quarta-feira, novembro 14

FELIZ É O HOMEM I

Pv. 28: 13 e 14 - "O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia. Feliz é o homem que teme ao Senhor continuamente; mas o que endurece o seu coração virá a cair no mal."
O dicionário traz, no verbete felicidade, as seguintes acepções: 'qualidade ou estado de feliz; estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação, contentamento, bem-estar, boa fortuna; sorte, bom êxito, acerto, sucesso'. É por via de consequência também um adjetivo de dois gêneros que significa: 'favorecido pela sorte; ditoso, afortunado, venturoso.' Percebe-se, claramente, que todas as acepções têm como referência aquilo que o homem idealiza, deseja, quer e busca para sua vida. Vê-se que toda a carga dos significados deste significante está centrada apenas no desejo do homem. O desejo de felicidade é uma carência do homem projetada por ele e que se dirige a ele, como sinônimo de alegria, satisfação e completude da vida. 
Sabe-se, no entanto, que há pessoas as quais lutam por toda existência para obter aquilo que julga ser a felicidade, e, ainda assim, não são felizes. Outros homens nada fazem para buscar a felicidade, e, também não são felizes. Outros ainda, não lutam demasiadamente, nem deixa de almejar a felicidade, quer por palavras, quer por ações e reações, e, ainda assim, não são também felizes. A questão é que ninguém é feliz apenas por buscar a felicidade, porque dar-se-ia que ela se reduziria a uma mercadoria comprável, elaborável ou construível a partir das ações humanas. As questões do ser feliz e do estar feliz necessitam ser consideradas, porque aquela é um estado contínuo, resultante de alguém ser completo e perfeito, já, esta, é mera consequência da dose de expectativa que o homem projeta sobre si, sobre os outros homens e sobre o mundo. Neste sentido, o que produz o estado de felicidade para um, pode produzir a tristeza e a desgraça de outro. O estar feliz é efêmero, mas o ser feliz é um princípio inerente e imanente daquele que é portador da felicidade. Portanto, feliz é o homem que ganha a felicidade de Cristo.
Pv. 8:34 - "Feliz é o homem que me dá ouvidos, velando cada dia às minhas entradas, esperando junto às ombreiras da minha porta." O texto demonstra na sua essencial significação que o homem é feliz quando ouve a Palavra de Deus e a considera, guardando ou internalizando cada dia aquilo que Deus estabelece como verdadeiro e justo. Ele espera e guarda as coisas espirituais como um processo natural e não como um ritual de religião exterior.
Pv. 3:13 - "Feliz é o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire entendimento." o estado de ser feliz é a consequência de o homem achar a sabedoria e obter o entendimento a partir dela. Sabe-se que há duas naturezas de sabedoria: a terrena e do alto. A terrena é humana e diabólica conforme informa Tg. 3:15 - "Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica." É um estado passageiro, porque sediado na Terra, é originada na alma, porque é animal e também diabólica, porque as Escrituras afirmam que quem cogita das coisas do homem é o Diabo conforme Mc. 8:33b - "Para trás de mim, Satanás; porque não cuidas das coisas que são de Deus, mas sim das que são dos homens." A razão porque a sabedoria humana é desqualificada é o que consta no verso 14 da epístola de Tiago: "Mas, se tendes amargo ciúme e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade." O que é o ciúme senão o desejo que algo ou alguém lhe seja por exclusiva propriedade? O sentimento dividido conduz o homem infeliz a dar glória e a mentir contra a verdade. Sabe-se que a verdade não é uma mera concepção, mas uma pessoa, a saber, Cristo. Ele mesmo afirma que é 'a verdade, o caminho, e a vida.'
A sabedoria que provém do alto, ou seja, de Deus difere substancialmente da sabedoria terrena conforme Tg. 3: 17 e 18 - "Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. Ora, o fruto da justiça semeia-se em paz para aqueles que promovem a paz." Uma coisa será pura quando não se deixa contaminar ou poluir por outras coisas de naturezas diferentes. O ato de ser pacífico resulta de ter a paz, e, esta é também uma pessoa, isto é, Cristo. Ele mesmo diz: 'a minha paz vos dou, não vo-la dou como o mundo a dá.' O mundo presume produzir a paz a partir de coisas, mas Cristo doa-se a si mesmo. A moderação é o equilíbrio, ou seja, evitar os extremos. Ser tratável é aquele que é aberto às manifestações e reações externas. A plenitude da misericórdia ocorre quando se tem perfeita consciência que o coração do homem é miserável e carece da graça de Deus em Cristo. Os bons frutos não são o resultado da ação que parte da iniciativa do homem, mas que resulta da ação de Deus no homem. A imparcialidade é a condução sem pender, nem para a direita, nem para a esquerda sobre as demandas do mundo e dos homens. Por isso Jesus, o Cristo afirma em Jo. 12:43 - "... porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus." Assim, a felicidade do homem está naquilo em que ele põe o seu coração, o seu entendimento e de onde busca a sabedoria. A glória dos homens é terrena, almática e diabólica. Portanto, é transitória, mas a glória de Deus é espiritual, celeste e divina. Deus é felicidade, não apenas  possui felicidade como que uma porção mágica que se dispensa aos homens e depois acaba, necessitando de maiores porções a cada momento. Ele é a própria felicidade, porque completo, pleno e absoluto.
A infelicidade humana consiste em encobrir as suas transgressões, ou seja,  em não reconhecer quem de fato é. Na maior parte das vezes o homem apenas declara verbalmente algum erro ou mau comportamento, mas isto não é confissão. Ao conhecer e reconhecer-se o homem decaído tem a graça para confessar-se pecador e de suplicar a misericórdia de Deus para remissão das suas transgressões. Assim, feliz só poderá ser o homem que achou a graça que salva mediante a fé, e, ambas não são resultantes dos seus atos de justiça própria, mas da misericórdia graciosa d'Aquele que é a própria felicidade.
Solo Christus!

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