sábado, junho 21

PRECIOSA É A MORTE DOS SANTIFICADOS

Sl. 116:15 - "Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos."
Em termos puramente etimológicos, a palavra morte tem diversificados significados. Em língua portuguesa este substantivo provém do latim 'mors' ou 'mortis', dependendo da declinação no discurso. Em sentido biológico significa o cessamento ou o fim da vida de um organismo vivo. Por derivação de sentido é o desaparecimento gradual de qualquer coisa que tenha surgido e se desenvolvido em um período de tempo. Ainda por derivação de sentido é a separação, fim ou término da relação entre o efeito e a causa. 
Biblicamente, a morte possui sentidos igualmente diferenciados. Portanto, há no grego neotestamentário duas palavras para o vocábulo morte. Uma delas é 'νεκρός' ou 'nekrós', a qual é mais genérica, pois significa tanto a degenerescência da matéria, como também a impossibilidade da alma ser reconciliada com Deus por conta própria. A outra palavra grega é 'θάνατος' ou 'thánatos', possuindo significação mais específica, pois implica em uma ruptura eterna entre o homem pecador e Deus, tanto antes como após a sua morte física. Assim, 'nekros' se aplica ao homem vivo, que, gradualmente caminha para a degradação física destituída da vida de Deus conforme Rm. 3:23 - "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus." O homem decaído está absolutamente destituído da natureza de Deus, portanto, morto para Deus. Jesus, o Cristo demonstra este aspecto da morte dos homens, ainda que vivos, em Lc. 8:59 e 60 - "E a outro disse: segue-me. Ao que este respondeu: permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Replicou-lhe Jesus: deixa os mortos sepultar os seus próprios mortos; tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus." Literalmente este texto afirma: "deixa os que estão indiferentes à salvação que lhes é oferecida no evangelho sepultar os corpos de seus próprios defuntos." Ou seja, homens vivos biologicamente, porém mortos para Deus, enterrando os cadáveres dos seus parentes falecidos. 'Nekros' significa literalmente aquilo que é ou está morto, separado, apartado.
'Thánatos' significa morte, ou seja, a separação da alma em relação ao corpo, fazendo cessar a vida na Terra. Também significa a miséria do homem que, mesmo vivo, não possui ligação com Deus. É além da degenerescência em vida, também a separação eterna de Deus, mesmo após a morte física. É o resultado atual e eterno da natureza pecaminosa do homem após a queda. Ninguém se vê desta forma, porque esta natureza pecaminosa cria no homem a falsa noção de mérito e justiça própria. Esta perspectiva é alterada apenas quando o pecador eleito é tocado pela palavra vivificante 'rhema' por meio da palavra de Deus 'logos' pregada pelos que ele envia.
Gn. 2:17 - "... mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás." A expressão: '... certamente morrerás' no texto hebraico é 'tûmAGt tôm' ou 'môt tamut', ou seja, 'morrer, morrendo.' Neste caso, também está implícita a ideia de morte física como processo gradual e morte espiritual como separação de Deus. É o vivo biologicamente, porém morto espiritualmente que, por fim, morrerá biologicamente separado espiritualmente de Deus. Então, conclui-se que o homem natural passa por três tipos de mortes: a morte para Deus, a morte biológica e a morte para si mesmo. Este último tipo é a que alude o texto de abertura deste artigo. Por isto é preciosa aos olhos de Deus! É como o apóstolo Paulo diz: "Não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim..."
A morte para si mesmo se dá quando o homem natural é despertado por Deus para crer. Neste ponto, o pecador tem a sua morte para Deus aniquilada na morte de Cristo. Assim, o morto morre na morte do salvador substituto, porque não poderia promover a sua própria morte. Ainda que alguém promova a sua própria morte como sacrifício em troca da redenção, de nada adianta, pois ela está contaminado pela natureza morta para Deus. Tal procedimento não passará de sacrifício de tolo, auto-justificação ou justiça própria. Desta maneira, muitos religiosos praticam todos os dias sacrifícios de tolos, imaginando que podem purificar-se a si mesmos por meio de ritos de religião exterior, caridade, abstinência de hábitos e costumes. Tais sacrifícios possuem apenas valor social, mas jamais poderão justificar o pecador perante Deus. Fora da morte, na morte de Cristo, para aniquilamento da morte do pecado, não há solução. Por esta razão é doutrinado em Hb. 9:24 a 28 - "Pois Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, mas no próprio céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus; nem também para se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote de ano em ano entra no santo lugar com sangue alheio; doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo. E, como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma só vez para levar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação." Desta forma Cristo é o único que pode solucionar a questão da morte, a saber, do pecado. Ele atraiu o homem em sua morte de cruz, para, nela, matar a morte espiritual dos eleitos. Isto fica evidente em Jo. 12: 32 e 33 - "E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer." Entretanto, ninguém vai para a cruz por vontade própria. É Deus que os conduz até a cruz, por fé, para, nela, serem incluídos e redimidos. Isto está doutrinado em Jo. 6:44 - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia."
Por esta razão o salmista em espírito de profecia afirma que é preciosa a morte dos santos à vista de Deus. É uma alusão, tanto à morte da morte do pecador, na morte de Cristo, como também ao passamento dos eleitos e justificados para a vida eterna.
A Ele, pois, a Glória, a Honra e a Majestade Eternamente!