II Ts. 2: 7 a 12 - "Pois o mistério da iniquidade já opera; somente há um que agora o detém até que seja posto fora; e então será revelado esse iníquo, a quem o Senhor Jesus matará como o sopro de sua boca e destruirá com a manifestação da sua vinda; a esse iníquo cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás com todo o poder e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para serem salvos. E por isso Deus lhes envia a operação do erro, para que creiam na mentira; para que sejam julgados todos os que não creram na verdade, antes tiveram prazer na injustiça." Embora o texto, no seu contexto, faça referência a um tempo escatológico, o mesmo no-lo informa que o mistério da iniquidade já opera. Iniquidade é sempre um estado de degenerescência originado em Satanás, sendo caracterizado por uma falta de equidade, ou seja, ausência de princípios imutáveis de justiça que induzem o juiz a um critério de moderação e de igualdade, ainda que em detrimento do direito objetivo. Assim, o conceito de equidade recai em retidão de juízo, igualdade, equilíbrio e equanimidade. Já o conceito de iniquidade é exatamente o antonímico de equidade, ou seja, a ausência dela.
Deduz-se do texto que vem de ser lido, que, a operação do erro é iníqua, ou seja, procede de um sentimento de justiça divergente do reto juízo de Deus. O pai desta iniquidade é um, a saber, o próprio Satanás, o qual transmite este mesmo sentimento e prática aos seus subordinados, tanto no mundo invisível, como no mundo sensível. O principal campo de ação do Diabo não é no seio das seitas e religiões exóticas, místicas e esdrúxulas, como se supõe comumente. Nestas, ele é adorado como um "deus", visto que não lhe oferecem resistências. Ele age com mais intensidade nas religiões humanas disfarçadas de verdadeiras, justamente, porque o falso busca em tudo se assemelhar ao verdadeiro para ser aceito e receber crédito. Um inimigo não ataca os seus aliados e subordinados, contrariamente, ataca sempre os seus adversários.
O apóstolo Paulo está escrevendo doutrinariamente a uma Igreja e não a uma seita satânica. Aquele que detém a aparição do filho de Satanás, a saber, o Anticristo, é o Espírito Santo de Deus que opera nos nascidos do alto. Estes eleitos de Deus são a semente que o serve de geração em geração, formando um corpo chamado de Igreja. São, geralmente figuras apagadas, sem prestígio, sem nomes nas colunas sociais, desprovidos de pretensões pessoais e ambições. Não se julgam doutores em nada, e muito menos, em divindades ou qualquer que seja o título conferido pelos homens. Jesus declarou aos judeus religiosos que eles não o recebiam porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus. Esta é a verdade que perdura na operação do erro até os dias de hoje. E irá de mal a pior quanto mais se aproxima o fim dos tempos.
O texto mostra com clareza que a operação do erro por meio da iniquidade é revestida da eficácia de Satanás com base apenas em poder, sinais, prodígios da mentira e todo engano da injustiça. Estas são, portanto, as evidências da operação do erro que se podem ver sem rodeios em inumeráveis "igrejas" hoje. Todavia, o mesmo texto deixa claro que estas operações são destinadas aos que perecem e não aos que vivem pela vida de Cristo. Estes, são aqueles, que não recebendo o amor da verdade, a saber, o próprio Cristo, não podem operar na verdade, visto que é Ele quem opera nos seus eleitos, tanto o querer como o efetuar.
Verifica-se, entretanto, que é o próprio Deus quem lhes envia a operação do erro. Os religiosos insistem sempre em querer fazer a defesa de Deus, retirando-Lhe a responsabilidade sobre a condenação dos pecados dos homens. Para tanto, inventam doutrinas e pretendem ser professores do próprio Deus. Embora as Escrituras afirmam categoricamente que Deus não é tentado e a ninguém tenta, sabe-se que é no sentido de que não é n'Ele que origina o pecado. O que Ele realiza é com base na natureza decaída e inclinada ao mal no próprio homem conforme se vê nos textos relativos a faraó rei do Egito no episódio da saída do povo hebreu daquela terra. Deus não endureceu mais a faraó além do que o seu coração já era endurecido! Assim, Deus não tenta e não é tentado pelo mal, mas deixa o homem entregue ao seu próprio mal seja para redimi-lo, seja para condená-lo.
É óbvio que é Deus quem opera tudo em relação a tudo e a todos no universo, posto que apenas Ele é absolutamente soberano e Senhor de todas as coisas. A Ele, pois, toda honra e toda glória!