Is. 46: 9 e 10 - "Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro; eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho subsistirá, e farei toda a minha vontade."
Sempre houve, porém agora mais do que nunca, uma forte tendência humana ao sobrenatural. Verifica-se, inclusive, que a literatura mais vendida é exatamente aquela que lida na esfera mística. Considerando o valor literário, algumas obras de determinados autores são puro lixo, entretanto, elas atuam sobre ideário popular e sobre o inconsciente coletivo relacionado ao místico e ao sobrenatural, vendendo, por isso, milhões de cópias. Atualmente, cerca de 80% a 90% da literatura comercializada como sendo cristã, nada tem do verdadeiro evangelho, senão de um cristianismo apenas nominal e histórico. Entretanto, vende porque promete resolver as dores e os dramas das pessoas em busca de um 'deus quebra-galho'. Tais pessoas buscam respostas de Deus para seus problemas materiais, e não a solução de Deus aos seus estados espirituais decaídos e mortos. Segundo o ensino do evangelho, é legítima a busca pela misericórdia e a graça de Deus, tanto no sofrimento, como na alegria, porém pelos canais escriturísticos. O que passa disso é misticismo, ocultismo, barganhismo e golpismo religioso. Tais livros, mais se assemelham a manuais de auto-ajuda, ou de encantamentos do que de ensino sério e fundamentado na verdade. É a busca pelo endeusamento do homem sem Deus e sem a verdade.
A busca por profetas e suas predições é um frenesi nos arraiais religiosos deste tempo. Entretanto, confundem profecias no sentido em que são ensinadas nas Escrituras, com adivinhações e prognósticos favoráveis aos interesses humanistas. É deste misto de desespero dos homens e da desonestidade religiosa de seitas e religiões, que surgem as maiores distorções as quais levam milhões de pessoas a viver uma ilusão de espiritualidade que nunca existiu, e, tão pouco existirá.
I Co. 14: 2 - "Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação." O texto nos mostra que a profecia, enquanto ensino da Palavra, deve ter apenas três finalidade: edificar, exortar e consolar. No nosso tempo, muitas profecias desedificam, confundem, ofendem e causam desespero. Muitos destes "profetas" ambulantes são alcoviteiros que tentam resolver os problemas amorosos, financeiros e emocionais das pessoas, sendo eles mesmos desajustados. Ora, acaso, ciganas, cartomantes, necromantes, taromantes e assemelhados, não fazem o mesmo? Nem por isso, o mundo e a humanidade melhoram!
Em todas as passagens a que Paulo alude ao falar em línguas, o faz por meio das palavras gregas “lalõn glossé”, implicando, gramaticalmente, que as tais línguas eram conhecidas e faladas naquela época. Não existe um único texto nas Escrituras que sustenta alguém falando em línguas de anjos ou em línguas estranhas. Tudo não passa de uma interpretação forçada de I Co. 13:1 - "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos." A expressão "ainda que eu falasse..." mostra apenas uma possibilidade hipotética, mas não de realidade concreta. Não é uma sentença afirmativa de que alguém fale em todas as línguas humanas e ainda em línguas angelicais, mas é uma suposição de que ainda que alguém assim pudesse falar, isto não seria superior ao amor. E o verbo falar na forma e no modo em que foi conjugado coloca termo a esta verdade como uma mera impossibilidade. Equivale a "se eu falasse"! E não "que eu fale!"
A profecia, de acordo com a Bíblia, em qualquer sentido que se queira entendê-la é:
- Toda a história humana conhecida, registrada e controlada pela onisciência de Deus.
- A visão da história do homem conforme a cronologia estabelecida por Deus.
- O desenrolar dos fatos humanos segundo a visão de Deus e não do homem.
A profecia enquanto revelação direta de Deus ou por meio da Sua Palavra faz referência apenas a três finalidades:
- Predizer eventos futuros conforme Ap. 1:3 e 22:7 a 10.
- Revelar fatos ocultos quanto ao presente conforme Lc. 1: 67 a 79 e At. 13:6 a 12.
- Ministrar instrução, consolo e exortação conforme o livro do profeta Amós e os textos seguintes: At. 15:32 e I Co. 14: 3, 4 e 31.
A profecia pode ser distribuída na Bíblia da seguinte maneira:
- Em Daniel: refere-se às nações, reinos e impérios históricos.
- Em Ezequiel: refere-se ao povo judeu como nação escolhida por Deus para trazer o Salvador.
- No Sermão Profético de Jesus: refere-se ao Reino Eterno instalado por Deus.
- No Apocalipse: refere-se à Igreja verdadeira como a noiva que está sendo preparada para a união eterna com Cristo.
Devemos saber que Deus não concede o dom da profecia para que fique oculta. Também não pretende que só algumas pessoas tenham acesso à Sua mensagem, como se fossem melhores e mais espirituais que os outros. Ele proclama a sua Palavra para que ela seja crida, conhecida e entendida. Significa que as passagens proféticas precisam ser estudadas da mesma forma que as outras passagens das Escrituras o são. A linguagem figurada é perfeitamente reconhecível e compreensível. As metáforas servem para avivar e realçar a verdade contida na Palavra e não para embaralhá-la como supõem alguns. A figura é compreendida simbolicamente, todavia sempre faz referência a alguma coisa literal. A profecia bíblica nunca deve ser vista como algo ininterrupto ou contínuo, pois há grandes intervalos separando os eventos do cumprimento destes. Os espaços entre os eventos e o cumprimento dos mesmos, não são considerados, porque Deus não está limitado ao tempo da forma que o homem o está. É como se tivéssemos diante de nós vales e montes se sucedendo. O profeta vê os eventos como nós vemos os picos passando por cima dos vales. Outro aspecto importante na interpretação da profecia Bíblica é o cumprimento duplo da mesma. Isto implica dizer que uma mesma passagem profética pode se cumprir em momentos diferentes. Pode ter cumprimento parcial em um momento anterior e cumprimento completo em um último momento. São protótipos de tipos futuros que se levantam para indicar a verdade de Deus. Esta é a chamada “lei da dupla referência profética”.
Da lucem, Domine!