sexta-feira, outubro 25

ENCANTANDO AS COBRAS SURDAS

Sl. 58: 1 a 11 - "Falais deveras o que é reto, vós os poderosos? Julgais retamente, ó filhos dos homens? Não, antes no coração forjais iniquidade; sobre a terra fazeis pesar a violência das vossas mãos. Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, proferindo mentiras. Têm veneno semelhante ao veneno da serpente; são como a víbora surda, que tapa os seus ouvidos, de sorte que não ouve a voz dos encantadores, em mesmo do encantador perito em encantamento. Ó Deus, quebra-lhes os dentes na sua boca; arranca, Senhor, os caninos aos filhos dos leões. Sumam-se como águas que se escoam; sejam pisados e murcham como a relva macia. Sejam como a lesma que se derrete e se vai; como o aborto de mulher, que nunca viu o sol. Que ele arrebate os espinheiros antes que cheguem a aquecer as vossas panelas, assim os verdes, como os que estão ardendo. O justo se alegrará quando vir a vingança; lavará os seus pés no sangue do ímpio. Então dirão os homens: deveras há uma recompensa para o justo; deveras há um Deus que julga na terra."
Biologicamente cobra é a forma generalizada de se referir aos ofídios peçonhentos ou não peçonhentos. Serpente é a forma específica de se referir aos ofídios peçonhentos e venenosos. As cobras e serpentes são naturalmente surdas, ainda que percebam por meio das vibrações ao seu redor e do solo. Assim, os encantadores de serpentes exercem influência sobre as cobras apenas pelo movimento das flautas e não pela música que tocam. Alguns destes artistas de rua untam suas flautas com urina de rato para atrair a atenção das serpentes pelo cheiro. 
Nas Escrituras serpentes e cobras possuem conotação com o mal insinuante e ardiloso. Também se refere a uma pessoa de índole má e traiçoeira. João, o batista antes de Jesus, o Cristo se referia a alguns dos judeus religiosos como raça de víboras conforme Mt. 3: 4 a 9 - "Ora, João usava uma veste de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. Então iam ter com ele os de Jerusalém, de toda a Judeia, e de toda a circunvizinhança do Jordão, e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados. Mas, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao seu batismo, disse-lhes: raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não queirais dizer dentro de vós mesmos: temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão." João, o batista não estava ofendendo gratuitamente a estas pessoas por chamá-las de 'raça de víboras'. Apenas lhes mostrava a real natureza pecaminosa neles residente. Quando o homem optou por ser incrédulo à Palavra de Deus e crédulo à palavra de Satanás incorporado na serpente, tornou-se descendente dela. Isto está registrado em Gn. 3:15 - "Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar." A inimizade colocada foi entre a serpente e a mulher, como também, entre a tua descendência e o seu descendente. Ora, a descendência da serpente são os homens decaídos e portadores da natureza pecaminosa. O descendente da mulher é Cristo, visto que a referência é no singular, portanto, a uma única pessoa. Desta forma todos os homens nascem na raça de víbora, pois Satanás é chamado de "antiga serpente" em Ap. 12:9 - "E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo; foi precipitado na terra, e os seus anjos foram precipitados com ele.
Após João, o batista, o próprio Jesus, o Cristo se referiu aos líderes religiosos judeus como filhos do Diabo conforme Jo. 8:44 - "Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira." Em outra ocasião Jesus, o Cristo também se referiu aos homens como raça de víboras conforme Mt. 23:33 - "Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?" O texto é auto-explicativo: a natureza de serpente e de víboras condena o homem ao inferno. 
O texto de abertura retrata a maldade humana, demonstrando que cada homem é alienado desde o ventre da mãe. Afirma que os ímpios andam errados e são mentirosos desde muito cedo. O salmista está retratando o mesmo fato, a saber, a natureza pecaminosa no homem. Muitos ao ler tais textos ou mesmo ler comentários sobre eles, se sentem agredidos. Discordam que uma criança seja má e defendem que há pessoas bondosas no mundo. Ora, o ensino sobre a natureza pecaminosa não se refere às práticas más dos homens, mas da sua natureza maléfica. Uma pessoa pode viver a vida inteira sem matar, roubar, mentir ou praticar grandes atos reprováveis. Isto não lhe torna bom,  ou mesmo isento da culpa do pecado. Uma coisa é a natureza pecaminosa inoculada no homem pela serpente, outra coisa são os atos pecaminosos dela decorrentes. Tais atos pecaminosos se manifestam ou não, podem ser mais evidentes e frequentes em uns e menos em outros. Eles podem se manifestar em uma fase da vida e em outra não. O fato é que, o que condena o homem ao inferno não são apenas os seus atos pecaminosos, mas é, essencialmente, a sua natureza pecaminosa. Tal natureza herdada de Adão foi o que determinou a perda da glória que o homem possuía antes da queda. Rm. 3:23 - "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus." Por que todos pecaram? Por que são descendentes de Adão o 'cabeça federal de raça', segundo uma expressão hebraica. Isto é confirmado em Rm. 5:12 - "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram."
Alguns imaginam em seus corações enganados: 'eu não sou da raça de víboras e muito menos descendente da serpente, porque sou uma boa pessoa, tenho religião, sou ético e moralmente correto'. Ora, é aí que mora o perigo, pois a natureza pecaminosa tenta, exatamente, gratificar-se para negar o pecado. Desta forma é perda de tempo pregar para que os homens escolham a Deus, aceitem a Jesus, arrependam-se dos seus pecados. Eles não podem fazer isto sozinhos e suas almas contaminadas pela natureza pecaminosa buscam, exatamente, o oposto. No máximo podem procurar uma religião, mas não a redenção da maldição do pecado. A redenção, salvação ou libertação só é possível pela ação monergística de Deus. Isto se dá por meio da fé que, ao morrer, Jesus, o Cristo atraiu o pecador eleito à sua morte de cruz. Também, pela mesma fé, o pecador eleito crê que ressuscitou juntamente com Cristo para a vida eterna.
Sola Gratia!

