março 29, 2009

TEOLOGIA REFORMADA x TEOLOGIA DEFORMADA III


Am. 3: 2 a 7 - "De todas as famílias da Terra só a vós vos tenho conhecido; portanto eu vos punirei por todas as vossas iniquidades. Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo? Rugirá o leão no bosque, sem que tenha presa? Levantará o leãozinho no seu covil a sua voz, se nada tiver apanhado? Cairá a ave no laço em terra, se não houver armadilha para ela? Levantar-se-á da terra o laço, sem que tenha apanhado alguma coisa? Tocar-se-á a trombeta na cidade, e o povo não estremecerá? Sucederá algum mal na cidade, sem que o Senhor o tenha feito? Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas." Do texto, sem prejuízo do seu contexto, se pode entender que Deus escolhe a quem quer conhecer com afetuosa graça, e, por conta disto, Ele pune os seus escolhidos para o aperfeiçoamento deles mesmos. Também, fica evidente que o mal que sucede aos eleitos, provém invariavelmente de Deus. Todavia, a conotação de que é o mal procede sempre do homem e não d'Ele. O que o homem reputa por mal, aos olhos de Deus é o bem, pois a Ele interessa formar um povo eleito para conviver com Ele eternamente. Por parábola, Deus está mostrando a lei das causas e dos efeitos. Assim, por não concordância de natureza, ou seja, Deus não concorda com a natureza pecaminosa no homem, então, não há compatibilidade, e duas naturezas discordantes, não andam juntas.
O texto mostra que a ação monérgica de Deus é que revela a Sua soberana vontade e os seus decretos eternos aos seus profetas, isto é, pregadores da Sua Palavra. Deus não revela a Sua vontade por causa do homem, mas por causa da Sua fidelidade a Si mesmo e para fazer entender a Sua Palavra. O religioso sempre tenta arrastar para si algum mérito nestas situações. Imaginam que Deus os escolhe para esta ou aquela função, cargo, missão ou posição por conta de suas excelsas qualidades. Entretanto, Deus age em função do que Ele é, pelo que é e para o que quer. Seu supremo propósito jamais é frustrado ou melhorado por causa do homem conforme Ml. 3:6 - "Pois eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos."
Há no meio do cristianismo nominal uma profunda reivindicação por uma posição mais próxima a Deus, ou mais privilegiada em relação a Ele, pelo fato de julgarem mais merecedores ou mais dignos do que os outros reputados como incrédulos. Entretanto, onde se vê maior incredulidade é no meio religioso, precisamente, porque trocam a verdade pela religião, o conteúdo pelo continente e o essencial pelo assessório. Na verdade, e a bem dela, há de se dizer que comparativamente Deus é mais severo com os seus do que com os que estão entregues às suas próprias naturezas pecaminosas não regeneradas. O fato de os eleitos terem nascido do alto, não os torna em nada melhores do que qualquer outra criatura. Mas, os torna apresentáveis diante de Deus por meio de Cristo, no qual estão sendo aperfeiçoados para o dia do encontro eterno. Nem mais, nem menos do que isto!
Ao longo da história, Deus tem levantado a brasa e o ferreiro. Até mesmo o assolador não assola absolutamente nada se d'Ele não receber ordem. Desta forma, os pregadores que vomitam suas abominações, o fazem porque Deus os manda, para que joio seja percebido como joio, e trigo, como trigo. A linha tênue entre um e outro só se percebe pelos ouvidos refinados por Cristo. Uma vez abertos os ouvidos, se pode ouvir com clareza o que é e o que não é o evangelho da verdade. A mentira para os que estão na mentira, a verdade para os que estão no evangelho da verdade. Da mesma forma que a mentira possui os mentirosos, a verdade possui os verdadeiros, porque foram feitos verdade em Cristo. Não são os eleitos de Deus que possuem a verdade, ela que os possui por misericórdia e graça.
Charles Grandison Finney nasceu em Warren, a 24 de Agosto de 1792 e morreu em Oberlin, a 16 de Agosto de 1875. Finney foi um pregador, professor, teólogo, abolicionista, advogado, maçom e avivalista nos Estados Unidos. Foi um dos líderes do Segundo Grande Despertar "Second Great Awakening". Introduziu várias inovações temerárias para a época, no ministério religioso, tais como a censura pública e nominal de pessoas durante o sermão, apelo aos ouvintes para "aceitarem" a Jesus, a permissão da manifestação de mulheres em cultos para ambos os gêneros e outros. Era também famoso por realizar seus sermões de improviso.
A despeito de todas as suas credenciais e tudo o quanto realizou para o "evangelho", Finney era um arminiano e a sua mensagem de nada aproveitou à implantação do reino dos céus. Bibliografias afirmam, que, dos seus sermões e dos "conversos" neles, quase ninguém permaneceu. Este é o sentido da brasa e do ferreiro de Is. 54:16 - "Eis que eu criei o ferreiro, que assopra o fogo de brasas, e que produz a ferramenta para a sua obra; também criei o assolador, para destruir."
Ele foi doutrinado na Teologia Reformada, mas logo se rebelou contra o seu pastor e impôs a sua própria teologia, conforme lhe convinha crer, ainda que em arrepio às Escrituras. Desta forma passou da Teologia Reformada à Teologia Deformada sem tosquenejar. Não há erro algum em andar por conta própria e pregar a verdade segundo as Escrituras, mas há erro, quando se opta por uma mensagem anti bíblica.
Acerca das idéias e feitos de Charles G. Finney será dada sequência em outro artigo.

