domingo, agosto 19

A LEI MORAL, A LEI CERIMONIAL E OS DETURPADORES

II Pd. 3: 14 a 18 - "Por essa razão, pois amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por Ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis, e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles. Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que, arrastados pelo erro desses insubordinados, descaias de vossa própria firmeza; antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno."
A primeira regra a ser compreendida é que há diversidade de leis nas Escrituras, entretanto, tais leis podem ser classificadas em duas categorias: a lei moral e a lei cerimonial. A lei moral é também conhecida como a lei de Deus que se expressa nos "Dez Mandamentos". A outra é a lei cerimonial, também chamada de "Lei de Moisés" que se expressa por rituais, cerimônias e preceitos que os judeus deveriam cumprir.
O apóstolo Paulo se refere, por diversas vezes à lei, porém, em alguns casos, não é fácil distinguir a qual das leis ele está se referindo. Lei, no sentido forense, é um conjunto de regras, estatutos, preceitos, normas ou ordenamentos instituídos em uma sociedade para apassivá-la. No contexto deste estudo, não se trata da lei forense, ou seja, da Constituição Federal, dos códigos regulatórios, dos decretos e leis ordinárias. O foco, neste estudo, é a lei no sentido em que é colocada nas Escrituras. No tocante à lei dos homens, a saber, a lei forense sabe-se que é validada e positivada para apaziguamento da sociedade. Embora a maioria das pessoas imagina que a lei forense é apenas para punir os erros dos cidadãos, na verdade, ela visa, primeiramente, evitar que estes cometam crimes, delitos e erros atentatórios. Ela visa inibir, coibir ou desencorajar as práticas criminosas. A punição é a última instância da lei forense, ou seja, quando o cidadão quebrou um ou todos os códigos de conduta e não está apto a viver em sociedade, então sofre as consequências da lei forense. Neste caso a sociedade se protege do indivíduo por considerá-lo inapto à vida em sociedade.
Considere os seguintes textos a seguir:
Gl 3:10 - "Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição..." 
Gl. 3:13 - "Cristo nos resgatou da maldição da lei..." 
Ef. 2:15 - "Aboliu, na Sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças..." 
Cl. 2:16 e 17 - "Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados, que são sombras das coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo."
Vê-se que o apóstolo Paulo está se referindo à Lei Cerimonial, pois é uma menção às práticas ritualísticas e cerimônias. Estas eram ordenanças e estatutos para educar à natureza desenfreada dos homens decaídos acerca do Salvador e sua obra futura. Tais rituais cerimoniais representavam a pregação do evangelho aos judeus. Compunha-se de diversas ordenanças, tais como: diferentes tipos ofertas no templo, holocaustos, abluções, sacrifícios, dias festivos e deveres dos sacerdotes. Todo este aparato cerimonialista apontava para Cristo e seu supremo sacrifício na cruz para redenção dos eleitos e regenerados. Representavam o sacrifício, o perdão e a salvação realizados por Ele em sua morte de cruz. Assim, é esta classe de lei que Paulo diz que caducou. É óbvio, pois tais ordenanças eram o tipo e Cristo o seu antítipo, logo, vindo Ele, cumprindo tudo quanto foi predito sobre a Sua obra, tais ordenanças já não possuem mais validade alguma. Por isso, ao entregar o seu Espírito na cruz diz: "tudo está consumado." Assim não tem sentido algum alguém continuar olhando para símbolos, quando aquele a quem eles se referiam e indicavam já veio e cumpriu a sua obra redentora.
Considere agora estes outros textos a seguir:
Rm. 3:31 - "Anulamos, pois, a Lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a Lei." 
Rm. 7:7 - "Que diremos, pois? É a Lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da Lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a Lei não dissera: 'não cobiçarás.'"
Rm. 7:12 - "Por conseguinte, a Lei é santa, e o mandamento, santo, e justo e bom." 
Ef. 6:2 - "Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa..." 
I Tm. 1:8 - "Sabemos, porém, que a Lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo..." 
Vê-se por estes textos que o apóstolo Paulo está se referindo à Lei de Deus ou à Lei Moral, e, não mais, à Lei Cerimonial ou à Lei de Moisés. Do contrário ter-se-ia de admitir que as Escrituras possuem grandes divergências ou contradições. Ora, a Lei de Deus é universal e eterna é um código específico escrito pelo próprio Deus e entregue ao homem. Esta lei não foi abolida com a morte de Cristo na cruz. Ela permanece valendo a todos os homens, especialmente aos nascidos do alto, pois se origina nos decretos eternos de Deus, sendo portanto permanente. Sabe-se, porém, que nenhum homem é capaz de cumpri-la totalmente. Entretanto, é a vida de Cristo que produz nos nascidos do alto a capacitação para vivê-la. Por isto, Paulo afirma em Gl. 2:16 a 20 - "... sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, mas sim, pela fé em Cristo Jesus, temos também crido em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não por obras da lei; pois por obras da lei nenhuma carne será justificada. Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, é porventura Cristo ministro do pecado? De modo nenhum. Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor. Pois eu pela lei morri para a lei, a fim de viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim."
O próprio apóstolo Paulo afirma no verso 21 o seguinte: "Não faço nula a graça de Deus; porque, se a justiça vem mediante a lei, logo Cristo morreu em vão." Logo, não é pelo cumprimento de rituais, cerimônias, ordenanças e preceitos legais que o pecador eleito é salvo e vive uma vida santificada diante de Deus, mas porque Cristo é a sua vida. Isto é confirmado em Cl. 3: 3 e 4 - "... porque morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória."
Assim, o texto de abertura mostra que alguns deturpadores, ignorantes e instáveis torcem e trocam o sentido da lei cerimonial, abolida em Cristo, pela lei de Deus que é universal e eterna. Eles agem como agiram os legalistas judeus que, ao rejeitar Cristo por causa da lei, rejeitaram a própria lei. Nisto eles mesmos se condenaram naquilo que aprovavam.
Sola Scriptura!