segunda-feira, outubro 14

SOBRE MALDIÇÃO VI

Jr. 24: 2 a 9 - "E perguntou-me o Senhor: que vês tu, Jeremias? E eu respondi: figos; os figos bons, muito bons, e os ruins, muito ruins, que não se podem comer, de ruins que são. Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: assim diz o Senhor, o Deus de Israel: como a estes bons figos, assim atentarei com favor para os exilados de Judá, os quais eu enviei deste lugar para a terra dos caldeus. Porei os meus olhos sobre eles, para seu bem, e os farei voltar a esta terra. Edificá-los-ei, e não os demolirei; e plantá-los-ei, e não os arrancarei. E dar-lhes-ei coração para que me conheçam, que eu sou o Senhor; e eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; pois se voltarão para mim de todo o seu coração. E como os figos ruins, que não se podem comer, de ruins que são, certamente assim diz o Senhor: do mesmo modo entregarei Zedequias, rei de Judá, e os seus príncipes, e o resto de Jerusalém, que ficou de resto nesta terra, e os que habitam na terra do Egito; eu farei que sejam espetáculo horrendo, uma ofensa para todos os reinos da terra, um opróbrio e provérbio, um escárnio, e uma maldição em todos os lugares para onde os arrojarei."
Como já foi devidamente explicado os textos utilizados ilegitimamente para fundamentar a falsa doutrina das "maldições hereditárias" ou "maldições familiares" não utiliza nenhuma das palavras do texto bíblico hebraico para maldição ou amaldiçoar. Esta mensagem anômala às Escrituras surge do próprio coração do homem tentando encontrar alguma resposta ao sofrimento ou à falta de "sorte" ao longo da vida. Tais pessoas não chegam ao descanso porque não podem crer na graça de Deus. A alma humana, usando dos seus poderes latentes, tenta encontrar alguma forma de autogratificação por meio de subterfúgios e teologias humanistas. Também foi dito que as Escrituras tratam, sim, do assunto de maldição, mas não da forma que é apresentado nas religiões e na crença popular.
No texto de abertura a palavra hebraica para maldição é [hAlAlÙq] 'qelálâ', que, por sua vez, provém da raiz 'qal'. Esta raiz indica algo ou alguém com a qualidade de ser leve, superficial e insignificante. Indica uma espécie de desprezo que tem uma pessoa em relação à outra. Este termo [lÑqEGtÂw] foi usando no texto de Gn. 16: 4 e 5 - "E ele conheceu a Agar, e ela concebeu; e vendo ela que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos. Então disse Sarai a Abrão: sobre ti seja a afronta que me é dirigida a mim; pus a minha serva em teu regaço; vendo ela agora que concebeu, sou desprezada aos seus olhos; o Senhor julgue entre mim e ti." Hagar desprezou a Sara, porque esta era estéril, isto significa dizer que, como mulher ela foi rebaixada pela escrava, mas não em sua posição de esposa legítima. Logo, Sara não foi amaldiçoada por Hagar para perder sua posição. O mesmo sentido se acha no texto de II Sm. 6:22 - "Também ainda mais do que isso me envilecerei, e me humilharei aos meus olhos; mas das servas, de quem falaste, delas serei honrado." Davi diz a Mical que ele se rebaixaria e se humilharia. Isto porém, não é uma auto-maldição. Significa que ele se colocou numa perspectiva de insignificância.
O substantivo 'qelálâ' designa uma espécie de fórmula à ideia de algo ou alguém que foi afastado da escolha divina. Isto é demonstrado em Gn. 27: 11 e 12 - "Respondeu, porém, Jacó a Rebeca, sua mãe: eis que Esaú, meu irmão, é peludo, e eu sou liso. Porventura meu pai me apalpará e serei a seus olhos como enganador; assim trarei sobre mim uma maldição, e não uma bênção." Jacó teve medo que o estratagema armado por sua mãe Rebeca se voltasse contra ele rebaixando-o ou preterindo-o nas bênçãos de seu pai Isaque. Temia ser afastado da bênção da eleição. O mesmo vocábulo é empregado em Dt. 27:13 como antônimo de bênção, relativamente à aliança. 
