quarta-feira, maio 20

O DIABO, VOSSO ADVERSÁRIO IX

I Pd. 5: 8 a 11 - "Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que os mesmos sofrimentos estão se cumprindo entre os vossos irmãos no mundo. E o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, confirmar e fortalecer. A ele seja o domínio para todo o sempre. Amém."
Há, como já dito, muitas lendas e histórias sobre o Diabo no ideário popular em todos os tempos e lugares. Uma dessas lendas é o famigerado "Pacto com o Diabo." Ora, seria de nenhuma valia tal pacto, porque todos os homens já nascem contaminados pela natureza pecaminosa inoculada pelo Diabo. Portanto, o Diabo não faria qualquer pacto com alguém que já está sob seu controle. Jesus deixa claro aos líderes da religião que eles eram controlados pelo Diabo conforme Jo. 8:38 a 44 - "Eu falo do que vi junto de meu Pai; e vós fazeis o que também ouvistes de vosso pai. Responderam-lhe: nosso pai é Abraão. Disse-lhes Jesus: se sois filhos de Abraão, fazei as obras de Abraão. Mas agora procurais matar-me, a mim que vos falei a verdade que de Deus ouvi; isso Abraão não fez. Vós fazeis as obras de vosso pai. Replicaram-lhe eles: nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus. Respondeu-lhes Jesus: se Deus fosse o vosso Pai, vós me amaríeis, porque eu saí e vim de Deus; pois não vim de mim mesmo, mas ele me enviou. Por que não compreendeis a minha linguagem? é porque não podeis ouvir a minha palavra. Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira." Foi um diálogo tenso, especialmente para os religiosos, porque ouvir algo diferente do recebido, internalizado, customizado e praticado é revoltante mesmo. Nota-se nos círculos das religiões, ditas cristãs, que tais reações são as mesmas. As relações entre religiosos e não religiosos ou mesmo entre religiosos de diferentes denominações são amigáveis até o limite em que se confrontam doutrinas. Na maior parte das vezes tais doutrinas são meras crenças sistematizadas e não ensinos espirituais vindos das Escrituras. Quando o ensino provém do alto, mesmo havendo alguém enganado, logo o tal é convencido pelo poder da Palavra. 
Observa-se, no texto retromencionado, que Jesus, o Cristo não lhes ocultou as suas verdadeiras origens, mas os religiosos reivindicavam para si a filiação de Deus e de Abraão para autenticar suas posições absolutamente erradas. Entretanto, o Cristo os conduziu para a essência da questão que é aquilo que a natureza residente e resistente opera. Se a natureza é pecaminosa, portanto, controlada pelo Diabo, a reação é de contundente oposição. Se a natureza é a da divina semente, a reação é sempre por meio das Escrituras, ou mesmo,  não há reação. Por fim, o Cristo lhes declara com todas as palavras: "Vós tendes por pai o Diabo." Prosseguiu Jesus com a explicação desta constatação, mostrando as verdadeiras intensões dos seus corações. Tramavam matá-lo por temor a uma nova mensagem, uma nova ordem que desfazia o antigo e costumeiro. O homem é por natureza reativo ao novo.
O mais significativo não é fazer pactos com o Diabo, mas sair do pacto já existente desde o nascimento. O rei Davi tinha a clara percepção desta verdade quando confessou em Sl. 51:5 - "Eis que eu nasci em iniquidade, e em pecado me concedeu minha mãe." Este engano grassa as ditas igrejas cristãos: supõem em seus sistemas doutrinários de cunho apenas humanistas que a pessoa é pecadora porque comete pecados. Entretanto, o ensino das Escrituras mostra com clareza que o homem é pecador porque possui natureza pecaminosa. A única forma de ser libertado é morrendo na cruz em Cristo. A morte do homem foi o seu desligamento da glória de Deus por ocasião da sua queda pecaminosa. Portanto, a morte de Cristo foi para matar a morte do homem, a saber, aniquilar a sua culpa do pecado, ou o corpo do pecado, ou ainda a natureza pecaminosa. Rm. 6: 6 e 7 - "... sabendo isto, que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado. Pois quem está morto está justificado do pecado." Observa-se que o texto se refere ao "velho homem" e não a um "homem velho." Faz toda diferença, porque a questão tratada o texto é de natureza adâmica e não da idade cronológica de alguém. Quando a velha natureza pecaminosa herdada do primeiro Adão é destruída no último Adão, surge uma nova criatura reconciliada com Deus conforme II Co. 5:17 - "Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." No texto original em grego koinê é usada a expressão "nova geração" e não "nova criatura". Isto porque, os regenerados na morte de Cristo foram gerados outra vez em Cristo.
A obra maior do Diabo é o engano, porque, por ele se consegue trazer todos os demais males e a ruína. O truque diabólico é propor o "bem" para trazer o mal, porque se fizesse ao contrário afugentaria a todos. Ele, então sugere que aquilo que o homem chama de mal pode, na verdade, trazer o bem. Ele usa a isca mais eficiente que há desde o Éden: apelar para uma suposta sabedoria e um grande benefício pessoal. Foi o argumento que usou com Eva conforme Gn. 2:5 - "Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal." Tal proposta gerou e gera o desejo obter a divindade, profundo conhecimento de si, das coisas e dos outros. Consequentemente, tal sabedoria traz como resultado o engano conforme I Tm. 2:14 - "E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão." Adão pecou, porque era portador de uma lei, mas Eva foi apenas ludibriada pelo desejo. Quem quebra uma ordem sem conhecimento, mas por influência de outro foi enganado, mas quem quebra uma ordem tendo recebido orientação para não quebrá-la é apenas transgressor, mas pecador. A transgressão é um ato pecaminoso oriundo da natureza pecaminosa que é a iniquidade, ou seja, a perda da equanimidade, do equilíbrio ou da razão.
Os anjos não conheciam o mal, até que a iniquidade surgiu no coração de um deles. O homem não conhecia o mal, ainda que ele já existisse e houvera sido colocado no Éden. Ambos, Diabo e homem, passaram a conhecer o mal e se tornaram escravos dele quando o experimentaram. O primeiro a dar lugar à iniquidade foi o anjo querubim que se tornou Diabo. Depois ele reproduziu o processo no coração do homem para induzi-lo à incredulidade. O Diabo colocou diante de Eva a possibilidade de ser "como Deus" e não como o Diabo. Então, acreditar superficialmente que, pelo fato de uma religião falar acerca de Deus, de amor, da verdade, de caridade e de paz é uma proposta autêntica é o grande projeto de Satanás desde os tempos do cristianismo primitivo. O objetivo do Diabo no Éden era levar Eva à desobediência pelo desejo de conhecimento e de semelhança a Deus, porém ele apontou, primeiramente, para uma experiência com Deus e não com os demônios. A proposta era muito clara: desobedecer a Deus para ser como Deus. Ora, esta é a lógica mais tola e muitos estão caindo nessas mensagens e pregações ainda hoje. É neste sentido que o Diabo é o adversário dos que conhecem a verdade, pois eles não se deixam enganar. Por esta razão é que Jesus, o Cristo afirma em Jo. 8:32 e 36 - "... e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.  Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres."
Solo Christo!
Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Sola Fides!
Soli Deo Gloria!

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