quarta-feira, agosto 15

TIRA O PRIMEIRO PARA ESTABELECER O SEGUNDO

Hb. 10: 1 a 10 - "Porque a lei, tendo a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, não pode nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem de ano em ano, aperfeiçoar os que se chegam a Deus. Doutra maneira, não teriam deixado de ser oferecidos? pois tendo sido uma vez purificados os que prestavam o culto, nunca mais teriam consciência de pecado. Mas nesses sacrifícios cada ano se faz recordação dos pecados, porque é impossível que o sangue de touros e de bodes tire pecados. Pelo que, entrando no mundo, diz: sacrifício e oferta não quiseste, mas um corpo me preparaste; não te deleitaste em holocaustos e oblações pelo pecado. Então eu disse: eis-me aqui no rolo do livro está escrito de mim para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tendo dito acima: sacrifício e ofertas e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem neles te deleitaste os quais se oferecem segundo a lei; agora disse: eis-me aqui para fazer a tua vontade. Ele tira o primeiro, para estabelecer o segundo. É nessa vontade dele que temos sido santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre."
A lei a que Paulo alude neste e em diversos textos é o conjunto de preceitos e regras ordenados por Deus por meio dos profetas. É um corpo de doutrina cujo objetivo era disciplinar o homem por causa da sua natureza pecaminosa. Tal disciplina objetivava preparar os eleitos para a redenção pela fé. A lei de Moisés foi um conjunto de normas fortes, que, em suma, mostrou ao homem decaído que era impossível a ele cumprir pactos e preceitos para a santificação diante de Deus. Por esta razão é dito que a lei foi apenas uma espécie de aio ou professor ao homem em estado pecaminoso conforme Gl. 3: 22 a 25 - "Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos que creem. Mas, antes que viesse a fé, estávamos guardados debaixo da lei, encerrados para aquela fé que se havia de revelar. De modo que a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio." Também é mostrado no Novo Testamento que a lei não pode salvar ninguém conforme Gl. 3:11 - "É evidente que pela lei ninguém é justificado diante de Deus." Portanto, embora a lei não seja contra a fé, todavia, por ela nenhuma carne se salva. Isto porque nenhum homem portador da natureza pecaminosa possui capacidade para cumprir todas as exigências da lei. Cumpre uma ou outra norma,mas nunca todas as normas; cumpre por algum tempo, mas não por todo o tempo.
O texto de abertura mostra que os sacrifícios e ofertas pelo pecado eram apenas indicativos de como seria executada a justiça eterna e definitiva em Cristo. Os preceitos estabelecidos na vigência da lei, apenas mostravam por enigmas, símbolos e tipos como seria feito o sacrifício único suficiente e eficiente na morte de Cristo. Paulo mostra, que, se os sacrifícios e ofertas estabelecidos no pacto da lei fossem suficientes e eficazes, não necessitariam ser repetidos por séculos e séculos. É registrado claramente, que, "... sacrifício e ofertas e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem neles te deleitaste os quais se oferecem segundo a lei." Estava preordenado, antes da fundação do mundo, que o Filho de Deus viria para ocupar o corpo de um homem histórico sem pecado e ser sacrificado para aniquilar definitivamente a culpa do pecado conforme Hb. 9:26 - "... doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." Assim, o pecado original, a saber, a culpa pela incredulidade de Adão que foi transmitida aos seus descendentes foi retirada pela morte de Cristo. A Sua morte foi substitutiva e inclusiva na medida em que Jesus, o homem histórico substituiu o pecador fisicamente e o Cristo, Filho Unigênito de Deus, o substituiu espiritualmente. Isto se define pelo fato de Jesus, o Cristo não ter nenhum pecado, mas Deus o fez pecado, inoculando n'Ele os pecados de todos os eleitos conforme II Co. 5:21 - "Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus." Desta maneira, Deus executou a exigência da Sua lei contra o pecado, ou seja, a morte, justificando o pecador uma única vez e para sempre. Por isto John Owen disse: 'a morte, da morte, na morte de Cristo'.
Então fica evidente, pelas Escrituras, que Deus retirou o primeiro pacto, a saber, a lei que não poderia justificar o pecador, para estabelecer o segundo pacto pela justificação em Cristo. Assim, há grande contraste entre a verdade ensinada nas Escrituras e o que crê a maioria dos religiosos. Estes continuam praticando atos da religião exterior por meio do cumprimento de preceito sobre preceito, regra sobre regra, rito sobre rito. Os tais tentam, ingloriamente cumprir a lei e a graça ao mesmo tempo, entretanto, não conseguem nem um, nem o outro. Portanto, a religião é uma invenção da vaidade humana em querer que o pecador produza a sua própria redenção por meio de sacrifícios e ofertas de justiça própria. Negam, portanto, o sacrifício único e perfeito de Jesus, o Cristo. 
Sola Scriptura!

