segunda-feira, março 26

A DIFERENÇA ENTRE VERDADE E RELIGIÃO

Jo. 8:31 e 32 - "Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram: se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.."
Tg. 1:26 e 27 - "Se alguém cuida ser religioso e não refreia a sua língua, mas engana o seu coração, a sua religião é vã. A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo."
Há profunda e abismal diferença entre verdade e religião. O senso comum não se apercebe das diferenças, porque foi adestrado pela cultura judaico-cristã ocidental a ver uma como sinonímia da outra. Tal ignorância resulta de um processo massificante de crendices, misticismo e alienação produzido ao longo da história pela igreja institucional. 
Vê-se no primeiro texto, que, a verdade não é apenas uma concepção, mas uma pessoa, a saber, Cristo. A condição para conhecê-Lo como a verdade é a permanência na Sua Palavra. Como consequência de tal permanência, se torna discípulo, ou seja, seguidor da Palavra da Verdade. Tal verdade, uma vez inoculada no pecador, processa o que se chama de fé, a fé produz confiança na graça que é a causa primeira da redenção conforme o registro de Ef. 2: 8 e 9 - "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie." A ordem do ensino neste texto é meridianamente clara: a graça salva, porque o homem não pode ser o agente promotor da sua própria salvação, visto que não possui justiça própria, e, consequentemente, não possui méritos. A fé leva o pecador a confiar plenamente na ação monérgica de Deus. Ambas, graça e fé, agem para que o pecador eleito antes dos tempos eternos receba a verdade e se torne discípulo de Cristo. A vivificação é o resultado final do processo absolutamente decidido, provido por meios eficientes e eficazes, e, finalmente executado na plenitude do tempo conforme I Co. 15:22 - "Pois como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados." A vivificação do homem é necessária, porque após a queda, este se tornou morto para Deus, ou seja, separado da sua comunhão. Assim, é essencial, que, Aquele que é o portador da vida eterna, o inclua em sua morte de cruz, para, na sua ressurreição conceder-lhe a vida eterna novamente. Adão foi o primeiro homem arquétipo de todos os pecadores, Cristo o último Adão, arquétipo de todos os regenerados. O primeiro homem era apenas alma vivente, o segundo homem espírito vivificante. Cristo se fez homem em Jesus, para matar a morte da raça adâmica no homem decaído, ressuscitando ao terceiro dia para restituir a vida espiritual e reconciliar o redimido novamente a Deus.
A religião é uma ação sinérgica, ou seja, resulta dos esforços humanos em reencontrar o caminho de volta a Deus por seus próprios esforços, méritos e justiças. Acontece, entretanto, que tais ações estão contaminadas pela natureza adâmica decaída e morta para Deus. A religião não é validada no campo espiritual sem o novo nascimento. O inteiro teor do texto do apóstolo Tiago mostra que a religião é uma prática consequente e não determinante, além de ser do homem e dirigida ao homem. Refrear a língua, ser generoso com os necessitados e guardar-se isento da corrupção do mundo são  fatos da esfera puramente humana. Tais fatos ainda que desejáveis e exigidos como pureza diante de Deus, não são possíveis sem a regeneração. É impossível ao homem natural praticar este nível de religião proposto por Deus por meio de Tiago. 
A palavra religião não é originalmente hebraica ou grega. Muito antes de judaísmo e cristianismo, os poetas e sacerdotes de cultos dos povos mais antigos se utilizavam deste termo. Os poetas datílicos diziam que religião era: "culto prestado aos deuses", portanto, não designava a prática monoteísta como pretendem o judaísmo e o cristianismo. Para eles, a palavra religião era proveniente de 'relliquiae' ou 'relíquia', ou seja, algo antigo e herdado culturalmente. Os latinos, notadamente, Cícero, o termo é proveniente de 'relegere' que quer dizer reeleger: acreditava-se que o homem voltou a reeleger Deus como objeto de culto, retornando-se a Ele novamente. Lactâncio e Sérvio estabeleceram a etimologia da palavra religião em 'religio' ou 'religare', que, em última análise, seria propriamente 'o fato de se religar aos deuses'. Na poesia ou filosofia epicurista de Tito Lucrécio se dizia: "religionum animum nodis exsoluere pergo." significando: "esforço-me por libertar a alma dos nós das religiões." O prefixo 're' dá o sentido da acepção atual do vocábulo religião como: 'tornar a ligar'. Assim, só se torna a ligar, aquilo que foi uma vez desligado. Neste caso religião é a vã tentativa do homem decaído de se religar a Deus por meio de seus próprios esforços. 
Deus não fundou nenhuma religião, Cristo não encorajou a prática religiosa, mas colocou diante do homem a possibilidade de ser liberto verdadeiramente pela fé genuína em Sua Palavra. Ser discípulo de Jesus, o Cristo quer dizer apenas confiar plenamente em Sua Palavra. 
Sola Scriptura!

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