Os pagãos acreditavam que o homem é capaz de manipular os deuses. Por esta razão lançavam mão da maldição, acreditando que estes lhes obedeceriam prejudicando os seus inimigos. Este foi o caso de Golias que amaldiçoou a Davi conforme I Sm. 17:43 - "Disse o filisteu a Davi: sou eu algum cão, para tu vires a mim com paus? E o filisteu, pelos seus deuses, amaldiçoou a Davi." Obviamente que a tal maldição não encontrou repouso, pois Davi o feriu com uma pedra de funda e cortou o seu pescoço. Na mesma linha de raciocínio pagão, o profeta gentio Balaão foi convocado por Balaque para amaldiçoar a Israel conforme Nm. 22:6 - "Vem pois agora, rogo-te, amaldiçoar-me este povo, pois mais poderoso é do que eu; porventura prevalecerei, de modo que o possa ferir e expulsar da terra; porque eu sei que será abençoado aquele a quem tu abençoares, e amaldiçoado aquele a quem tu amaldiçoares." A sequência do texto mostra que Balaão não pode amaldiçoar o povo de Israel. Contrariamente, Deus ordenou que ele abençoasse o povo israelita e ainda profetizou sobre a vinda de Jesus, o Cristo.
Desta forma o substantivo 'qelálâ' indica a ausência ou a inversão de um estado abençoado ou justo para um estado de rebaixamento ou inferioridade de alguém. Entretanto, tal condição ou situação só se realiza por Deus e nunca por homens ou demônios. Outro termo utilizado como maldição em língua hebraica é 'álâ'. Este termo tem conotação de juramentos ou pactos e de maldições aos que não os cumpre ou quebram. É o caso de Dt. 27: 16 - "Maldito aquele que desprezar a seu pai ou a sua mãe. E todo o povo dirá: Amém." Na sequência do texto veem-se diversos pactos e suas maldições aos que não os cumprissem. Descreve o estado de falta de bênçãos aos que quebrarem tais juramentos, pactos e alianças sagradas. 
O termo hebraico 'háram' traz sentido de devotar para destruição ou para uso sagrado. As palavras 'qelálâ', 'háram', 'meérâ' e 'qebab' são apenas descritivos das circunstâncias relativas à maldição. O termo 'árar', ao contrário, descreve a própria maldição sendo executada. Desta forma cada palavra se aplica a uma circunstância e forma. Entretanto, nenhuma delas diz respeito a descendentes pagando por erros dos seus ancestrais. Biblicamente, não existe "maldições hereditárias" ou "maldições familiares". 
O vocábulo [rûrA'] 'árar' é usado em Gn. 3: 14 e 17 - "Então o Senhor Deus disse à serpente: porquanto fizeste isso, maldita serás tu dentre todos os animais domésticos, e dentre todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. E ao homem disse: porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei dizendo: não comerás dela; maldita é a terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida." No caso da serpente traz o sentido que ela estaria banida das vantagens dos demais animais. Quanto à terra traz o sentido de condenação da qualidade do solo para a produção, ou seja, a sua fertilidade natural seria comprometida e exigiria muito labor do homem para produzir os alimentos. 
Também o vocábulo hebraico [hßrE'üGma] 'meérâ' é utilizado em Dt. 28:20 - "O Senhor mandará sobre ti a maldição, a derrota e o desapontamento, em tudo a que puseres a mão para fazer, até que sejas destruído, e até que repentinamente pereças, por causa da maldade das tuas obras, pelas quais me deixaste." Vê-se que a causa é sempre a quebra dos pactos e ordenanças dadas por Deus. Em Pv. 3:33 - "A maldição do Senhor habita na casa do ímpio, mas ele abençoa a habitação dos justos." Também em Pv. 28:27 - "O que dá ao pobre não terá falta; mas o que esconde os seus olhos terá muitas maldições." E ainda em Ml. 2:2 e 3:9 - "Se não ouvirdes, e se não propuserdes no vosso coração dar honra ao meu nome, diz o Senhor dos exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bênçãos; e já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o vosso coração. Vós sois amaldiçoados com a maldição; porque a mim me roubais, sim, vós, esta nação toda." Verifica-se novamente o sentido de retirar as bênçãos e trazer maldições por quebra de pactos e juramentos.
Ainda há outras três palavras para amaldiçoar no texto bíblico hebraico, mas nenhuma delas se acham nos ensinos heréticos sobre maldições hereditárias.
Sola Scriptura!