terça-feira, agosto 14

O PECADO, OS PECADOS E OS PECADORES

Rm. 14:17 a 23 - "... porque o reino de Deus não consiste no comer e no beber, mas na justiça, na paz, e na alegria no Espírito Santo. Pois quem nisso serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens. Assim, pois, sigamos as coisas que servem para a paz e as que contribuem para a edificação mútua. Não destruas por causa da comida a obra de Deus. Na verdade tudo é limpo, mas é um mal para o homem dar motivo de tropeço pelo comer. Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outra coisa em que teu irmão tropece. A fé que tens, guarda-a contigo mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas, se come está condenado, porque o que faz não provém da fé; e tudo o que não provém da fé é pecado."
Há sensível diferença entre o pecado e os atos pecaminosos. Os atos pecaminosos, a saber, atos falhos, desvios de conduta ética e moral, atitudes ruins para consigo e com os outros são, de fato, consequências do pecado. O pecado é a incredulidade no que Deus afirma. O pecado original foi a incredulidade do primeiro homem criado à imagem de Deus. A ele, Adão, fora dito que não comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Todavia, Satanás incorporado na serpente lhe disse que poderia comer sim, pois nada lhe aconteceria de mal. O adversário, não só induziu o homem à incredulidade, como também o levou a um raciocínio errôneo sobre o caráter de Deus. A Adão fora dito que, na verdade, Deus estaria restringindo o seu acesso ao fruto que o tornaria como um 'deus', conhecendo o bem e o mal, à semelhança d'Ele. Diante da sedução por uma mensagem recheada de meias verdades, o primeiro homem se viu atraído pelo desejo, e, descrendo no que afirmara Deus sobre o comer do referido fruto, deu crédito ao que afirmara o inimigo da sua alma. Assim tem sido ao longo da história humana!
Bem, sempre houve, e agora, mais do que nunca, a ideia que toda estas afirmações bíblicas são, na verdade, lendas e mitos. Isto foi previsto conforme II Tm. 4:3 e 4 - "Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas." Em geral, a sociedade moderna é inclinada a buscar e valorizar doutrinas  fabulosas dos povos antigos, e a descrer nas Escrituras. A questão é que as Escrituras não exaltam o homem em seu orgulho e arrogância, ao contrário, mostra exatamente a dimensão do seu pecado e da sua perdição. A atitude de incredulidade na Palavra de Deus, alegando quaisquer argumentos, não foge à regra da natureza humana contaminada pelo pecado. O natural é que o homem descreia e não que creia. A natureza pecaminosa no homem o leva, invariavelmente, a crer em si e na sua sabedoria, e não, em Deus e sua Palavra. Por esta razão é mais atraente crer, como Adão, que é possível se tornar um 'deus' sem Deus. É mais atraente acreditar que não houve Adão, Eva, pecado, e que não há inferno e condenação eterna. É tudo o que o Diabo quer é que o homem creia desta forma. Assim, ele terá o seu reino eterno com todos os que forem condenados eternamente.
Ainda sobre tais questões de fé e incredulidade as Escrituras dizem em II Pd. 3: 3 e 4 - "... sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores com zombaria andando segundo as suas próprias concupiscências, e dizendo: onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação." É real e verdadeiro que os tais zombadores se multiplicam a cada dia nos tempos que transcorrem. Eles desafiam as Escrituras, porque agem segundo uma razão e uma sabedoria horizontal, ou seja, puramente apoiada na lógica humana. Eles só conseguem crer no que é constatável e visível. Eles não podem crer evangelicamente porque suas mentes estão cauterizadas por ensinos espiritualistas, gnósticos e humanistas conforme Ef. 4: 17 e 18 - "Portanto digo isto, e testifico no Senhor, para que não mais andeis como andam os gentios, na verdade da sua mente, entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração." Tais pessoas andam segundo uma verdade produzida pela lógica das suas mentes, porém o entendimento delas está obscurecido, porque não têm a vida de Deus. Seus corações estão endurecidos para a sã doutrina, sendo, portanto, ignorantes acerca da verdade das Escrituras. Como o homem incrédulo não pode crer por conta própria, necessário é que Deus lhe abra o entendimento conforme Lc. 24:45 - "Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras."
Jesus, o Cristo afirma que, de fato, o pecado é a incredulidade em Jo. 16:9 - "... do pecado, porque não creem em mim." Quando a palavra pecado é precedida de um artigo definido diz respeito ao pecado da incredulidade ou denominado por Agostinho de pecado original, porque foi o primeiro pecado a entrar no mundo. O texto de abertura deste artigo mostra que, realmente, o pecado é a incredulidade quando afirma: "... e tudo o que não provém da fé é pecado." Ora, o que não é proveniente da fé é pecado, porque resulta de a pessoa não crer, e, ausência de fé é incredulidade.
Desta forma todos foram contaminados pelo pecado da incredulidade por meio de Adão conforme Rm. 5:12 - "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram." O verdadeiro evangelho, que, nada tem a ver com religiões e crendices, ensina que o pecado trouxe a morte espiritual e física ao homem. Ensina, ainda, que é necessário ao homem morto para Deus, creia, que, também morreu em Cristo por inclusão, e, que com Ele ressuscite para ganhar a vida eterna. Por isso, se diz que no processo de redenção ocorre a morte, da morte, na morte de Cristo. Esta é a única maneira de aniquilar o pecado e se livrar da condenação pela incredulidade conforme I Co. 15: 21 e 22 - "Porque, assim como por um homem veio a morte, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Pois como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados."
Sola Fidei!

