sexta-feira, dezembro 30

BATIZADOS EM CRISTO

Gl. 3: 27 - "Porque todos quantos fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo."
Há diversos ritos nas diferentes sociedades humanas. Muitos são ritos de passagem, outros são ritos religiosos. O batismo conforme o evangelho é uma ordenança de Jesus, o Cristo, geralmente, confundido e praticado apenas como mero ritual na maior parte das religiões ditas cristãs. Entretanto, é necessário distinguir as categorias de batismos descritos no evangelho, porque, de fato, há um só batismo conforme Ef. 4: 5 - "...um só Senhor, uma só fé, um só batismo." Portanto, o único batismo é representado de duas formas: simbolicamente, quando em águas, e espiritualmente, quando na morte em Cristo, sendo este o mesmo sentido do batismo no Espírito Santo, pois este é consequência imediata daquele. Isto é doutrinado em Lc. 3:16 - "...respondeu João a todos, dizendo: eu, na verdade, vos batizo em água, mas vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de desatar a correia das alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo." É uma clara referência a Jesus, o Cristo e o seu batismo espiritual.
Batismo é um substantivo masculino que deriva do verbo batizar. Batizar, por seu turno, provém do grego koinê neotestamentário [βαπτισω] que, transliterado é 'baptizô', o qual significa imergir, mergulhar, introduzir. A ideia dominante é a de que alguém é imergido, mergulhado, incluído, introduzido em algo. No caso do batismo em águas é apenas uma simbologia: quando o batizando é imergido nas águas, simboliza a sua inclusão na morte com Cristo; quando o batizando é emergido das águas, simboliza a sua ressurreição com Cristo. 
Uma outra concepção sobre batismo é o tão propalado batismo no Espírito Santo praticado como um dogma nos círculos pentecostais, carismáticos e neopentecostais. Apoiam-se, portanto, no texto de At. 11: 15 e 16 - "Logo que eu comecei a falar, desceu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós no princípio. Lembrei-me então da palavra do Senhor, como disse: João, na verdade, batizou com água; mas vós sereis batizados no Espírito Santo." Vê-se que o batismo no Espírito Santo não é uma segunda bênção como pretendem alguns. É um ato instantâneo ao momento em que o eleito crê pelo ouvir da Palavra do evangelho. No texto acima fica claro, inclusive, que o batismo simbólico era praticado antes mesmo do Cristianismo por João, o batista. Portanto, com o novo nascimento ocorre o batismo no Espírito Santo. Isto significa dizer que, o Espírito de Deus vivifica o espírito morto, a saber, separado d'Ele. Vê-se, ainda que o batismo é "...no Espírito Santo" e não "...com o Espírito Santo." Faz grande diferença, porque "no" é "em" + "o", ou seja, n'Ele. Já, "com" tem o sentido de batizar-se junto com o Espírito Santo, como se também o Espírito de Deus estivesse sendo batizado. Isto é, no mínimo, ridículo. É como, no senso comum, as pessoas dizem: fulano de tal está namorando com sicrana de tal. Ou seja, duas pessoas estão namorando no mesmo momento e lugar, porém com parceiros diferentes. 
Finalmente, o outro sentido mais profundo e espiritual do batismo é a inclusão real, porém, pela fé, na morte de Cristo. Isto fica meridianamente claro em Rm. 6: 3 a 5 - "Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se temos sido unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição..." Vê-se primeiramente que, os eleitos foram batizados na morte de Cristo, ou seja, foram incluídos em sua morte; secundariamente vê-se que, os eleitos foram sepultados com Cristo, ou seja, morreram com Ele; e, finalmente vê-se que, todos os eleitos foram ressuscitados juntamente com Cristo, a saber, ganharam a sua vida. Desta forma o texto confirma que os eleitos andam em novidade de vida, não para alcançar a vida eterna, mas porque foram alcançados por ela.  Foram todos unidos a Cristo em sua morte de cruz, semelhantemente, ressuscitaram juntamente com ele conforme Ef. 2: 6 - "... e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez sentar nas regiões celestes em Cristo Jesus..." Além de tudo, dá a garantia de que, onde Cristo está reinando, também os seus eleitos e regenerados também reinam.
Todas as vezes que se ensina esta doutrina bíblica surgem, por parte dos que ainda não tiveram suas escamas retiradas dos olhos, os seguintes questionamentos: a) como pode ser assim, se a morte de Cristo foi há quase dois mil anos atrás? b) este ensino é herético, porque está isolando texto do contexto; c) Cristo não morreu, porque ele é eterno e não morre. Pois muito bem, vejamos o seguinte: a) tanto os que creram na promessa da vinda do Messias e Salvador antes da sua manifestação na pessoa de Jesus, foi por fé. Semelhantemente, todos quantos creem após a sua morte, também é por fé; b) o ensino é bíblico, portanto, o conceito de heresia é de quem recusa-se a receber as Escrituras como Palavra de Deus. Os textos são isolados por uma questão de espaço, porém todos os seus contextos tratam do mesmo assunto. Basta ler todo o contexto para tirar as dúvidas; c) as Escrituras afirmam, pelas próprias palavras de Jesus, o Cristo que ele morreu de fato e retomou a sua vida conforme Jo. 10: 15, 17 e 18 - "assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai." O que a maioria desconhece é que morte no sentido bíblico não é destruição, mas apenas separação. Neste sentido, Jesus, o Cristo ficou separado de Deus na cruz por causa da atração de todo os pecadores eleitos em sua morte. É desta verdade esplendente que surge a garantia da vivificação para a vida eterna a todos aqueles cujos nomes foram escritos no livro da vida do Cordeiro antes dos temos eternos.
Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Sola Fide!