sábado, outubro 5

SOBRE MALDIÇÃO V

Gl. 3: 9 a 13 - "De modo que os que são da fé são abençoados com o crente Abraão. Pois todos quantos são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. É evidente que pela lei ninguém é justificado diante de Deus, porque: o justo viverá da fé; ora, a lei não é da fé, mas: o que fizer estas coisas, por elas viverá. Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: maldito todo aquele que for pendurado no madeiro."
Os pregadores do engano sempre se utilizam das Escrituras, mas não para anunciar a verdade. Utilizam-nas para sobrepor as visões dos seus corações enganados e não regenerados. Por serem apenas religiosos, falam conforme a base das suas crendices e do caldo cultural a que foram submetidos ao longo da vida. Eles desprezam a exegese e lançam mão da eixegese, pois ao invés de extrair o que as Escrituras, de fato, afiram, os tais acrescentam a elas as suas próprias palavras. 
Os textos que os pregadores de maldições mais utilizam são o de Ex. 20:5 e de Dt. 25:15. Entretanto nenhum destes textos mencionam qualquer das palavras hebraicas para maldição. Estes pregadores de maledicências afirmam, por conta própria, que se um ancestral cometeu adultérios, alcoolismo, furtos, homicídios, roubos ou tiveram doenças mentais, dificuldades financeiras, vícios e insucesso na vida, isto é transmitido aos seus descendentes. Para tanto, pregam rituais de quebras de maldições hereditárias e outras práticas relacionadas. Ora, o texto de abertura mostra que viver debaixo da lei e não da graça é que é maldição. Isto porque a lei foi dada para evidenciar a natureza pecaminosa do homem. A lei mostra que ninguém é capaz de cumprir regras para sua salvação. 
Estes pregadores do anátema usam o texto de Mt. 12: 29 - "Ou, como pode alguém entrar na casa do valente, e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente? e então lhe saquear a casa." Eles apregoam a crença que se deve amarrar o Diabo para fazer cessar os infortúnios e sofrimentos na vida dos homens. Ora, há tanta gente amarrando o Diabo por tanto tempo, que admira-se que ele ainda esteja solto. O contexto, o texto e os textos correlatos não dizem que o valente é Satanás, mas interpretam assim à revelia. Entretanto, a Palavra de Deus ensina com clareza que Satanás somente será amarrado no retorno do Grande Rei, quando ficará preso por mil anos conforme Ap. 20: 1 e 2 - "E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e o amarrou por mil anos. Lançou-o no abismo, o qual fechou e selou sobre ele, para que não enganasse mais as nações até que os mil anos se completassem. Depois disto é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo." Ninguém entre os viventes tem o poder de amarrar Satanás. Apenas Cristo que o venceu na cruz irá derrotá-lo para sempre ao final do milênio.
O que normalmente acontece nestes sistemas de crenças místicas sobre maldições é que o religioso não tem experiência de novo nascimento, e, portanto, não se conforma com o sofrimento e os infortúnios. Julga que, ao cumprir preceitos, regras e normas legalistas passa a obter méritos perante Deus. Então, conclui erroneamente que, se algo ruim está acontecendo é porque o Diabo o está atacando. Quando seus rituais de orações, jejuns e sacrifícios já não o alivia, passa a desconfiar de Deus e inicia um longo período de autocomiseração, pois imagina em seu coração que não merece passar por dificuldades porque é fiel. Nestes casos, geralmente, o religioso entra em grande esgotamento almático e vai se tornando cada vez mais místico, podendo chegar ao nível de intenso fanatismo.
Pv. 26:2 - "Como o pássaro no seu vaguear, como a andorinha no seu voar, assim a maldição sem causa não encontra pouso." De fato a fé genuína e originada na vida de Cristo retira dos nascidos de Deus o medo. Sem o medo, os regenerados vivem e experimentam a graça que não os permite crer em ensinos enganosos. É certo que Deus é soberano nos céus, na Terra e em todos os recônditos do universo. Nenhuma folha cai no ermo da floresta sem que Deus tenha o controle. Nenhum fio de cabelo cai da cabeça do homem sem que Deus saiba. Portanto, como pode alguém que afirma crer nas Escrituras acreditar que qualquer pecador ou incrédulo tem o poder de amaldiçoar outras pessoas? A maldade do coração do homem não tem limites, mas a maldição não encontrará pouso se não houver as causas determinantes. Como já foi dito por diversas vezes, a maior maldição é o pecado. Quem vive pelo cumprimento de regra sobre regra, preceito sobre preceito estará na dependência destes e não da graça do Altíssimo. 
Pv. 3:33 - "A maldição do Senhor habita na casa do ímpio, mas ele abençoa a habitação dos justos." O ímpio é o homem cuja natureza pecaminosa não foi substituída pela vida de Cristo por meio da inclusão na sua morte de cruz. A impiedade é a injustiça, e, esta, é o pecado. Isto fica claro em Rm. 1:18 - "Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça." Contrariamente, os justificados em Cristo são abençoados até mesmo nos infortúnios, pois tudo quanto sucede aos filhos de Deus é para o seu aperfeiçoamento e vida eterna. Deus está preparando um povo todo seu e zeloso de boas obras para habitar com ele eternamente.
Soli Deo Gloria!