domingo, agosto 12

ADORADO, ADORAÇÃO E ADORADORES

Jo. 4: 20 a 23 - "Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: mulher, crê-me, a hora vem, em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos; porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade."
Adoração é um substantivo feminino que provém do verbo adorar. Este verbo é transitivo direto e intransitivo, significando genericamente, admirar, amar, apreciar, corujar, estimar, gostar, idolatrar, prezar, querer, venerar. Considerando apenas o sentido de adorar como prestar culto a Deus implica em que haja um ser adorável, um ser adorador e um ato de adoração. A palavra adorar é de origem do latim 'adorare', que, em última análise, significa apenas 'orar', 'pedir orando', 'adorar'. Portanto, a adoração é um ato pelo qual a criatura se dirige ao Criador em palavras, cânticos e gestos, reconhecendo-o como único digno de tal reverência, consideração, confiança, veneração, estima, amor, admiração, apreço. Obviamente, que, neste artigo o objeto de adoração em questão é apenas Deus. Há muitos que adoram outros seres naturais e sobrenaturais, porém, isto é da responsabilidade eterna de tais pessoas. Cristo ensina que somente Deus é digno de adoração conforme Lc. 4:8 - "Respondeu-lhe Jesus: está escrito: ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás."
A maioria dos religiosos entende que adoração é apenas por meio de músicas e tornam, em muitos casos, o louvor musical como o centro da adoração. De fato, pode-se adorar a Deus por meio de músicas, entretanto, tais músicas devem realmente render o verdadeiro reconhecimento do que Ele é e não do que o homem deseja que Ele seja. Grande parte do que é gravado e cantado como sendo adoração, nada tem a ver com este ato. O famigerado estilo 'gospel', serve, em grande parte, à projeção de artistas no mercado da música e de 'gospel' não tem nada. Tais artistas não realizam nenhuma adoração, mas dão shows e buscam encantar plateias e receber aplausos. Não reverenciam evangelicalmente ao Senhor dos senhores e Rei dos reis. Outros ainda, produzem uma teologia humana em torno da adoração por meio da música, alegando que estão evangelizando. Ledo engano, pois a evangelização é o ato de anunciar apenas o evangelho, ou seja, as boas novas que Cristo veio ao mundo para libertar verdadeiramente o pecador por meio da inclusão em Sua morte e da ressurreição juntamente com Ele. Tecer composições melodiosas, rítmicas e harmoniosas sobre Deus e Jesus, nem sempre reduz-se a um ato de adoração. Tais composições mexem apenas com a sensualidade almática, mas nada tem a ver com o espírito.
O próprio Jesus, o Cristo demonstra claramente que há adoradores verdadeiros e adoradores falsos conforme Mt. 15: 9 - "Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homem." Estes que não têm experiência de nascimento do alto, a saber, regeneração espiritual, invariavelmente, irão adorar em vão, pois partem de um sistema teológico que lhes agrada. Isto acontece, porque invertem a verdade do evangelho em mentira religiosa e humana conforme Rm. 1:25 - "... pois trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente."
Os adoradores verdadeiros põem o foco da sua adoração na pessoa de Cristo e não nas circunstâncias e benefícios que d'Ele imaginam poder retirar. O adorador verdadeiro tem por objeto a pessoa de Cristo conforme Jo. 12: 20 e 21 - "Ora, entre os que tinham subido a adorar na festa havia alguns gregos. Estes, pois, dirigiram-se a Felipe, que era de Betsaida da Galileia  e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus." Enquanto os judeus pediam sinais e demonstrações sensoriais, estes gregos queriam ver a Jesus, nada mais. Estes são os adoradores que veem o reino de Deus e não o que podem obter de lucro dele conforme ensino do Mestre em Jo. 3:3 - "Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer do alto, não pode ver o reino de Deus." Vê-se, que, nascer do alto não é uma questão de desejos, escolhas e vontade humana, mas de poder. Sem novo nascimento, não há visão do reino de Deus. Quem pode ver o reino de Deus? Aquele a quem é concedida a graça e a misericórdia por meio da fé conforme Ef. 2:8 e 9 - "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie."
No texto de abertura verifica-se um diálogo entre uma mulher samaritana e Jesus, o Cristo. No decorrer da conversa fala-se em lugar de adoração, sendo isto típico dos religiosos. Se preocupam com o que é periférico, abandonando o que é a centralidade do evangelho, a saber, o próprio Cristo. Os lugares não importam, porque a adoração é um ato espiritual e não de religião exterior. Não são as palavras, as músicas, os gestos feitos com as mãos estendidas que convencem a Deus ser favorável a alguém. A adoração verdadeira é em espírito e não em um monte, do contrário, adorar-se-á o monte e não a Deus. Aliás, esta história de adorar em montes e outeiros era típica dos adoradores de 'deuses' pagãos. Do texto também se depreende que é Deus quem procura os adoradores verdadeiros, pois o religioso invariavelmente, imagina que a iniciativa é sua. Os homens que não conhecem a verdade, envidam esforços para convencer Deus a lhes conceder coisas e a vida eterna. Entretanto Jesus afirma sobre a vida eterna o seguinte conforme Jo. 3:26 - "Quem crê no Filho tem a vida eterna..." Quem tem o Filho Unigênito e Primogênito de Deus tem a vida eterna, porque Ele mesmo é a vida conforme Jo. 17:3 - "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste."
O texto afirma que só se adora a Deus em espírito e em verdade, sabendo-se que a verdade é o próprio Cristo conforme Jo. 14:6 - "Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." Então, Jesus, o Cristo não tem caminho para indicar, verdade para pregar, ou vida para dar. Ele mesmo é o caminho, a verdade e a vida. Quem tem Cristo tem tudo, porque é Ele o tudo de Deus.
Sola Scriptura!