terça-feira, dezembro 27

FALSOS MESTRES SEMPRE EXISTIRAM E CONTINUARÃO EXISTINDO

II Pd. 2: 1 a 3 - "Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade; também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio; a condenação dos quais já de largo tempo não tarda e a sua destruição não dormita."
Atualmente se veem quase todos os dias acusações, críticas e, por vezes, juízos de valor sobre as vidas de alguns pregadores. São eles acusados de serem falsos profetas e falsos mestres, além de doutrinariamente heréticos e gananciosos. A maior parte dos críticos são religiosos que se apoiam em seus sistemas de crenças, ou em valores morais para julgá-los. A internet está cheia de posts, vídeos e textos críticos sobre diversos líderes, pastores, igrejas e movimentos. Raramente se vê alguém utilizando o espaço virtual para anunciar o evangelho da graça e da misericórdia de Deus em Cristo. Se tais pregadores estão errados ou são mesmo falsos mestres, o ideal é espalhar o verdadeiro evangelho para, pelo menos, anular uma parte dos efeitos deletérios deles sobre o povo. Isto porque eles continuarão existindo até o retorno do Grande Rei. Por mais estranho que pareça é até necessário que hajam tais falsos mestres e heresias para que fique evidente os que são verdadeiros e fieis conforme I Co. 11:19 - "E até importa que haja entre vós heresias, para que os aprovados se tornem manifestos entre vós."
Um mestre se define, enquanto substantivo, como o indivíduo que ensina, porque atingiu elevado nível de saber e conhecimento. Enquanto adjetivo, o mestre é aquele que se destaca como o mais importante, fundamental ou principal em uma ordem ou sistema de conhecimento e prática. Em sentido bíblico, o mestre é aquele que, por ter sido regenerado e provado na fé que recebeu por graça, pode transmitir a verdade vivenciada a outros. Neste caso, tanto transmite o evangelho da cruz aos que ainda não nasceram de novo, como ensina o caminho da cruz aos regenerados para crescimento mútuo. 
 At. 13: 1 a 11 - "Ora, na igreja em Antioquia havia profetas e mestres, a saber: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes o tetrarca, e Saulo. Enquanto eles ministravam perante o Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, depois que jejuaram, oraram e lhes impuseram as mãos, os despediram. Estes, pois, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre. Chegados a Salamina, anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus, e tinham a João como auxiliar. Havendo atravessado a ilha toda até Pafos, acharam um certo mago, falso profeta, judeu, chamado Bar-Jesus, que estava com o procônsul Sérgio Paulo, homem sensato. Este chamou a Barnabé e Saulo e mostrou desejo de ouvir a palavra de Deus. Mas resistia-lhes Elimas, o encantador (porque assim se interpreta o seu nome), procurando desviar a fé do procônsul. Todavia Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, fitando os olhos nele, disse: ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perverter os caminhos retos do Senhor? Agora eis a mão do Senhor sobre ti, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. Imediatamente caiu sobre ele uma névoa e trevas e, andando à roda, procurava quem o guiasse pela mão." Então, na Igreja de Antioquia haviam profetas e mestres. Estes ministravam perante o Senhor e jejuavam e oravam. Alguns foram enviados pelo Espírito Santo a anunciar o evangelho. Deus colocou diante deles um homem desejoso de ouvir a verdade, mas o Diabo também colocou um mago e encantador para desvirtuá-lo. Elimas, o encantador, procurava desviar a fé do procônsul romano. Paulo, então, usando da autoridade a ele conferida, o olhou fixamente e lhe disse que era filho do Diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça. Paulo lhe decretou a sentença: ficarás cego, sem ver o Sol por algum tempo. Imediatamente o incrédulo ficou cego.  