sexta-feira, outubro 4

SOBRE MALDIÇÃO IV

Ex. 20: 3 a 6 - "Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na Terra, nem nas águas debaixo da Terra. Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E uso de misericórdia com milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos."
O nível de crendices místicas é tão elevado entre religiosos que, alguns veem adotando práticas judaizantes, seja por ensino recebido e não averiguado, seja por achar que isto lhes faz mais santos perante Deus. É comum ver evangélicos grafando a palavra "Deus" reduzida a apenas "D'us". Esta prática surge do fato de os judeus praticantes não pronunciarem o nome de Deus, por considerar o mandamento que diz: "Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão." Ora, além de ser uma prática judaizante, também é uma falta de informação e até mesmo falta de cultura. O fato é que o vocábulo "Deus" não é o nome de Deus. É um substantivo masculino que indica o princípio supremo considerado nas religiões como superior à natureza. Refere-se ao ser infinito, perfeito, criador e sustentador do universo ou a qualquer divindade. O mandamento que orienta ao povo hebreu a não tomar o nome d'Ele em vão tem a ver com o uso banal, vulgar e sem adoração. A ordem é para não usar o nome em vão, ou seja, vaidosamente, aleivosamente e sem discernimento de quem ele realmente é. Usar como objeto de negócio e barganha e não como objeto de culto e adoração.
Na mesma linha judaizante, o que se vê hoje em diversas igrejas é a instituição dos "levitas" na suposta adoração. Alguns se esmeram em formar grupos musicais e verdadeiros departamentos de "levitas", os quais chamam de ministério. Bem, os levitas ou filhos de Levi foram, no tempo da velha aliança, uma das doze tribos de Israel responsável pela organização do culto, dos cânticos, da oração. Eles sequer receberam terras para viver diferentemente das demais tribos. Deveriam viver do sustento dos dízimos e ofertas do povo. Atualmente todos os judeus que têm por sobrenome "Cohen" são descendentes desta tribo.
A verdade é que há profunda diferença entre alguém dizer que crê e viver da fé conforme o ensino de Rm. 1:17 e 18 - "Porque no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: mas o justo viverá da fé. Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça." O justo a que se refere o texto é a pessoa que foi justificada em Cristo para a salvação. Este eleito recebeu a imputação da justiça de Cristo ao ser n'Ele incluído em sua morte de cruz pela fé. Isto faz todo o sentido, porque ninguém que viveu antes ou depois da crucificação estava lá, portanto, é algo que se crê para a justificação. A 'revelação de fé em fé' significa que tudo o que o nascido de Deus recebe é da fé e para fé. As Escrituras não ensinam crendices, superstições e misticismos, ensinam outrossim, a verdade e a verdade é uma pessoa e não um conceito. 
O texto de abertura é parte dos dez mandamento, os quais Moisés transmitiu ao povo em nome de Deus. O texto não fala em maldições, fala apenas que Deus visita a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração. Visitar no sentido em que se acha no texto é observar, corrigir, disciplinar aqueles que odeiam a Deus. O próprio texto esclarece o que é odiar ou aborrecer a Deus: 'ter outros deuses, fazer e se curvar diante das imagens deles e adorá-los'. O fato é que não há outro ou outros deues, tais "deuses" são, na verdade, anjos caídos ou demônios. Ainda, o texto mostra que Deus usa de misericórdia muitas vezes mais àqueles que o amam e que não adoram outros deuses, isto é, demônios que se passam por deuses. Caso houvesse, realmente, uma pluralidade de "deuses", certamente Deus não se importaria que as pessoas os adorassem. 
Há na língua hebraica diversas palavras para o vocábulo 'maldição', entretanto, em nenhum dos textos usados pelos místicos evangélicos é utilizado qualquer uma delas. O que há é ausência do ensino da verdade bíblica, dando lugar aos ensinos exotéricos e esotéricos. Tais ensinos são de cunho gnóstico e predominam hoje nas igrejas institucionais ostensiva ou disfarçadamente. Estas pessoas que seguem estes padrões religiosos são objeto do que afirma II Co. 4:4 - "... nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus." A pior situação de um homem é ser religioso incrédulo, porque vive uma suposição de evangelho e adora a si mesmo. Têm a Palavra de Deus em suas mãos, mas não conhecem o Deus da Palavra em seus corações.
Esta apostasia das "maldições familiares" ou "pecados de gerações" foi introduzida nos Estados Unidos e veio ao Brasil, especialmente por Marilyn Hickey. Esta senhora chega ao absurdo ao afirmar que o cristão pode determinar o futuro da sua linhagem ou geração, quebrando as maldições hereditárias. Anula absoluta e totalmente a soberania de Deus sobre o destino dos homens e transfere tal poder ao próprio homem decaído e miserável. Milhões de pessoas aplaudem estas heresias como se fossem a própria voz de Deus no mundo. Este é o espírito do Anticristo dentro das igrejas que não conhecem a Cristo. Estas pregações esdrúxulas afirmam que, se algum dos seus ancestrais deu lugar ao Diabo, isto acarretará maldição hereditária aos seus descendentes. Eles usam bastante o texto de Êxodo 20, entretanto, este texto não menciona pornografia, alcoolismo, depressão, adultério, obesidade, doenças mentais, câncer, pobreza, etc. O texto fala apenas de idolatria como sendo abominável a Deus. É claro que, se os filhos repetem os mesmos pecados dos pais sofrerão as consequências disto. Não se trata, portanto, de maldição hereditária como querem os incrédulos religiosos. É como as leis de trânsito: seguindo o que a lei diz a probabilidade de ser multado ou de sofrer acidentes é quase nula. Porém, ao desobedecer tais leis, você sofre e pode levar alguém a sofrer as consequências sem que ela tenha cometido o erro. O que o texto mostra é a relação de causa e consequência relativas à desobediência aos pactos postos para orientação.
Ex. 18: 1 a 4 - "De novo veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: que quereis vós dizer, citando na terra de Israel este provérbio: os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram? Vivo eu, diz e Senhor Deus, não se vos permite mais usar deste provérbio em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá." O texto é claro em mostrar que os filhos não recebem nenhuma culpa pelos pecados dos pais. O que é ensinado na sequência deste texto é que, se o filho cometer os mesmos pecados dos pais ele responderá por isso. Porém, se o filho não cometer os mesmos pecados dos pais ele será justificado por isso. Todo o contexto se refere a idolatria e iniquidades que são as coisas que Deus odeia, e, por elas, ele visita o homem. A maldição é a natureza pecaminosa e não apenas os atos pecaminosos.
Sola Scriptura!

