Mc. 16: 15 e 16 - "E disse-lhes: indo por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado."
O texto acima tem gerado muitas controvérsias ao longo dos tempos entre religiosos de diversos e diferentes matizes. Isto porque é mais fácil polemizar para atribuir maior verdade ao sistema de crenças ao qual defendem do que se aprofundar no conhecimento de Deus. Entretanto, buscar e confrontar-se com a verdade, estritamente bíblica, requer revelação do alto, a qual não se obtém por meio de religião. O Novo Testamento foi escrito em língua grega, mas não o grego erudito. Utilizou-se do grego koinê que era a língua falada pelas massas populares. O objetivo de Deus ao conduzir e inspirar os hagiógrafos a adotar tal recurso de escrita foi para atingir a maior parte das massas perdidas em seus delitos e pecados. Usar uma língua em norma culta serviria apenas a um reduzido grupo de homens instruídos. Entretanto, ao utilizar a língua corrente serviria, tanto às massas ignaras, quanto aos eruditos, pois uma pessoa iletrada compreende a língua comum, mas não compreende a língua erudita. O douto, consegue entender ambas as formas de linguagens.
O verbo ir do texto de abertura deste estudo grafa-se, em grego koinê, da seguinte forma: [πορευθεντες]. Quanto à forma, o modo e o tempo em que foi grafado, admitem-se três traduções:
a) Particípio aoristo no grego koinê, isto é, indica uma ação já ocorrida, assumida e sacramentada, ou seja, significa 'ido';
b) Gerúndio na língua portuguesa, ou seja, 'indo';
c) Imperativo como tradução livre ou forçada, a saber, 'ide'.
No texto que abre este estudo tem-se a seguinte estrutura: "... indo por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura..." Então, o sujeito da ação é todo e qualquer cristão, porém eleito e regenerado, pois do contrário, não teria o que anunciar. Um cristão, não regenerado é apenas um religioso e não possui o verdadeiro evangelho de Cristo. O verbo indica a ação no particípio grego ou no gerúndio em português, visto que nesta última língua, não há o modo e o tempo aoristo do grego koinê. Portanto, considerando o particípio e o gerúndio, o sujeito que anuncia o evangelho já está devidamente consciente de suas ações, quanto ao anúncio do evangelho por toda parte, isto é, por onde for. E, finalmente, admitindo o verbo no imperativo, o sujeito é obrigado a ir pelo mundo e pregar a toda criatura. Neste último caso, não seria o resultado da ação de Deus, mas do esforço humano, como que, por mérito e justiça própria. Isto exclui a ação como sendo monérgica e a coloca como sinérgica. Tal manipulação desqualifica a graça pela qual os pecadores são alcançados conforme Ef. 2: 8 a 10. Sem contar que, se assumirmos, erroneamente, que o verbo é imperativo, a maioria dos cristãos está pecando por não ir e anunciar o evangelho a toda criatura.
Ao apropriar-se do verbo no particípio aoristo tem-se que o sujeito já foi, a saber, já assumiu que anunciar o evangelho a toda criatura, por toda parte, por todo o tempo é consequencial e não imperativo. Assumindo que o verbo está no gerúndio, o sujeito está cônscio da responsabilidade permanente de anunciar o evangelho a toda criatura como consequência da sua nova natureza. Finalmente, assumindo, como a maioria assume, que o verbo é uma ordem imperativa, o sujeito é obrigado a ir aos campos designados para que pregue o evangelho. Aqueles que assumem esta última posição o fazem, alegando que o verbo no imperativo se torna mais harmônico com o contexto. Entretanto, nem forçando a gramática não se pode traduzir 'poreithentes' como imperativo. Logo, não há harmonia algum em traduzir um determinado verbo, que se acha em um modo e tempo, para outro modo e tempo apenas para agradar a natureza decaída do homem. Tal alegação se dá por duas razões: primeiro por falta de revelação e necessidade de agir segundo suas naturezas religiosas decaídas e não regeneradas; segundo, porque isto satisfaz seus esforços baseados no mérito, como se o homem pudesse operar a salvação aos pecadores apenas pelos seus esforços. Conscientes ou inconscientes, presumem tomar o lugar do Espírito de Deus no convencimento dos pecadores conforme Jo. 16:9.