Hoje, ao contrário, há milhares que defendem e até chegam às raias da agressão para proteger estes encantadores de bodes.
I Tm. 6: 3 a 5 - "Se alguém ensina alguma doutrina diversa, e não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, injúrias, suspeitas maliciosas, disputas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade é fonte de lucro." Uma das características mais evidentes dos falsos mestres é o ensino contrário ao das Escrituras. A não conformidade com as sãs palavras de Cristo é a exteriorização da natureza pecaminosa não regenerada. A doutrina que procede do evangelho de Jesus, o Cristo é sempre e invariavelmente segundo a piedade. A piedade se define como uma virtude recebida pela regeneração, a qual leva o novo nascido a glorificar apenas a Cristo, se inclinar para as boas obras por Deus preparadas de antemão para que os eleitos andassem nelas. Todas estas práticas não são nativas do homem, mas resultam da ação da Graça de Deus em seus eleitos e regenerados.
Jd. 8 a 11 - "Contudo, semelhantemente também estes falsos mestres, sonhando, contaminam a sua carne, rejeitam toda autoridade e blasfemam das dignidades. Mas quando o arcanjo Miguel, discutindo com o Diabo, disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar contra ele juízo de maldição, mas disse: O Senhor te repreenda. Estes, porém, blasfemam de tudo o que não entendem; e, naquilo que compreendem de modo natural, como os seres irracionais, mesmo nisso se corrompem. Ai deles! porque foram pelo caminho de Caim, e por amor do lucro se atiraram ao erro de Balaão, e pereceram na rebelião de Coré." Outro aspecto dos falsos mestres dentro da Igreja é que são apenas sonhadores. O sentido de sonhador no texto bíblico é aquela pessoa que transforma os seus desejos como se fossem ordenamentos divinos. Transferem seus desejos e taras como se fossem de Deus para que os seguidores os aprovem como grandes virtuoses na Terra. Entretanto, quando são colocados debaixo da autoridade rejeitam veementemente e começam o programa da difamação, disputa, acusação e julgamentos sobre os verdadeiros mestres. O apóstolo Judas está comparando tais falsos mestres aos anjos caídos por semelhança dos seus atos. Mostra ainda que, o arcanjo Miguel, estando debaixo da autoridade de Deus, não ousou pronunciar qualquer juízo contra Satanás. O falso sempre se rebela quando é colocado em cheque. O verdadeiro sempre reconhece que a autoridade é de Deus. Os falsos mestres têm apenas compreensão natural da verdade, a  saber, entendem apenas intelectualmente. Não possuem revelação que do alto vem. Por isso, agem irracionalmente quando confrontados com a verdade espiritual. Abraçam o erro de Balaão que, impedido por Deus aconselhou Balaque a fazer o mal a Israel por amor ao dinheiro. Trilham o caminho de Caim que matou seu irmão por ter sido rejeitado por Deus. E, finalmente, perecem na rebelião de Coré, ou seja, recebem o justo juízo de Deus.
Sola Gratia!