sábado, agosto 11

ESCOLHEDOR, ESCOLHA E ESCOLHIDOS

Jo. 15: 16 a 20 - "Vós não me escolhestes a mim mas eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda. Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros. Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, guardarão também a vossa."
O verbo escolher neste texto é o mesmo para eleger, ou seja, não é o homem quem escolhe ou elege a Deus em sua vida, mas Ele o elege, porque escreveu o seu nome no livro da vida do Cordeiro conforme Ap. 13:8 - "E adorá-la-ão todos os que habitam sobre a Terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo." Desta forma, todos aqueles cujos nomes não estão escritos no livro do Cordeiro, que é Cristo, adorarão à besta, a saber, o representante de Satanás na Terra. Aqueles, porém, cujos nomes estão escritos no livro da vida desde a fundação do mundo, não a adorarão. Suas naturezas pecaminosas foram anuladas por meio da justificação e da vivificação em Cristo. Eles, todavia, em nada são melhores que aqueles cujos nomes não foram escritos no livro da vida. O deferencial é que foram escolhidos por graça e misericórdia. O livro da vida é o único que a borracha não apaga conforme Ap. 3:5 - "... e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida."
A eleição é um ato monérgico, ou seja, é ato que cabe apenas a Deus, pois é da exclusiva e soberana vontade d'Ele. Isto implica em que há um número daqueles que Ele decidiu escolher para filhos conforme Ef. 1:5 - "... e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade..."; Ele escreveu os nomes dos eleitos no livro da vida conforme Lc. 10:20 - "... alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus." Ele os conduz à Cristo conforme Jo. 6:44 - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer." Ele os faz ressuscitar juntamente com Cristo conforme Ef. 2:6 - "... e nos ressuscitou juntamente com ele." Vê-se, que, ir a Cristo, não é uma questão do querer, mas de poder, e, neste caso, ninguém pode por seus próprios esforços. O pecador sozinho não pode e não vai a Cristo, pode até ir a um sistema de crença, mas não à pessoa de Cristo.
A eleição é rejeitada, porque os religiosos norteiam as suas vidas com base no que fazem ou deixam de fazer. A religião cria na mente do homem uma relação sacrificial, a saber, cada um supõe que vale o que faz de bom, sendo isto, uma espécie de bolsa-salvação. Entretanto, Jesus deixou claro que nenhum homem é bom, apenas Deus o é. O homem, por si mesmo, não pode desenvolver um salvo conduto que abre caminho da Terra ao céu por meio de méritos e justiças próprias. Ninguém, por mais correto que seja, merce absolutamente nada e as justiças humanas são como trapos de imundície conforme Is. 64:6 - "... e todas as nossas justiças como trapo da imundícia." A natureza decaída do homem foi contaminada pela "síndrome de lúcifer", ou seja, o desejo almático de ser 'deus' por conta própria. Após a queda, o homem, adotou um programa de falsa autonomia, buscando a perfeição sem o Senhor da vida. Para tanto, criou a religião como um mecanismo de manipulação e disfarce de sua própria condição pecaminosa, visando forçar a porta de  entrada na eternidade por seus próprios esforços conforme Mt. 11:12 - "E desde os dias de João, o batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto." Neste ponto, o leitor que é religioso praticante torce o nariz e diz: 'este artigo é errado, a pessoa que o escreveu é um herege, pois ensina o oposto do que eu creio.' Este é o problema da religião: cria uma presunção de verdade conforme o que cada um espera de si mesmo e do que desejam forçar Deus a realizar por eles. O texto de abertura não ilude os nascidos de Deus, afirmando que serão odiados por causa da pregação da verdade. Certamente, que, aqueles que não podem ver o reino de Deus, o odeia, como odeiam aos que o prega! Como não podem atacar as Escrituras, atacam aos que pregam-nas.
Ao contrário do que postulam as doutrinas religiosas, as Escrituras ensinam, que, só através da inclusão na morte de Cristo é que se consegue entrar no reino de Deus conforme Jo. 3:2 - "Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." Ora, só pode haver novo nascimento, se houve morte antes. O texto original desta passagem fala de 'nascer do alto', portanto, é o resultado da eleição prévia de Deus e da execução do seu programa monérgico utilizando os meios que providenciou. O caminha sobrexcelente foi aberto por Cristo conforme Hb. 10: 19 e 20 - "Tendo pois, irmãos, ousadia para entrarmos no santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus, pelo caminho que ele nos inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne..."
Neste ponto, a pessoa que lê este texto se põe a imaginar: bem, se assim é, como saberei se sou uma eleito de Deus? Ora, talvez o próprio fato de você se preocupar a este ponto e buscar a verdade já seja o início do processo de chamamento de Deus a você. O fato é que Ele te conheceu de antemão, te elegeu, te predestinou, te chamou, te justificou em Cristo e te glorificou n'Ele. Isto tudo, foi realizado no conselho de Deus, mesmo que você não tenha consciência disto. Ele quem começou a boa obra, é poderoso para completá-la segundo a sua própria e boa vontade conforme Fl. 1:6 - "... tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus..." Igualmente é Ele quem opera nos eleitos todo o processo da fé para a salvação conforme I Ts. 2:13 - "... como palavra de Deus, a qual também opera em vós que credes."
Sola Gratia!