quinta-feira, outubro 3

SOBRE MALDIÇÃO III

Jr. 11: 1 a 5 - "A palavra que veio a Jeremias, da parte do Senhor, dizendo: ouvi as palavras deste pacto, e falai aos homens de Judá, e aos habitantes de Jerusalém. Dize-lhes pois: assim diz o Senhor, o Deus de Israel: maldito o homem que não ouvir as palavras deste pacto, que ordenei a vossos pais no dia em que os tirei da terra do Egito, da fornalha de ferro, dizendo: ouvi a minha voz, e fazei conforme a tudo que vos mando; assim vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus; para que eu confirme o juramento que fiz a vossos pais de dar-lhes uma terra que manasse leite e mel, como se vê neste dia. Então eu respondi, e disse: Amém, ó Senhor."
Em nenhum texto bíblico diz que o Diabo é quem amaldiçoa as pessoas, sejam elas religiosas ou ateias. Em diversas igrejas institucionais há verdadeiras sessões de exorcização das chamadas "maldições hereditárias". Tais rituais são chamados de "quebras de maldições." Muitos membros de igrejas que não têm estas práticas buscam as tais quebras de maldições. Basta alguma coisa ou uma série de eventos ruins acontecerem, lá se vão os místicos desconfiando de Deus e buscando uma explicação sobrenatural para os infortúnios. O que a maioria ignora, todavia, é que todo homem nasce maldito, porque portador da natureza pecaminosa. Estas pessoas vivem pelo que vê e pelo que sente e não pela fé genuína. Há muitos fatos reputados como ruins e que são perpetrados por Deus para a disciplina e correção dos que ele ama conforme Hb. 12: 5 a 8 - "... e já vos esquecestes da exortação que vos admoesta como a filhos: filho meu, não desprezes a correção do Senhor, nem te desanimes quando por ele és repreendido; pois o Senhor corrige ao que ama, e açoita a todo o que recebe por filho. É para disciplina que sofreis; Deus vos trata como a filhos; pois qual é o filho a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos se têm tornado participantes, sois então bastardos, e não filhos." O mal jamais tem origem em Deus, mas ele utiliza os males do próprio homem natural para discipliná-lo. Em Isaías, Deus afirma que seu braço não está encolhido e nem o seu ouvido agravado para não salvar, mas as iniquidades do homem é que o separa d'Ele. Então, os males sobrevêm por causa da maldição do pecado e não o pecado por causa da maldição. 
A questão fundamental na religião é que o indivíduo entra nela e permanece exatamente o mesmo por longos anos. Não há experiência de regeneração por meio do nascimento do alto. O simples fato de alguém abandonar coisas erradas e passar a ter uma vida mais disciplinada e correta é apenas uma reforma moral e não a geração de uma nova criatura. Há inúmeros ateus que têm vida ética e moral inatacável. O que conta para o efeito de eliminar a natureza desgraçada e amaldiçoada pelo pecado é a morte em Cristo e o ganho da vida juntamente com Ele. Ez. 11: 19 e 20 - "E lhes darei um só coração, e porei dentro deles um novo espírito; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne, para que andem nos meus estatutos, e guardem as minhas ordenanças e as cumpram; e eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus." Os nascidos de Deus têm um só coração na medida em que Cristo passou a viver em todos eles por meio do novo nascimento. Os nascidos de Deus não sofrem reforma moral ou ética, eles recebem um novo espírito não corrompido pela natureza pecaminosa que separou o homem de Deus. Assim como o homem morreu para Deus, no primeiro Adão, morre para o pecado em Cristo, o último Adão. O novo nascido recebe um espírito reconciliado com Deus, ou seja, a culpa do pecado é imputada em Cristo e aniquilada na sua morte conforme Hb. 9:26 - "... mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." A morte de Jesus, o Cristo não foi um ato solitário para pagar o pecado, mas cada pecador eleito foi n'Ele incluído para ter o seu pecado original aniquilado. Quem conduz o pecador eleito à Cristo é Deus conforme Jo. 6:44 - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia." Após a ação monérgica e soberana de Deus, Cristo atrai os eleitos à cruz conforme Jo. 12: 32 e 33 - "E eu, quando for levantado da Terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer." Quem não se inclui neste processo sempre foi e continua sendo maldito pelo pecado, ainda que seja uma boa pessoa, socialmente falando. Logo, a maldição não é hereditária e muito menos pode ser quebrada por confiança a homens religiosos que se acham capazes de controlar Deus e o Diabo em suas igrejas institucionais.
Ne. 13:2 - "... porquanto não tinham saído ao encontro dos filhos de Israel com pão e água, mas contra eles assalariaram Balaão para os amaldiçoar; contudo o nosso Deus converteu a maldição em benção." Alguns reis locais assalariaram Balaão para amaldiçoar o povo de Israel. Entretanto, Deus converteu a maldição em bênção. Esta é a postura de quem, de fato, tem experiência de novo nascimento: confia incondicionalmente no Senhor Deus por meio de Jesus, o Cristo. Isto deve ocorrer independentemente das circunstâncias serem boas ou ruins, pois Deus é soberano e nada escapa ao seu controle.
Caso tais pessoas que amaldiçoam, não estivessem sob o controle de Deus, o mundo já teria sido absolutamente destruído, pois a natureza do homem é má continuamente.
Sola Gratia!