sábado, dezembro 24

REVESTIR-SE DE CRISTO

Gl. 3: 24 a 27 - "De modo que a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio. Pois todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo."
Há nos círculos religiosos, notadamente, entre os que se dizem cristãos uma forte tendência à mitificação e à mistificação da realidade bíblica. Tomam as verdades espirituais e as transformam em crendices humanas para adaptá-las às suas realidades decaídas e corrompidas pela natureza pecaminosa não regenerada. Parece estranho afirmar tal coisa, porque no ideário dominante imaginam que a redenção está na igreja, na prática de ritos e rituais, no estilo de vida reprimido por serem obrigados a fazer ou deixar de fazer determinadas coisas. Entretanto, é bom saber que as Escrituras não se alteram em função das necessidades adaptativas dos homens, por mais bem intencionadas que sejam. Deus não muda conforme Ml. 3:6 - "Pois eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos." Estes fatos se verificam pelo comportamento e, por vezes, enfrentamentos entre pessoas de práticas religiosas diferentes. Cada um cultiva uma série de preceitos, regras e normas, julgando serem as tais a única verdade. Por isso, não aceitam as práticas uns dos outros, o que anula qualquer possibilidade de verdade. Há profundos conflitos, mesmo entre membros de uma mesma igreja.
I Pd. 3: 3 a 6 - "O vosso adorno não seja o enfeite exterior, como as tranças dos cabelos, o uso de jóias de ouro, ou o luxo dos vestidos, mas seja o do íntimo do coração, no incorruptível traje de um espírito manso e tranqüilo, que és, para que permaneçam as coisas Porque assim se adornavam antigamente também as santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam submissas a seus maridos; como Sara obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor; da qual vós sois filhas, se fazeis o bem e não temeis nenhum espanto." Contrariamente ao que ensinam as Escrituras, muitos religiosos se apegam exatamente aos comportamentos exteriores como evidência de verdade e fé. Transformam usos e costumes em doutrina. O interior, a saber, a alma e o espírito estão absolutamente entregues a sentimentos anti-cristãos, quando não, pagãos. A proposta do ensino petrino é que os eleitos e regenerados se revistam de um traje de espírito manso e tranquilo. Tal espírito é obrigatoriamente aquele que foi reconciliado com Deus por meio do novo nascimento. O novo nascimento só acontece por eleição antes dos tempos eternos e se concretiza historicamente pelo recebimento da Graça de Deus em Jesus, o Cristo. Este fato é realizado concretamente na fé que o pecador eleito foi incluído na morte com Cristo, e, consequentemente, em sua ressurreição. O apóstolo Pedro está ensinando neste texto, não que a mulher seja uma nulidade, mas que sejam guiadas pelo espírito regenerado. Não é uma questão dos trajes exteriores, mas do espírito vivificado.
Rm. 13: 13 e 14 - "Andemos honestamente, como de dia: não em glutonarias e bebedeiras, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo; e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências." Vê-se que o andar dos eleitos e regenerados deve ser às claras e pautado por uma auto-disciplina natural e consequente de um pleno revestimento de Cristo. Ora, quantas brigas, dissoluções e divisões se veem em muitas igrejas por disputar cargos, opiniões, controle. Tudo por causa da natureza pecaminosa não regenerada, mas apenas encoberta por palavras e religião exterior. O revestimento de Cristo não é uma decisão moral e cerimonial, mas uma mudança de mente nos termos da metanoia ensinada por Paulo em II Tm. 2:25 - "...na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade..." Revestir-se, pois, do Senhor Jesus, o Cristo não é apenas uma mudança de comportamentos exteriores. Os comportamentos morais e exteriores mudam como consequência de uma mente renovada, não como causa de tal renovação. Mudam as práticas, porque o espírito foi vivificado. Mudam os comportamentos, porque a alma está sendo purificada dos atos pecaminosos herança da velha natureza pecaminosa. Não são as práticas religiosas exteriores que mudam o velho homem adâmico, mas a experiência de novo nascimento que mudam as velhas práticas e comportamentos.
Cl. 3: 12 a 14 - "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de coração compassivo, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição." A primeira evidência exterior de uma mente renovada pelo novo nascimento é a capacidade de suportar e perdoar aos outros. Os eleitos e regenerados são pecadores cuja natureza pecaminosa foi aniquilada na cruz conforme Hb. 9:26 - "...mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." Veja que, a manifestação de Cristo na pessoa histórica de Jesus, foi de ".. uma vez por todas..." Não é uma manifestação esporádica ao sabor dos humores e desejos dos corações corrompidos dos homens. Foi apenas uma vez, sendo esta suficiente e eficiente para sempre. Muitos religiosos sofrem da "síndrome da pipoca", a saber, sobem e descem ao sabor da efervescência e dos acontecimentos. Quando as coisas estão favoráveis e satisfazendo seus anseios e desejos são os mais "espirituais"; quando os eventos e fatos lhes são desfavoráveis, são os mais frios e incrédulos. Ora, só se pode falar em espiritualidade aqueles cujos espíritos foram vivificados em Cristo conforme I Co. 15:45 - "Assim também está escrito: o primeiro homem, Adão, tornou-se alma vivente; o último Adão, espírito vivificante." Veja, Adão, era apenas alma vivente, mas Cristo, o último Adão, espírito vivificante. Jesus, o Cristo tipificou o último da raça decaída descendente do primeiro Adão. O seu espírito tornou-se morto para Deus, por isso, Cristo se manifestou em Jesus para matar a raça decaída do primeiro Adão e reconciliá-lo novamente. Apenas o revestimento da justiça de Cristo pode reconduzir o espírito, antes corrompido e decaído do homem, novamente a Deus pela inclusão na morte e na ressurreição. Este é o sentido de revestir-se de Cristo. O revestimento de Cristo não é um conjunto de comportamentos morais e rituais, ainda que sejam bons socialmente, não salvam.
Sola Scriptura!