terça-feira, agosto 7

ELEITOS E PREDESTINADOS

Ef. 1: 4 a 6 - "... como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para o louvor da glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado."
A doutrina bíblica da eleição e predestinação é uma das mais rejeitadas pelo homem. É quase unânime a ideia errônea que ela sentencia Deus como injusto, porque privilegia alguns e não a todos. Por conta desta distorção, as religiões denominacionais buscam encontrar o ponto ideal, para, nem negar as Escrituras, nem provocar a desaprovação de alguns religiosos. Entretanto, não há diversas e diferentes formas de eleição e predestinação no ensino bíblico. Há apenas uma, e, esta é a que consta nas Escrituras em quaisquer contextos quando se quer estudar com honestidade. A Palavra de Deus não foi inspirada e escrita para satisfazer posições humanas, mas para testemunhar a graça e a soberania d'Ele. Quem não recebe graça para crer, viva segundo seu entendimentos puramente humano e aproveite bem a vida, pois a alegria será apenas esta.
Alguns dizem que a eleição e a predestinação resultam de uma ação especial de Deus em relação a algumas pessoas, as quais Ele separou para determinado fim especial. Citam, por exemplo, o apóstolo Paulo que teria sido escolhido apenas para evangelizar os não judeus. Entretanto, não há respaldo algum para ensinar isto, sendo apenas uma dedução lógica e não revelada espiritualmente. Acrescenta-se, que, Paulo foi o apóstolo que mais ensinou a eleição e a predestinação do modo correto. Logo, ele mesmo não entraria em contradição, recebendo uma direção de Deus e ensinando-a de modo divergente no evangelho.
Outros afirmam ainda que a eleição e a predestinação são executadas conforme a presciência de Deus, ou seja, Ele escolheu e predestinou apenas aqueles que Ele anteviu que o escolheria no futuro. Bem, neste caso, não há predestinação alguma, pois os tais o escolheria com base no mérito de si mesmos, logo a predestinação seria anulada. Além do que, se Deus escolhesse os predestinados conforme o que anteviu de suas boas obras, Jesus Cristo seria absolutamente dispensável, pois tais pessoas estariam sendo salvas por suas próprias justiças e méritos. Não necessitariam de um salvador para morrer por eles e com eles, incluindo-os em sua morte de cruz, para ressuscitá-los juntamente com Ele. O próprio Cristo afirma que só há um que é bom, o Pai. Logo, baseado em que justiças, méritos e bondades os pecadores seriam escolhidos e salvos? Neste caso, esta predestinação não salvaria uma pessoa sequer. A grandiosidade de Deus consiste exatamente no fato que Ele escolheu e predestinou pessoas que jamais o escolheria livremente. É esta a máxima expressão da graça de Deus: amar e escolher quem o odeia e o rejeita por natureza.
I Pd. 1:2 - "... eleitos segundo a presciência de Deus Pai, na santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: graça e paz vos sejam multiplicadas." A palavra 'presciência' neste texto é, no original, 'prognôusin', que, por sua vez provém de 'prognôskô', que significa um conhecimento anterior, segundo o mais profundo sentido do verbo conhecer, a saber, 'designo de antemão para uma posição ou função'. Deus escolheu alguns que determinou pela sua soberana vontade. Este conhecimento prévio dos eleitos é uma espécie de amor afetuoso que Deus dispensou a eles, antes mesmo deles existirem. A palavra 'presciência' como substantivo é 'prognôsis' e significa conhecimento prévio e propositado, ou seja, Deus conheceu amorosamente estas pessoas e determinou em seu propósito que elas seriam redimidas. Isto se confirma no fato que Deus, não apenas, os amou e os escolheu, mas criou todos os meios para que eles conhecessem a verdade e fossem por ela vivificados. A escolha e predestinação ensinadas na epístola de Pedro é que os escolhidos seriam santificados pelo Espírito que neles habitaria, conduzindo-os à obediência à purificação realizada pelo sangue derramado por Cristo na cruz para lavar o pecado original. Não foi com base nos feitos ou mal feitos deles, mas nos meios que Deus criou para que eles fossem purificados e salvos. Na mesma linha do ensino da eleição