quarta-feira, outubro 2

SOBRE MALDIÇÃO II

Dt. 11: 26 a 29 - "Vede que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, se obedecerdes aos mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu hoje vos ordeno; porém a maldição, se não obedecerdes aos mandamentos do Senhor vosso Deus, mas vos desviardes do caminho que eu hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que nunca conhecestes. Ora, quando o Senhor teu Deus te introduzir na terra a que vais para possuí-la, pronunciarás a bênção sobre o monte Gerizim, e a maldição sobre o monte Ebal."
De uma forma ou de outra, consciente ou inconscientemente, todo religioso é um místico e, por vezes, também um mítico. As pessoas, em geral, recebem enorme carga cultural das crendices e folclores da sociedade em que estão inseridas. Quando abraçam uma determinada religião levam um enorme acervo de temores e receios introjectados em suas mentes. As narrativas das religiões sempre trilham o caminho da ambiguidade entre o bem e o mal. De sorte que, atribui-se o bem apenas a Deus e o mal apenas ao Diabo. Esta visão maniqueísta é reforçada pelos líderes, pois sabem que o medo é uma das maneiras mais eficientes para manter as pessoas cativas a um sistema. Por estas razões os tais religiosos místicos leem as Escrituras com as lentes embotadas pelas suas crendices pessoais e coletivas. A questão da maldição é algo real e concreto na Bíblia. Entretanto, o entendimento deste assunto é absolutamente deturpado. A maior parte dos religiosos, que não experimentaram o novo nascimento, vê a maldição como algo ligado ao Diabo e seus seguidores. O fato de alguns homens deitar maldições sobre outros é por força da natureza pecaminosa, que, por si só é a maior maldição. Seguem a natureza da serpente neles inoculada desde o Éden. Não é sem causa que Jesus e João, o batista usam a expressão "raça de víboras". Esta não é uma expressão idiomática, mas uma constatação, tanto pelo Senhor, como pelo seu precursor.
O verbo amaldiçoar traz as seguintes acepções: 'lançar maldição, declarar mau ou funesto, praguejando contra; maldizer, abominar, execrar.' O substantivo maldição provém deste verbo e significa: 'ato ou efeito de amaldiçoar ou maldizer, infortúnio, desgraça, calamidade.' A natureza pecaminosa cria no homem uma inclinação ao que é mal e ao que é mau. Portanto, é apenas uma questão de colocar em prática esta maldade em momentos e níveis diferenciados. Neste caso, a maldição nada tem de sobrenatural. É algo produzido pelos poderes latentes da alma administrados pelo Maligno. Deus, em nenhum contexto das Escrituras autoriza, quem quer que seja, a amaldiçoar o seu semelhante. Contrariamente, o ensino cristão é para não amaldiçoar conforme Rm. 12:14 - "... abençoai aos que vos perseguem; abençoai, e não amaldiçoeis." Esta é, portanto, uma das marcas de Cristo nos nascidos do alto é abençoar, inclusive, os que os perseguem. A natureza pecaminosa é tão subversiva e arrogante que pressupõe, até mesmo, amaldiçoar o próprio Deus conforme Jó 2:9 - "Então sua mulher lhe disse: ainda reténs a tua integridade? Amaldiçoa a Deus, e morre."
No contexto do texto de abertura, Deus mostra aos hebreus que era aconselhável e prudente a que obedecessem aos mandamentos e ordenanças. Todavia, obedecer é consequência de ter uma natureza inclinada para Deus por meio do nascimento do alto. Não é uma questão de escolha, pois esta vem como consequência da natureza que persiste dentro do homem. Deus lhes traz à memória os grandes feitos quando os tirara da escravidão no Egito. Evidencia como ele agiu poderosamente diante das dificuldades e obstáculos, protegendo-os e alimentando-os pelo deserto. E finalmente, fala como os introduziria na terra de Canaã habitada por outros povos que não conheciam o Deus único. O que é ensinado é muito simples: obedecendo os mandamentos dados por Deus haveriam bênçãos, porque prometidas. Escolhendo desobedecer e adorar aos deuses estranhos, atrairia a maldição. Portanto a bênção e a maldição, deveriam ser proferidas sobre os montes Gerizim e Ebal, na entrada da terra prometida, para lembrá-los como um memorial. Deus não amaldiçoou a ninguém, tão somente colocou diante do povo a lembrança das possibilidades: bênção e maldição. O mesmo método foi colocado no Éden nas figuras da 'árvore da vida' e da 'árvore do conhecimento do bem e do mal'. Assim, prosperidade e a alegria na terra prometida seriam garantidas pela obediência, independentemente das condições naturais desfavoráveis e dos ataques dos povos locais. A desobediência levaria o povo a depender apenas das condições naturais desfavoráveis e lutar contra os inimigos sozinhos. Os mandamentos e ordenanças não eram para a salvação espiritual dos israelitas, mas para a proteção contra os males e perigos na nova terra. A salvação sempre e invariavelmente foi, é e será por Jesus, o Cristo. Antes d'Ele vir, pela fé que viria, durante e depois d'Ele pela fé que ele, de fato, é o redentor Todo-suficiente dos pecadores eleitos. 
A obediência ao Senhor Deus, no contexto, era devida à sua soberania, as provas já demonstradas com sinais reais de libertação poderosa da escravidão. Ao optar pela desobediência o povo hebreu estaria optando por viver por si mesmos e descartando a dependência plena de Deus. A opção seguida pelo povo indicaria o que, de fato, estaria em seus corações: se confiança ou se medo. Não era uma escolha entre obedecer e não obedecer, seguiriam a natureza dos seus corações. A opção por obedecer indicaria que a Palavra de Deus estaria, realmente, internalizada nos corações dos israelitas, teria sido ensinada aos filhos que não o conhecera, seria mostrada em suas casas e demonstrada em diferentes e diversos modos. É a Palavra de Deus que leva à obediência e não a obediência que leva o homem a Deus. Deus estava preparando um caminho sobre-excelente para os israelitas a fim de poupá-los dos sofrimentos e dores de seguir caminhos estranhos à verdade. Deus estava preparando um povo, para, dele trazer o Cristo ao mundo.
Os religiosos místicos cujas vidas almáticas controlam suas mentes e os conduzem a crer que é a obediência que leva a uma vida espiritual plena. Por isto, sofrem e são escamoteados em diversas e diferentes igrejas. O medo é o primeiro sintoma de uma alma não regenerada, pois foi a primeira manifestação consequente do pecado em Adão e Eva. Eles se esconderam por entre os arbustos, porque tiveram medo. O medo é a desconfiança que Deus não é o que diz ser e que não é gracioso e misericordioso. Por estas razões é que o religioso místico vive à cata de profetas e manifestações sobrenaturais. A Palavra de Deus afirma que Satanás não pode sequer tocar nos nascidos do alto conforme I Jo. 5:18 - "Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive pecando; antes o guarda aquele que nasceu de Deus, e o Maligno não lhe toca." O temor e a desconfiança do religioso místico têm origem na incredulidade, pois não confia que Deus é suficientemente poderoso para protegê-lo. Crê que, se algo ruim lhe sucede é porque deu lugar ou "brecha" ao Diabo. Isto é pura crendice religiosa e nada tem a ver com a verdade. Pois, tudo o que sucede aos filhos de Deus procede de Deus, tanto o que se julga por bem, como o que se julga por mal. Nada escapa ao controle soberano de Deus no universo. Do contrário é melhor você se declarar ateu!
Sola Fide!