domingo, dezembro 18

A JUSTIFICAÇÃO É PELA GRAÇA MEDIANTE A FÉ

Fl. 3: 1 a 10 - "Quanto ao mais, irmãos meus, regozijai-vos no Senhor. Não me é penoso a mim escrever-vos as mesmas coisas, e a vós vos dá segurança. Acautelai-vos dos cães; acautelai-vos dos maus obreiros; acautelai-vos da falsa circuncisão. Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne. Se bem que eu poderia até confiar na carne. Se algum outro julga poder confiar na carne, ainda mais eu: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei fui fariseu; quanto ao zelo, persegui a igreja; quanto à justiça que há na lei, fui irrepreensível. Mas o que para mim era lucro passei a considerá-lo como perda por amor de Cristo; sim, na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo, e seja achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé; para conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição e a e a participação dos seus sofrimentos, conformando-me a ele na sua morte, para ver se de algum modo posso chegar à ressurreição dentre os mortos."
Justificação é substantivo que deriva do verbo justificar. Justificação é o ato de ter sido justificado. Entretanto, no sentido bíblico, não se trata de auto-justificação, mas de ter recebido a justiça divina contra o pecado que torna qualquer homem injusto perante Deus. Desta forma a justificação é o ato ou efeito da graça de Deus que toma o homem injusto e o torna justo, reconciliando-o novamente ao estado anterior à queda.
Rm. 3: 4 e 5 - "Pois quê? Se alguns foram infiéis, porventura a sua infidelidade anulará a fidelidade de Deus? De modo nenhum; antes seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso; como está escrito: para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fores julgado. E, se a nossa injustiça prova a justiça de Deus, que diremos? Acaso Deus, que castiga com ira, é injusto? (Falo como homem.) De modo nenhum; do contrário, como julgará Deus o mundo?" Neste texto, o apóstolo Paulo está doutrinando os nascidos de Deus em Roma. Paulo parte da premissa que Deus é verdadeiro e o homem mentiroso, a saber, Deus é justo, independentemente, daquilo que alega o homem em sua defesa. A mentira a que alude o texto é uma forma de demonstrar que há no homem natural um estado permanente de pecaminosidade que o torna morto e injusto perante Deus pela culpa do pecado. Na mente corrompida do homem, especialmente, dos religiosos só é injusto aquele homem que comete muitos erros, pecados e delitos previstos em lei. Todavia, é bom saber que, no sentido bíblico, injusto é todo homem que já nasce com a natureza pecaminosa. Por esta razão é que apenas Deus pôde justificá-lo, executando a perfeita justiça em Cristo na cruz. E todos os pecadores eleitos estavam incluídos n'Ele para receber a perfeita justiça substitutivamente.
Do contexto acima depreende que é pela injustiça do homem que se vê a justiça de Deus, visto que a justiça própria não é aceita diante d'Ele. A infidelidade do homem não pode anular a graça de Deus. Muitos homens religiosos sofrem a vida inteira por querer apresentar-se diante de Deus por sua própria justiça. Imaginam estes que é por impor-se a si mesmos um modelo ou padrão de comportamento que convencerá Deus a lhes ser favorável. Ora, se o homem não se reconhecer pecador e culpado, como poderá Deus perdoá-lo e justificá-lo? Poderá a justiça própria baseada em méritos anular a justiça de Deus? Caso esta afirmativa fosse correta, a morte substitutiva e inclusiva de Cristo na cruz teria sido em vão. Esta seria a anulação da graça pela lei.