Ao apropriar-se do verbo no particípio aoristo tem-se que o sujeito já foi, a saber, já assumiu que anunciar o evangelho a toda criatura, por toda parte, por todo o tempo é consequencial e não imperativo. Assumindo que o verbo está no gerúndio, o sujeito está cônscio da responsabilidade permanente de anunciar o evangelho a toda criatura como consequência da sua nova natureza. Finalmente, assumindo, como a maioria assume, que o verbo é uma ordem imperativa, o sujeito é obrigado a ir aos campos designados para que pregue o evangelho. Aqueles que assumem esta última posição o fazem, alegando que o verbo no imperativo se torna mais harmônico com o contexto. Entretanto, nem forçando a gramática não se pode traduzir 'poreithentes' como imperativo. Logo, não há harmonia algum em traduzir um determinado verbo, que se acha em um modo e tempo, para outro modo e tempo apenas para agradar a natureza decaída do homem. Tal alegação se dá por duas razões: primeiro por falta de revelação e necessidade de agir segundo suas naturezas religiosas decaídas e não regeneradas; segundo, porque isto satisfaz seus esforços baseados no mérito, como se o homem pudesse operar a salvação aos pecadores apenas pelos seus esforços. Conscientes ou inconscientes, presumem tomar o lugar do Espírito de Deus no convencimento dos pecadores conforme Jo. 16:9.
A melhor tradução para o verbo ir no texto, objeto deste estudo, seria 'ido', pois indica que o sujeito já foi. Porém, em língua portuguesa tal modo verbal não é de uso comum ou perde o sentido. Entretanto indica, primeiramente, que o sujeito foi reconciliado com Deus, e, secundariamente que já assumiu sua missão de anunciar o evangelho. O pecador regenerado assume pela fé que é um enviado a anunciar o evangelho a toda criatura, em qualquer tempo, em qualquer lugar do mundo. Não se trata de uma ação circunstancial, mas de uma ação soberana de Deus e continuada. Até porque, a maioria dos cristãos verdadeiros não sai pelo mundo anunciando o evangelho. Nem por isso Deus deixa de chamar os que são seus e cujos nomes estão escritos no Livro da Vida do Cordeiro.
Muitos dos que advogam a tradução do verbo no imperativo o fazem por soberba religiosa e pelo desejo de prestar serviço humano a Deus. Esta atitude é a mera presunção de substituir as "boas obras" ou a "obra de Deus", pelas obras humanas. Isto é absolutamente diabólico. Também, porque tal postura determina que a liderança faça exigência constante por contribuições financeiras a fim de sustentar a "obra de Deus." Todavia, quem é nascido do alto sabe que Deus executa a sua vontade, independentemente do homem e seus pressupostos. O mesmo Deus que salva o pecador pela graça o capacita e o sustenta a fim de que o evangelho cumpra o seu desideratum eterno. Fazer Deus se curvar à boa vontade do homem é tentar desconstruir a soberania d'Ele e subordiná-lo ao pecador. Ao contrário, Deus faz que qualquer homem execute a sua vontade, querendo ou não. Há inumeráveis exemplos desta verdade nas Escrituras, tais como, o caso de Jonas e sua pregação em Nínive; Paulo e sua conversão a caminho de Damasco. É Deus quem faz dos seus eleitos e regenerados pescadores de homens. Mas a religião quer fazer pecadores de pescadores de Deus. Nesse caso, dar-se-ia que o peixe pesca o pescador.
At. 1:8 - "Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra." Vê-se que os nascidos de Deus são por ele capacitados pela ação do Espírito Santo e não por seus projetos e planos humanos. Ser testemunha implica em ser mártir por causa do evangelho, porque a palavra 'testemunha' em grego neotestamentário é 'mártir.' Não é uma promessa par ser herói ou admirado neste mundo. Observa-se que a ordem dos fatos é gradativa, pois é primeiramente em Jerusalém, ou seja, o mais próximo do novo nascido. Depois na Judeia, ou seja, um pouco mais longe. Depois em uma região mais ampla, a Samaria. E, por último, em todo o mundo.
Mt. 28:19 - "Portanto indo, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo." Fazer discípulos de todas as nações significa, em última instância, dar aulas e ensinar pessoas acerca de algo ou algum conhecimento. Não significa fazer transculturação, ou seja, levar a cultura do país do religioso aos outros povos, mutilando-os e causando conflitos étnicos e antropológicos. Por conta destes erros grosseiros a serviço de dominação ideológica é que muitos países fecharam suas portas ao evangelho. Então, neste caso quem é o perseguidor é o religioso que viola seus costumes em nome de uma crença que nem mesmo ele vive por faltar-lhe mais exatidão.
Sola Scriptura!