Entretanto, o que permanece é a verdade que os espíritos não regenerados e os espíritos dos demônios não podem confessá-lo como Deus Filho.
Finalmente uma das evidências de quem ganhou o dom de discernimento dos espíritos é a capacitação para resistir aos espíritos mentirosos e malignos. O evangelho anunciado pelos que não têm espíritos vindos de Deus é uma reafirmação do homem, pelo homem, e para o próprio homem. As principais características desse pseudo-evangelho é a pregação dos princípios do auto-sacrifício, da caridade e da benevolência. Nega e reluta em receber a verdade que o homem é um ser decaído, absolutamente depravado, corrompido pela natureza pecaminosa e que necessita nascer do alto. Estimula a capacidade de o próprio homem promover a sua própria redenção sem a inclusão na morte de Cristo e sua consequente ressurreição. Isto porque as Escrituras afirmam que, quem cogita das coisas dos homens é Satanás conforme Mc. 8: 33b - " Para trás de mim, Satanás; porque não cuidas das coisas que são de Deus, mas sim das que são dos homens."
Sola Gratia!
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