março 22, 2009

TEOLOGIA REFORMADA x TEOLOGIA DEFORMADA II

I Co. 2:16 - "Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo." O homem em seu estado decaído, ainda que religioso, reivindica para si, consciente ou inconscientemente, por atos ou por ideias, o quer instruir Deus. Entretanto, em nenhuma instância das Escrituras há qualquer apoio a esta prática arrogante e soberba. Ninguém conhece a mente de Deus, salvo aqueles a quem Ele interessa revelar sobre Si mesmo e sobre a verdade. Deus só se dá a conhecer por meio de Cristo, portanto, os que têm a mente d'Ele são conhecidos e conhecem ao Senhor. Por todos os títulos é que a Teologia Deformada em qualquer das suas matizes esvazia-se de conteúdo e significação. Torna-se uma tentativa inglória da criatura em querer conhecer a mente do Criador por si, de si e para si mesma.
Nesta sequência de erros, aparecem os exegetas com suas hermenêuticas esdrúxulas tentando justificar Deus, ante as acusações dos materialistas de todo gênero. Entretanto, Deus não necessita de absolutamente nada que se origina no homem, pois Ele se basta a Si mesmo. O que Ele deseja é apenas uma coisa, a saber, que os eleitos conheçam ao Seu Filho Unigênito e Primogênito.
Augustinho de Hipona adotou o conceito de Teologia Natural da obra "Antiquitates Rerum Humanarum et Divinarum", de Terêncio Varrão, como única Teologia aceitável dentre as três apresentadas por este, a saber, a mítica, a política e a natural. Acima desta, colocou a Teologia Sobrenatural "Theologia Supernaturalis", com base da revelação, e, portanto, considerada superior. A Teologia Sobrenatural, foi considerada fora do campo de ação da Filosofia, não estando subordinada a ela, mas acima dela, que foi considerada como uma serva "Ancilla Theologiae", a qual ajudaria a primeira na compreensão de Deus. Veja que, mesmo um homem cuja vida foi fortemente visitada pela graça de Deus, não possuía muita segurança com relação ao objeto da Teologia.
Teodiceia é um termo empregado como sinônimo de Teologia Natural, tendo sido criado no século XVIII por Leibnitz, numa de suas obras chamada "Ensaio de Teodiceia Sobre a Bondade de Deus, A Liberdade do Ser Humano e a Origem do Mal". Leibnitz utilizou este conceito para referir-se à investigação cujo fim seja explicar a existência do mal e justificar a bondade de Deus. Neste sentido, constitui-se numa tentativa de justificar Deus e não em Teologia Bíblica. O ensino de Leibnitz possui forte influência do Maniqueísmo, ou seja, o confronto entre o bem e o mal. 
Na tradição cristã de cunho agostiniano, a Teologia é organizada segundo os dados da revelação e da experiência humana. Tais dados são organizados, tendo sido reconhecido como Teologia Sistemática ou Teologia Dogmática. Também é uma inglória tentativa de sistematizar o conhecimento de Deus pela criatura. Nenhum homem, por mais culto e piedoso que seja, não pode resumir Deus a um amontoado de considerações, conceitos, ideias, preceitos, regras, dogmas e princípio. Os eleitos e regenerados terão toda a eternidade para conhecer e prosseguir conhecendo a Deus.
Em todos estes casos verifica-se uma profunda deformação do que se pode conhecer acerca de Deus, porque parte do homem e não de d'Ele. É precisamente neste sentido que se fala em "Teologia Deformada". A deformação consiste em o homem decaído e absolutamente depravado tentar explicar Deus Santo, Justo e Perfeito a partir de suas próprias concepções.
Por todas estas razões é que a Teologia Deformada se deforma cada vez mais em sua busca por definições e objeto que satisfaça a alma humana contaminada pela natureza pecaminosa. Por isso, se fala em Teologia Contemporânea, Teologia Moral, Teologia Gnóstica, Teologia da Libertação, Teologia Cristã, Teologia Espiritual, Teologia da Prosperidade, Teologia Prática e Teologia Liberal, Teologia Relacional, Teologia do Processo, Teologia da Determinação. Em todas elas Deus não está, porque Ele é acima das ponderações e conjecturas humanas. 
Deus não está em nenhuma dessas teologias humanistas e dissociadas da Sua Glória, pois a Ele interessa apenas que se conheça e reconheça o Seu Filho Unigênito como único e todo-suficiente redentor.