Gl. 3: 1 a 5 - "Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi representado Jesus Cristo como crucificado? Só isto quero saber de vós: foi por obras da lei que recebestes o Espírito, ou pelo ouvir com fé? Sois vós tão insensatos? tendo começado pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis? Será que padecestes tantas coisas em vão? Se é que isso foi em vão. Aquele pois que vos dá o Espírito, e que opera milagres entre vós, acaso o faz pelas obras da lei, ou pelo ouvir com fé?" Mais uma vez o apóstolo Paulo apela aos cristãos da Galácia que reflitam sobre a questão da justificação. Eles haviam sido justificados pela fé, mas diante das pressões do sistema religioso do judaísmo estavam tentando conciliar fé e obras. Eles estavam negando a justificação pela fé na morte substitutiva e inclusiva de Jesus, o Cristo. Paulo demonstra que, foi pela fé que haviam experimentado o novo nascimento e recebido um novo espírito. Mostra ainda que, buscar a justificação pelas obras da lei é retornar à carnalidade, negando a espiritualidade. Finalmente, Paulo recorda aos gálatas que até mesmo a operação de milagres foi pela fé e não por cumprir preceitos, regras e normas cerimoniais.
Muitos que se auto-intitulam cristãos hoje agem exatamente como os da Galácia, pois colocam seus bons comportamentos morais e suas boas obras como garantia de justificação perante Deus. Quando se deparam com o verdadeiro ensino das Escrituras, os quais demonstram o contrário, reagem acusando o mensageiro de heresia. Eles olham para o mensageiro e não para a mensagem, porque é mais fácil refutar um homem. Dentro de todas as denominações religiosas ocorre o mesmo fato: se apegam a um conjunto de doutrinas por eles mesmos escolhidas e eleitas como suas verdades. Tudo o que estiver fora desse corpo doutrinário é heresia e deve ser combatido até o fim. Isto caracteriza exatamente a justificação por suas próprias obras da lei. É uma espécie de fé humana em doutrinas, mas não é uma fé que procede de Cristo, visto que a fé não é uma virtude humana, mas provém de Deus.
O texto de abertura inicia sua doutrinação apelando a que todos os eleitos e regenerados se acautelem dos erros doutrinários de obreiros e ensinos de justificação por méritos. Cães traz a noção de homem natural que age apenas pelo seu próprio instinto. Falsos obreiros são aqueles que levam os religiosos a desenvolver obras de justiça própria, sem lhes apresentar a inclusão na morte de Cristo. A falsa circuncisão é uma referência ao cumprimento de ritos religiosos a fim de alcançar a reconciliação com Deus, sem Cristo. Todavia, Paulo mostra que a circuncisão é a atitude daqueles que recebem, pela graça, a justificação pela fé e não em atos ritualísticos da lei moral e cerimonial conforme o ensino de Ef. 2: 8 a 10 - "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas."
O próprio apóstolo Paulo dá o testemunho que abriu mão de todos os ritos e práticas religiosas anteriores para ficar apenas com o conhecimento de Cristo. O verdadeiro evangelho consiste em conhecer a Cristo apenas pela fé. Tal conhecimento implica em ter sido reconciliado pela graça mediante a fé por meio da inclusão do pecador na morte de Cristo, como também em sua ressurreição. É este o sentido da expressão utilizada pelo apóstolo Paulo: "... e seja achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé..." Ser achado em Cristo é uma realidade inclusiva e não um ato puramente contemplativo como na maioria das religiões humanistas.
Sola Scriptura!
Sola Fide!
Sola Gratia!