domingo, dezembro 20

A FÉ É O FIRME FUNDAMENTO E A CERTEZA NO INVISÍVEL V

Hb. 11:1 - "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem."
A fé como doutrinada no texto acima significa a plena confiança, a garantia ou a "escritura" nas promessas de Deus. Desta forma, a fé é a certeza, no espírito, que a Palavra de Deus é fiel, independentemente, do homem e seus pressupostos. A expressão traduzida por "firme fundamento" no grego koinê é [υποστασις] 'hipostasis', ou seja, substância. Tal expressão aparece também traduzida como 'certeza', indicando que a fé bíblica é  que produz absoluta certeza, confiança e garantia no espírito dos eleitos e regenerados. Não é uma mera esperança ou expectativa, mas algo como uma "escritura" lavrada por Deus para testemunho da sua graça e misericórdia para com os eleitos. Assim como a escritura de um imóvel é a garantia de propriedade do dono, também a fé é a garantia da fidelidade de Deus para com a sua própria promessa redentora. Não é por causa do homem, mas por causa d'Ele mesmo.
O texto de abertura na língua original do Novo Testamento é grafado da seguinte forma: "εστιν δε πιστις ελπιζομενων υποστασις πραγματων ελεγχος ου βλεπομενων." 'Estin' é o verbo ser no presente do indicativo da 3ª pessoa do singular. 'De' é uma partícula primária com função de conjunção, significando "além do mais." 'Pistis' é o substantivo feminino fé. 'Elpizomenõn' é o verbo esperar na 1ª pessoa do plural, no genitivo passivo. 'Hipostasis' é um substantivo normativo feminino, significando: certeza, substância, garantia, fundamento, essência, persuasão. 'Pragmatõn' é substantivo neutro genitivo plural, indicando a ideia de 'das coisas' no sentido pragmático. 'Elegssos' significa prova, certeza, convicção e evidência. Possui a ideia de uma sentença com provas irrefutáveis ao espírito do homem e não em evidências exteriores. 'Ou' é um advérbio de negação, significando 'não'. E, finalmente, 'blepomenôn' que é verbo particípio passivo, neutro plural genitivo. Significa 'vemos' e se refere a visão física e não metafórica. Portanto, uma tradução livre deste verso seria: "Fé é o alicerce firme sobre o qual repousam todas as promessas de Deus apenas por sua palavra." A ênfase do versículo é que a fé está conectada a dois substantivos: 'substancia' e 'convicção'. Assim, FÉ = CERTEZA + CONVICÇÃO, porém tudo é invisível e intangível, porque se trata de um dom e não de uma virtude humana.
A fé não é uma luta mental travada por alguém para forçar algum acontecimento desejado. O alimento ou combustível que Deus utiliza para gerar a fé nos seus eleitos e regenerados são os obstáculos. Isto se dá, porque a natureza humana tende a insistir em padrões estabelecidos pela alma contaminada por atos pecaminosos. Neste sentido, a alma tem a tendência de buscar gratificação, satisfação e prazer em si mesma. Leva o homem a uma espécie de êxtase prazeroso como evidência de alguma manifestação sobrenatural. A maioria dos religiosos experimenta apenas poderes latentes da alma, na suposição que são experiências espirituais. Desta forma, são enganados e enganam-se mutuamente sendo presa fácil aos interesses do Diabo.
George Mueller escreveu: "muitas pessoas estão prontas a crer nas coisas que lhes parecem prováveis." Neste caso a fé destas pessoas está repousada em probabilidades e não em certezas. Ora, há fatos e acontecimentos altamente prováveis, mas nada têm a ver com fé, visto que esta repousa exatamente no improvável pelo homem. A fé bíblica começa, exatamente, onde o reino das probabilidades humanas termina. Quando os sentidos naturais do homem fracassam, aí começa o domínio da fé. Por esta razão o apóstolo Paulo afirma em II Co. 5: 6 e 7 - "Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos presentes no corpo, estamos ausentes do Senhor porque andamos por fé, e não por vista." Isto mostra que não são as sensações ou experiências emocionais e sensoreáveis que nos põem no domínio da fé. Não é pelo que se vê, mas pela certeza absoluta no que Deus diz em sua palavra.
Gl. 2:20b - "... e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus..." Não é o "eu" que vive, mas Cristo vive nos nascidos de Deus. A vida natural é vivida na fé do filho de Deus e não mais nas possibilidades, probabilidades, impressões e sensações almáticas. Desta forma, fica claro o porquê de a grande maioria dos homens não alcançarem a verdade espiritual. Por isto criam alternativas na religião e na crendice para ocupar o imenso vazio de Deus em seus corações. Outros, preferem negar e abnegar de qualquer coisa relacionada a fé. De fato, o apóstolo Paulo tem toda razão quando afirma que "... a fé não é de todos." Entretanto, aqueles que são possuídos pela fé verdadeira não são perfeitos e melhores que os demais. Apenas receberam a graça para crer e depender de Deus. 
Cl. 2:6 e 7 - "Portanto, assim como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim também nele andai, arraigados e edificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, abundando em ação de graças." Veja que os eleitos e regenerados não aceitaram a Cristo, mas apenas o receberam. O ensino é que os eleitos andem em Cristo e não ao lado d'Ele. É a ideia de andar na plena dependência da vida de Cristo que neles habita. A partir desta condição espiritual é que a fé é confirmada nos corações dos nascidos do alto. A fé é a consequência natural do nascido de Deus que, por esta razão, está sempre abundando em ações de graças.
Sola Fide!
Sola Gratia!
Solo Christus!

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