domingo, janeiro 12

CRISTIANISMO SEM CRISTO IV

I Tm. 4: 1 a 5 - "Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de homens que falam mentiras e têm a sua própria consciência cauterizada, proibindo o casamento, e ordenando a abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos com ações de graças pelos que são fiéis e que conhecem bem a verdade; pois todas as coisas criadas por Deus são boas, e nada deve ser rejeitado se é recebido com ações de graças; porque pela palavra de Deus e pela oração são santificadas."
Apostasia é um substantivo feminino que traz diversas acepções. Entretanto, neste estudo interessam apenas algumas das suas conotações: 'abandono da fé', 'renegação' e 'ato de renúncia.' É neste sentido que se permite falar sobre "Cristianismo sem Cristo". Verifica-se claramente, pelo texto de abertura, que os apóstatas dão as costas, não às igrejas ou às religiões, mas à fé. A razão é também dada, a saber, eles preferem dar ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios. As pessoas responsáveis pela doutrina e ensino adotam uma postura hipócrita, dizendo apenas aquilo que o homem pecador prefere ouvir. É relevante o fato que o texto situa tais realidades dentro da igreja e não fora dela. Por esta razão se pode falar em um tipo de cristianismo diabólico! Na verdade, é um cristianismo onde Cristo não possui a centralidade e a preeminência. É um cristianismo fora das Escrituras e fora da cruz. É uma fé em um mundo sem rumo comandado por um Deus que não sabe o que faz e por um salvador desconhecido. É o cristianismo relativizado pelo homem e não absoluto como ensinado por Cristo.
Richard Niebuhr afirmou sobre o liberalismo teológico moderno o seguinte: "um Deus sem ira trouxe homens sem pecado a um reino sem julgamento por meio das ministrações de um Cristo sem uma cruz." Isto é contrário ao ensino bíblico, porque as Escrituras afirmam em Rm. 1:18 "Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça." Ora, sabe-se que impiedade se refere às atitudes de alguém que não conhece e não tem inclinação para Deus. A injustiça é a consequência imediata da natureza pecaminosa no homem decaído. Esta é razão porque a única maneira eficiente e eficaz para destruir tal natureza é matando-a na morte compartilhada de Cristo na cruz. Ali na cruz é que Deus aplicou a reta justiça contra a injustiça do pecado inoculado no homem por Satanás. Desta forma o oposto de verdade espiritual é a injustiça pecaminosa. É o estado de ausência de justeza em relação à natureza de Deus e não o sentido forense de justiça. Por isto se diz que o homem foi corrompido e caiu por causa do pecado. Tal corrupção representou a ruptura da relação divina no homem pecador, o qual passou a ter por natureza uma relação decaída alinhada a Satanás.
Então, o autor Richard Niebhur faz tal afirmação veemente aos que não possuem experiência de novo nascimento. Ao contrário do que ele diz, o mundo religioso e sem Cristo busca um Deus sócio e não um Deus soberano. Apresentar Deus como um velhinho de barbas brancas flutuando no ar e cercado de anjinhos é uma visão falsa da religião medieval e dominante. A ira de Deus  é contra a natureza pecaminosa e isto traz juízos eternos conforme palavras do próprio Cristo em Mt. 25:46 - "E irão eles para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna." Observa-se que, tanto a vida, como a condenação são ambas realidades eternas. Estes justos não são pessoas perfeitas que obtiveram justiça com base em seus atos meritórios, mas são aqueles que receberam a justiça de Deus executada em Cristo e na inclusão deles na sua morte e consequente ressurreição. As Escrituras mostram em diversas instâncias que o homem não pode desenvolver justiça que o isenta da sua natureza pecaminosa. A justiça atribuída aos homens, enquanto questões ético-morais são úteis apenas sociologicamente. Não lhes rende dividendos espirituais para a salvação! Este é um erro grosseiro desenvolvido por religiosos sem qualquer base escriturística. O pecador gosta de pensar que é ele mesmo o promotor da sua redenção, mas as Escrituras não ensinam isto.
Apresentar ao mundo um Cristo vitorioso, glamouroso e que se põe à disposição para atender aos caprichos do homem decaído é uma falácia religiosa. Este mesmo erro foi cometido pelos líderes religiosos da Israel no tempo de Jesus, o Cristo. Eles esperavam e, ainda esperam, um Cristo libertador político. O Messias da promessa, especialmente, em Isaías é essencialmente um libertador espiritual. Por esta razão os próprios judeus foram "idiotas úteis" no processo de acusação, julgamento e execução da pena de Jesus, o Cristo. Eles julgavam estar livrando a fé judaica de um impostor, mas realmente, estavam cumprindo as Escrituras. 
Assim, de um lado a cegueira espiritual e do outro a carência e descompensação geradas pelo pecado levam ao desenvolvimento de um Cristianismo apócrifo e apenas nominal. Neste cristianismo Cristo é absolutamente  dispensável e dispensado. A cruz é apenas um emblema simbólico e não um caminho interior a ser trilhado como um princípio fundamental. Deus é um ser passivo e incompetente para cumprir seus decretos eternos. As Escrituras são como um manual de lendas e mitos apenas lido para dar um ar de mistério aos assistentes destas plateias cegas as quais chamam de igrejas. São ambientes extremamente arrogantes, dados á maledicência, sem amor e afeto natural não fingido, sem Cristo, sem Cruz, sem Justiça e, finalmente sem Deus.
Sola Scriptura!

Post Scriptum: o símbolo que adorna este estudo foi utilizado por cristãos dos primeiros séculos da Igreja. Os dizeres em grego koinê significam: 'Jesus Cristo Filho de Deus e Salvador.'

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