e predestinação é o que consta de At. 2:23 - "... a este, que foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, vós matastes, crucificando-o pelas mãos de iníquos." Pedro está fazendo uma exposição apologética sobre a vida e a morte de Jesus, o Cristo. Ele mostra que quem entregou Jesus para morrer foi o conselho e a presciência de Deus. Ele determinou que Cristo viria, se encarnaria no homem histórico Jesus, viveria por certo tempo, pregaria e faria todos os sinais previstos e que morreria pelas mãos dos pecadores. É o mesmo sentido da palavra presciência do texto da epístola de Pedro. Logo, Deus não enviou Cristo com base no que Ele conhecia do futuro de Jesus, mas tudo foi preordenado segundo o conselho íntimo e soberano do Pai com o próprio Cristo. Cristo veio ao mundo sabendo o que o aguardava e como seria o processo da redenção dos pecadores. Tudo preordenado por Deus! Assim como Deus conhecia o seu filho unigênito, justo e santo, também conhecia de antemão os pecadores decaído e absolutamente depravados pela natureza pecaminosa. Assim, Cristo o obedeceria para satisfazer a sua vontade para salvar aqueles que não o obedeceria por si próprios para a salvação.
Rm. 8: 29 e 30 - "Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou." Este texto segue o mesmo padrão de eleição e predestinação: Deus conhece e escolhe afetuosamente e profundamente, predestina, provê os meios para alcançar, chama, justifica e glorifica os que escolheu antes dos tempos eternos. Nada é feito com base no que o homem faria ou deixaria de fazer, mas com base apenas na decisão soberana de Deus. Ora, não teria Ele o direito de escolher aqueles que irão viver eternamente com Ele? Também se Deus tivesse intencionado salvar a todos os homens, certamente Ele o faria, pois nada pode impedi-lo em sua soberania. Ainda, se Deus tivesse determinado que nenhum homem seria salvo, nada lhe faltaria ou seria subtraído da sua justa soberania. Ele si basta a si mesmo e é eterno! é o oleiro que tem poder sobre o barro e não o barro que tem poder sobre o oleiro.
Rm. 9:11 a 18 - "... pois não tendo os gêmeos ainda nascido, nem tendo praticado bem ou mal, para que o propósito de Deus segundo a eleição permanecesse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama, foi-lhe dito: o maior servirá o menor. Como está escrito: amei a Jacó, e aborreci a Esaú. Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum. Porque diz a Moisés: terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que usa de misericórdia. Pois diz a Escritura a Faraó: para isto mesmo te levantei: para em ti mostrar o meu poder, e para que seja anunciado o meu nome em toda a terra. Portanto, tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece." Então, assim é a eleição e a predestinação ensinada nas Escrituras e não por homens. Esaú e Jacó sequer haviam nascido, feito o bem ou o mal, mas Deus já havia escolhido a Jacó para fazer surgir um povo por meio do qual o Salvador nasceria. A eleição e a predestinação não se dá por causa de obras de justiça do homem, mas pela firmeza dos decretos eternos de Deus. Ele amou a Jacó e não a Esaú, o por quê, ninguém sabe. Isto não torna Deus injusto, porque apenas Ele pode decidir qualquer coisa sem incorrer em injustiça. Ele tem misericórdia de quem quer, tem compaixão de quem quer, pois tais ações monérgicas, não dependem de quem corre, ou seja, de quem se apressa em fazer obras de justiça própria para conquistar um lugar no céu. 
O texto de abertura mostra com clareza meridiana que Deus elegeu os que iriam ser salvos antes da fundação do próprio mundo. Eles foram eleitos em Cristo, porque a expressão "nele" [em+ele] indica inclusão em sua morte. Foi Deus quem predestinou os eleitos para se tornarem filhos adotivos por meio da inclusão na morte de Cristo, como também, na sua ressurreição. Tudo isto foi determinado segundo o beneplácito da sua vontade e para o louvor da sua graça. Tudo foi preordenado por Deus antes da fundação do mundo, antes que houvesse o próprio homem na Terra, e que houvesse aparecido o pecado. Tudo foi por sua imensurável graça e não por méritos e justiças humanas.
Sola Gratia!