TEOLOGIA REFORMADA x TEOLOGIA DEFORMADA I

Dt. 29:29 - "As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei." Com estas palavras Moisés, o legislador de Israel abre um discurso de cunho teológico. Fica evidente que aos eleitos de Deus cabe tão somente depender da revelação que Ele dá aos seus santificados. Contrariamente, as coisas que não são reveladas pelo Eterno não devem ser objeto de especulação, pois estão na esfera do que compete apenas a Ele. Este texto nunca é levado em consideração por aqueles que estão à cata de fábulas e mitos do passado. Procuram em descobertas arqueológicas algo que possa ser utilizado contra as Escrituras. Estão sempre levantando dúvidas sobre a veracidade de Palavra de Deus.
Há no mundo apenas dois sistemas: o da verdade e o da mentira. O primeiro procede de Deus e da Sua misericórdia e graça aos que a Ele agrada revelar-se; O segundo procede do próprio homem na inglória tarefa de querer ser como um deus. Neste sentido, a verdade é algo que vem do alto, enquanto a mentira provém do homem e se destina a ele mesmo numa propositura de encontrar por si só o caminho de volta ao Paraíso perdido no Éden. Com isto alimentam suas próprias naturezas contaminadas e mortas para Deus.
Teologia, do grego θεóς, transliterado para 'theos', isto é, "Deus" + λóγος, 'logos', isto é, "palavra", por extensão de sentido, "estudo", "tratado", "tese", no sentido literal, é o estudo de Deus. Percebe-se de imediato que falar em Teologia é por si só uma grande presunção humana, pois qual criatura pode se atrever a estudar o seu Criador? Se uma mente pudesse conceber e estudar Deus, tal mente seria equiparada a Ele em conhecimento e em poder. Nisto consiste a audácia produzida pela mente humana por meio da natureza pecaminosa residente e persistente no homem decaído.
Como toda ciência humana, a teologia postula-se por meio de um objeto de estudo, que, no caso, é Deus. Como não é possível estudar diretamente um objeto que não se vê e não se toca, estuda-se Deus a partir da sua própria revelação e das suas representações nos diferentes sistemas culturais. Assim, a Teologia Reformada pauta-se pelo estudo por meio do que Deus revela de Si mesmo nas Escrituras, enquanto a Teologia Deformada pauta-se pela percepção do próprio homem acerca do que concebe como sendo Deus. Logo, tratar acerca de Deus, não quer necessariamente dizer que se conheça a Ele em sua profundidade e extensão. Tal tarefa é impossível sem a revelação d'Ele mesmo.
O termo Teologia foi usado pela primeira vez pelo filósofo Platão, no diálogo denominado "A República", referindo-se à compreensão da natureza divina de forma racional, em oposição à compreensão literária típica da poesia dos rapsodos. Posteriormente, o filósofo Aristóteles empregou o termo em numerosas ocasiões, com dois significados: a) Teologia como parte integrante da Filosofia, também chamada filosofia das coisas primeiras ou ciência dos primeiros princípios. Mais tarde esta Teologia foi cognominada de Metafísica por seus seguidores; b) Teologia como manifestação do pensamento mítico anterior à Filosofia, possuindo conotação pejorativa, referindo-se aos pensadores antigos não filósofos, como Hesíodo e Ferécides.
Destarte, existem muitas Teologias neste mundo, influenciadas pelas mais diversas religiões humanas. Logo, existe a Teologia Budista, a Teologia Islâmica, a Teologia Católica, a Teologia Mórmon, a Teologia Evangélica Tradicional, a Teologia Pentecostal, a Teologia Hindu entre tantas outras. Neste sentido, ao invés de a Teologia influenciar a religião do homem, a religião humana influencia a Teologia, constituindo-se assim em matéria absurda e em mentira religiosa.