terça-feira, outubro 1

SOBRE MALDIÇÃO I

Gn. 3:17 - "E ao homem disse: porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei dizendo: não comerás dela; maldita é a Terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida."
Vivemos um tempo de muita busca e pouco encontro. As igrejas institucionais estão, em geral, lotadas. Seus líderes disputam entre si quem oferece mais poder, santidade, curas, libertação da opressão do Diabo. Seus cultos são extensos e recheados de rituais os quais chamam de adoração e de ministração. Suas prédicas são exaltadas e cheias de desafios. Desafiam Deus a ser fiel às suas promessas, mas também desafiam a Satanás a afastar-se dos seus fiéis. Declaram muitas vitórias e contam muitas vantagens para fortalecer suas crenças e atrair mais seguidores. Quanto mais as tais igrejas se enchem, mais soberbos e arrogantes se tornam seus líderes. Logo pensam em dominar os cenários social e político investindo na grande mídia. Adquirem jornais, revistas, rádios e emissoras de televisão. Publicam suas crenças em outdoors, banners e panfletos distribuídos por seus seguidores ardorosos. Aparelham as igrejas com a mais alta tecnologia eletrônica. Há igrejas, dessas institucionais, cujos membros já não leem mais as Escrituras diretamente: os textos são projetados em um telão para que os mesmos leiam. 
Ora, a despeito de todos os aparatos disponíveis e disponibilizados, as igrejas vão de mal em mal, ensinando apenas vaidades que satisfazem aos egos contaminados pela natureza pecaminosa. De todos os pecadores, o pior deles é o pecador religioso, porque vive em uma ambiguidade:  proclama conhecer o evangelho, mas suas mentes são perturbadas e cheias de medos. Temem perder o que possuem, temem o que os outros poderão dizer acerca deles, temem o castigo de Deus e, sobretudo, temem as ações do Diabo e seus demônios. Vivem numa espécie de religião exorcista, na qual os ritos e práticas são para apaziguar seus dramas, desejos e consciências carregadas pelos atos pecaminosos. Disto tudo resulta um culto ufanista que apregoa um evangelicalismo retumbante que só existe no ideário destas pobres almas. No fundo e na intimidade são pessoas cheias de crendices sujeitas aos mesmos problemas que os outros os quais não professam suas crenças. 
Jr. 23:16, 17, 21 e 30 - "Assim diz o Senhor dos exércitos: não deis ouvidos as palavras dos profetas, que vos profetizam a vós, ensinando-vos vaidades; falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor. Dizem continuamente aos que desprezam a palavra do Senhor: paz tereis; e a todo o que anda na teimosia do seu coração, dizem: não virá mal sobre vós. Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei a eles, todavia eles profetizaram. Portanto, eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu próximo." O contexto destes versos é uma advertência aos líderes religiosos de Israel que procediam com soberba e arrogância dizendo o que Deus não disse. Era uma religião puramente humana, porque dissociada da Palavra de Deus.  Hoje se vê o retorno destas mesmas práticas nos círculos religiosos ditos cristãos. Falam de tudo em seus cultos, menos da verdade que está nas Escrituras. Quando abrem a Bíblia, o fazem apenas por hábito e para criar uma atmosfera de legitimidade ao pregador. Os textos são tratados à luz do que o sistema de crenças de cada um defende. Não permitem que as Escrituras falem como Palavra de Deus, mas apenas como manuais de preceitos, regras, normas e práticas adaptadas às exigências de uma sociedade doente pela contaminação pecaminosa herdada de Adão.
O texto de abertura mostra com meridiana clareza que Deus amaldiçoou a Terra por causa do pecado. Não foi o Diabo quem a amaldiçoou, portanto, criar mecanismos ou crendices contra a maldição é perda de tempo. Dentre as fórmulas religiosas se veem frequentemente duas: blindagem dos casamentos e do sucesso de empresários por rituais de puro misticismo. Realizam grandes campanhas e reformulam constantemente os métodos para atrair as pessoas com dificuldades de relacionamento conjugal e insucesso nos negócios. Deus não ordena tais práticas e, muito menos, as suas fórmulas mentirosas e enganadoras. 
A única forma de escapar da pior das maldições é morrendo em Cristo e ressuscitando juntamente com ele. Por isto John Owen escreveu um resumo da verdadeira doutrina há mais de 400 anos: "A Morte, da Morte, na Morte de Cristo." A única maldição que condena o homem eternamente é a maldição do pecado. Por esta razão é que esta morte para Deus deve ser aniquilada na morte com Cristo conforme Hb.  9:26 - "...doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo."
O que passa disto é anátema!
Sola Scriptura!