sexta-feira, junho 1

AMAS-ME OU TENS APENAS AFEIÇÃO POR MIM?

Jo. 21: 15 a 19 - "Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu-lhe: sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: apascenta os meus cordeirinhos. Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Pastoreia as minhas ovelhas. Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Entristeceu-se Pedro por lhe ter perguntado pela terceira vez: amas-me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queres. Ora, isto ele disse, significando com que morte havia Pedro de glorificar a Deus. E, havendo dito isto, ordenou-lhe: segue-me."
Há no texto grego neotestamentário uns quatro significantes para o significado amor. São estes os significantes e seus significados: 
'fileo' [Φιλεo] que significa 'amor fraterno' ou 'afeição humana'; 
'eros' [ἔρως] que significa 'amor carnal', 'atração sexual' ou 'amor erótico';
'storgué' [στοργή] que significa 'amor familiar ou de parentesco';
e, finalmente, 'agape' [ἀγάπη], significando 'amor divino', 'amor perfeito', ou ainda, 'amor profundo'.
Muito se tem debruçado sobre o tema amor ao longo dos tempos. Filósofos, desde os gregos antigos, passando pelos modernos, vindo até os contemporâneos discorrem sobre o amor. As concepções são diversas e seguem diferentes vertentes e tendências. Nas Escrituras, por outro lado, são enfatizadas algumas palavras, tanto no hebraico veterotestamentário, quanto no grego koiné neotestamentário, sobre o assunto em tela. Não se tratando, todavia, de um mero debate filosófico, psicológico, literário ou fisiológico, mas como uma prática concreta e resultante do processo do novo nascimento. Nas Escrituras, o amor não é romanceado. 
Há entre religiosos, uma inclinação para um amor apenas no discurso. Porém não se concretiza em ações e reações. Muitos desses religioso ou cristãos nominais, amam apenas de lábios, mas não agem em qualquer sentido para por em prática o amor de Deus. O apóstolo Tiago afirma em Tg. 2:16 - "...se algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso?" O apóstolo João completa este ensino conforme I Jo. 3:18 - "Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade."
O texto que abre este estudo é um diálogo mantido entre Jesus, o Cristo e o discípulo Pedro, visto que até então, o mesmo era apenas um seguidor de Jesus. O Mestre o interpelou três vezes sobre a natureza do seu amor. Na primeira vez Jesus perguntou a Pedro: "Pedro, tu me amas mais profundamente do que a estes?" O verbo amar, nesse caso, foi 'agapas', porque está flexionado, concordantemente com o pronome tu. Pedro, então, respondeu: "sim Senhor, tu sabes que tenho afeição por ti", usando o verbo 'philó', também flexionado com o pronome ti. Então, Jesus, o Cristo lhe disse: "apascenta os meus cordeirinhos." É como se Jesus, o Cristo dissesse: 'Pedro tu me agape?' E Pedro respondesse: 'sim, tu sabes que eu te filó'. Jesus, então indaga uma segunda vez: "Pedro, tu me amas?" Pedro, segunda vez, repetiu a primeira resposta: "sim, Senhor, tu sabes que eu tenho afeição por ti". Jesus, disse-lhe: "apascenta as minhas ovelhas". Terceira vez Jesus, o Cristo indagou: "Pedro, tens afeição por mim?" Ao que Pedro respondeu, caindo em si: "Senhor, tu sabes tudo. Sabes que tenho apenas afeição por ti." Jesus, lhe disse outra vez: "apascenta as minhas ovelhas." Ou seja, Pedro só poderia cuidar da Igreja, quando conhecesse o verdadeiro amor por meio do novo nascimento.
Portanto, este diálogo mostra com clareza que Jesus, o Cristo propôs a Pedro o amor profundo e verdadeiro procedente de Deus. Ou seja, propôs doar a sua própria vida a Pedro, visto que Cristo mesmo é o próprio amor. Entretanto, Pedro não poderia alcançar este amor até então. Suas respostas foram, repetidamente, com o amor meramente fraterno ou de afeição humana. O amor 'agape' só é possível após o novo nascimento. O homem natural é capaz de amar, e muito mal, outras categorias de amor almático, mas não o espiritual. Por esta razão Jesus disse a Pedro, em outro contexto: "Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos. Respondeu-lhe Pedro: Senhor, estou pronto a ir contigo tanto para a prisão como para a morte. Tornou-lhe Jesus: digo-te, Pedro, que não cantará hoje o galo antes que três vezes tenhas negado que me conheces." - Lc. 22: 31 a 34. Pedro apenas poderia amar profunda e plenamente, quando fosse convertido. Toda a soberba religiosa de Pedro foi desfeita na noite do julgamento de Jesus, quando o negou por três vezes, conforme predito por Cristo. Muitos religiosos sofrem da síndrome de Pedro: mantêm uma presunção de amor, mas suas almas ainda não foram regeneradas. Seus espíritos continuam mortos para Deus, porque não experimentaram o novo nascimento que nada tem a ver com fé religiosa, práticas ritualísticas de religião e cumprimento de preceito sobre preceito. É como foi dito em Mc. 7:6 - "Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim."
Sola Scriptura!

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