quinta-feira, janeiro 14

DEUS AMOU O MUNDO I

Jo. 3:16 a 19 - "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é julgado; mas quem não crê, já está julgado; porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E o julgamento é este: a luz veio ao mundo, e os homens amaram antes as trevas que a luz, porque as suas obras eram más."
O universalismo é uma doutrina teológica a qual apregoa, em alto e bom tom, que a salvação de Deus por meio de Cristo é para todos os homens. Tal doutrina era, até o século XVI, restrita apenas aos círculos não cristãos representados por espiritistas, místicos e gnósticos. Após esta época penetrou e se alastrou gradualmente nos círculos do cristianismo nominal e histórico. Entretanto, jamais achou guarida no seio da igreja verdadeira. Por igreja verdadeira entende-se o conjunto dos eleitos e regenerados no tempo e no espaço, não necessariamente, ligados a religiões, seitas ou doutrinas de igrejas denominacionais. Esta parcela do corpo de Cristo, não se conforma aos moldes do sistema dominante. Vive à margem do processo, ainda que inserida no mundo que jaz no maligno conforme I Jo. 5:19 - "Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no Maligno." Isto é ensinado pelo Senhor em Jo. 17:11, 14 a 16 - "Eu não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Eu lhes dei a tua palavra; e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno. Eles não são do mundo, assim como eu não sou do mundo." Esta é, portanto, a marca dos eleitos e regenerados: estão no mundo, mas não são do mundo. A saber, estão histórica e fisicamente no mundo, mas suas naturezas regeneradas e reconciliadas com Deus não pertencem ao mundo. Não dependem do sistema mundano, mas tão somente da Graça.
O Diabo utiliza diversos expedientes para ludibriar e encantar o homem. O principal artifício utilizado pelo maligno é incutir na mente decaída, aquilo que ela mais deseja e busca. A natureza decaída e separada da glória de Deus deseja e busca, invariavelmente, a gratificação para a alma. Tal busca é uma luta incansável para se livrar da culpa do pecado. Por culpa do pecado se entende o vazio espiritual deixado pela separação de Deus gerado pelo pecado. Tal pecado não foi um ato ou uma atitude moral, mas uma atitude de incredulidade. Jesus, o Cristo ensina que a natureza do pecado é a incredulidade em Jo. 16:9 - "... do pecado, porque não creem em mim." De fato, o pecado adâmico que separou o homem de Deus foi a incredulidade na sentença divina: "... porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás."
A religião é um desses expedientes criados pelo Diabo e recebido pelo homem como uma espécie de paliativo contra a culpa do pecado. Por meio dela, o homem decaído procura oferecer sacrifícios de justiça própria para tentar aplacar a perda da glória que o unia a Deus. Esta glória dava ao homem uma incomensurável capacidade de percepção das coisas e do próprio Deus. O pecado, ou seja, a natureza de incredulidade, quebrou este ele conforme Rm. 3:23 - "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus." A razão da universalidade da natureza pecaminosa é explicada pelo apóstolo Paulo em Rm. 5:12 - "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram." O pecado entrou pela incredulidade de Adão, e passou a todos os seus descendentes, que, ficaram mortos para Deus. Esta morte não é apenas a morte física, mas, primeiramente, a morte espiritual, ou seja, a separação da glória de Deus. O profeta Isaías transmite este ensino oriundo da própria revelação de Deus em Is. 59: 1 e 2 - "Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para que não possa ouvir; mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça." Aqueles que ainda não experimentaram o novo nascimento imaginam em seus corações separados de Deus que tal pecado corresponde a atos e atitudes morais. Todavia, o pecado que decretou a morte espiritual do homem foi a incredulidade em sua palavra. Os atos pecaminosos, a saber, atos falhos, fraquezas, erros, maldades, imundícies, etc são apenas consequências da natureza pecaminosa.
Em língua portuguesa é necessário ter grande atenção aos significantes, e, mais ainda, aos significados. Uma única palavra poderá ter um ou inúmeros significados, dependendo do contexto, do sentido conotativo ou denotativo que carrega em sua significação. Também, é fundamental atentar particularmente para as palavras, enquanto generalizações e particularizações. Isto dá a elas uma noção ampla ou restrita no texto escriturístico. Quando alguém diz que está no "topo do mundo", não significa que está no topo do Monte Everest, no Himalia. Significa apenas que chegou ao ponto máximo de suas aspirações humanas. Também quando alguém diz: "você vive em seu próprio mundinho", não traz sentido de dimensões do planeta ou de um espaço geográfico dado. Significa que a pessoa possui uma visão reducionista sobre algum fato ou alguma verdade. 
Jo. 1:10 - "Estava ele no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, e o mundo não o conheceu." O primeiro termo no texto grego é [κόσμῳ] 'kósmô', ou seja, a Terra e tudo o que nela há. O segundo termo no texto grego é [Κοσμος] 'kósmos', a saber, o universo ou a soma das coisas criadas. E, o terceiro termo, também é 'kósmos', porém traz o sentido do mundo habitado, ou dos habitantes da Terra, da raça humana. Desta forma veem-se três sentidos para o vocábulo mundo, cada um traz sentido específico. O texto está doutrinando que Jesus, o Cristo estava no planeta Terra criado por meio dele, também que ele é o Senhor do universo e tudo o que nele há e, por último, que os povos, tribos e nações não o puderam conhecer. Obviamente, aquela gente que se aglomerava pelas cidades onde Jesus pregava e realizava seus milagres sabia quem ele era como homem histórico, mas não o conheceram espiritualmente. Aquela turba que o aplaudiu em sua entrada em Jerusalém, foi a mesma que gritou por sua crucificação logo depois. Eles preferiram a Barrabás que era ladrão e salteador. Portanto, não conheceram a Jesus como o Messias e Salvador prometido desde os tempos eternos. É neste sentido que ter muita religião e nenhuma revelação, em nada contribui para a redenção do pecador.
Sola Gratia!

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