sexta-feira, outubro 4

SOBRE MALDIÇÃO IV

Ex. 20: 3 a 6 - "Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na Terra, nem nas águas debaixo da Terra. Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E uso de misericórdia com milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos."
O nível de crendices místicas é tão elevado entre religiosos que, alguns veem adotando práticas judaizantes, seja por ensino recebido e não averiguado, seja por achar que isto lhes faz mais santos perante Deus. É comum ver evangélicos grafando a palavra "Deus" reduzida a apenas "D'us". Esta prática surge do fato de os judeus praticantes não pronunciarem o nome de Deus, por considerar o mandamento que diz: "Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão." Ora, além de ser uma prática judaizante, também é uma falta de informação e até mesmo falta de cultura. O fato é que o vocábulo "Deus" não é o nome de Deus. É um substantivo masculino que indica o princípio supremo considerado nas religiões como superior à natureza. Refere-se ao ser infinito, perfeito, criador e sustentador do universo ou a qualquer divindade. O mandamento que orienta ao povo hebreu a não tomar o nome d'Ele em vão tem a ver com o uso banal, vulgar e sem adoração. A ordem é para não usar o nome em vão, ou seja, vaidosamente, aleivosamente e sem discernimento de quem ele realmente é. Usar como objeto de negócio e barganha e não como objeto de culto e adoração.
Na mesma linha judaizante, o que se vê hoje em diversas igrejas é a instituição dos "levitas" na suposta adoração. Alguns se esmeram em formar grupos musicais e verdadeiros departamentos de "levitas", os quais chamam de ministério. Bem, os levitas ou filhos de Levi foram, no tempo da velha aliança, uma das doze tribos de Israel responsável pela organização do culto, dos cânticos, da oração. Eles sequer receberam terras para viver diferentemente das demais tribos. Deveriam viver do sustento dos dízimos e ofertas do povo. Atualmente todos os judeus que têm por sobrenome "Cohen" são descendentes desta tribo.
A verdade é que há profunda diferença entre alguém dizer que crê e viver da fé conforme o ensino de Rm. 1:17 e 18 - "Porque no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: mas o justo viverá da fé. Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça." O justo a que se refere o texto é a pessoa que foi justificada em Cristo para a salvação. Este eleito recebeu a imputação da justiça de Cristo ao ser n'Ele incluído em sua morte de cruz pela fé. Isto faz todo o sentido, porque ninguém que viveu antes ou depois da crucificação estava lá, portanto, é algo que se crê para a justificação. A 'revelação de fé em fé' significa que tudo o que o nascido de Deus recebe é da fé e para fé. As Escrituras não ensinam crendices, superstições e misticismos, ensinam outrossim, a verdade e a verdade é uma pessoa e não um conceito. 
O texto de abertura é parte dos dez mandamento, os quais Moisés transmitiu ao povo em nome de Deus. O texto não fala em maldições, fala apenas que Deus visita a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração. Visitar no sentido em que se acha no texto é observar, corrigir, disciplinar aqueles que odeiam a Deus. O próprio texto esclarece o que é odiar ou aborrecer a Deus: 'ter outros deuses, fazer e se curvar diante das imagens deles e adorá-los'. O fato é que não há outro ou outros deues, tais "deuses" são, na verdade, anjos caídos ou demônios. Ainda, o texto mostra que Deus usa de misericórdia muitas vezes mais àqueles que o amam e que não adoram outros deuses, isto é, demônios que se passam por deuses. Caso houvesse, realmente, uma pluralidade de "deuses", certamente Deus não se importaria que as pessoas os adorassem. 
Há na língua hebraica diversas palavras para o vocábulo 'maldição', entretanto, em nenhum dos textos usados pelos místicos evangélicos é utilizado qualquer uma delas. O que há é ausência do ensino da verdade bíblica, dando lugar aos ensinos exotéricos e esotéricos. Tais ensinos são de cunho gnóstico e predominam hoje nas igrejas institucionais ostensiva ou disfarçadamente. Estas pessoas que seguem estes padrões religiosos são objeto do que afirma II Co. 4:4 - "... nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus." A pior situação de um homem é ser religioso incrédulo, porque vive uma suposição de evangelho e adora a si mesmo. Têm a Palavra de Deus em suas mãos, mas não conhecem o Deus da Palavra em seus corações.
Esta apostasia das "maldições familiares" ou "pecados de gerações" foi introduzida nos Estados Unidos e veio ao Brasil, especialmente por Marilyn Hickey. Esta senhora chega ao absurdo ao afirmar que o cristão pode determinar o futuro da sua linhagem ou geração, quebrando as maldições hereditárias. Anula absoluta e totalmente a soberania de Deus sobre o destino dos homens e transfere tal poder ao próprio homem decaído e miserável. Milhões de pessoas aplaudem estas heresias como se fossem a própria voz de Deus no mundo. Este é o espírito do Anticristo dentro das igrejas que não conhecem a Cristo. Estas pregações esdrúxulas afirmam que, se algum dos seus ancestrais deu lugar ao Diabo, isto acarretará maldição hereditária aos seus descendentes. Eles usam bastante o texto de Êxodo 20, entretanto, este texto não menciona pornografia, alcoolismo, depressão, adultério, obesidade, doenças mentais, câncer, pobreza, etc. O texto fala apenas de idolatria como sendo abominável a Deus. É claro que, se os filhos repetem os mesmos pecados dos pais sofrerão as consequências disto. Não se trata, portanto, de maldição hereditária como querem os incrédulos religiosos. É como as leis de trânsito: seguindo o que a lei diz a probabilidade de ser multado ou de sofrer acidentes é quase nula. Porém, ao desobedecer tais leis, você sofre e pode levar alguém a sofrer as consequências sem que ela tenha cometido o erro. O que o texto mostra é a relação de causa e consequência relativas à desobediência aos pactos postos para orientação.
Ex. 18: 1 a 4 - "De novo veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: que quereis vós dizer, citando na terra de Israel este provérbio: os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram? Vivo eu, diz e Senhor Deus, não se vos permite mais usar deste provérbio em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá." O texto é claro em mostrar que os filhos não recebem nenhuma culpa pelos pecados dos pais. O que é ensinado na sequência deste texto é que, se o filho cometer os mesmos pecados dos pais ele responderá por isso. Porém, se o filho não cometer os mesmos pecados dos pais ele será justificado por isso. Todo o contexto se refere a idolatria e iniquidades que são as coisas que Deus odeia, e, por elas, ele visita o homem. A maldição é a natureza pecaminosa e não apenas os atos pecaminosos.
Sola Scriptura!

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