domingo, agosto 5

HÁ ALGUM PARADOXO NA FÉ?

Hb. 11: 1 e 2 - "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem. Porque por ela os antigos alcançaram bom testemunho."
A fé é uma categoria subjetiva, e, portanto, não pode ser provada em laboratório ou por meio de uma equação algébrica. Não é ciência, mas revelação e inspiração concedida. Apresenta-se por meio de aparente paradoxo, precisamente, porque é em sua essência, subjetiva, porém recebida e demonstrada objetivamente. Glênio Fonseca Paranaguá, um eleito de Deus, costuma afirmar: "crê, vai crendo, até crer." Este é o processo que a fé opera nos nascidos do alto, pois a inclinação do homem é para não crer. Não que a fé é dada por etapas ou em parcelas, mas que a nossa confiança vai aumentando. É Cristo quem realiza a construção da vida em dependência plena nos nascidos do alto.
Etimologicamente a palavra fé provém do grego koinê, a saber, a língua matricial do Novo Testamento. A palavra é 'pistis', e, genericamente, significa 'ponho ou repouso a minha confiança em Deus e no Salvador'. Dependendo de como é flexionada, pode significar 'entrego-lhes a minha vida, lanço-me sobre eles, como estáveis e dignos de confiança'. Toda a significação recai em confiança plena e independe de sentir ou ver qualquer sinal ou evidência. 
Uma palavra derivada de 'pistis' é 'pisteiô' aparece no sentido absoluto em Jo. 20:31 - "... estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome." Isto implica em que uma pessoa recebe a fé para confiar, que, de fato, Jesus é o Cristo, ou seja, o Salvador e Filho de Deus capaz de vivificar o homem morto em sua natureza espiritual, tornando-o vivo para Deus novamente. Assim, fé, nada mais é que confiar no que a Palavra de Deus afirma. Nada tem a ver com "pensamento positivo", "mentalização" e "auto-sugestão", pois tais categorias estão na esfera apenas da alma humana. Em Mc. 1:15 - "... e dizendo: o tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho." Neste texto a última frase é 'metanoiete kai pisteiete en tô evangeliô', ou seja, "crede na esfera do evangelho" ou mesmo, "crede evangelicamente". A palavra fé seguida pela clausula 'en' ou 'eis' que é derivada de 'en' indica "para dentro de" e "no meio de", ocorrendo quarenta e cinco vezes nos evangelhos e uma na primeira epístola de João, dando sempre forte ênfase à confiança salvadora em Jesus, o Cristo.  Com a preposição 'epi' ocorre treze vezes, e, todas com a mesma ênfase. 
A palavra fé com o objeto no dativo ocorre trinta e nove vezes, porém significa apenas crer no que alguém diz, não tendo relação com salvação, redenção ou vivificação espiritual. Foi neste sentido que os judeus creram em Jesus conforme o registro de Jo. 7:31 - "Contudo muitos da multidão creram nele, e diziam: será que o Cristo, quando vier, fará mais sinais do que este tem feito?" Ora, como poderiam ter crido se ainda esperavam pela vinda do Messias? Também, da mesma forma, em Jo. 12:42 - "Contudo, muitos dentre as próprias autoridades creram nele; mas por causa dos fariseus não o confessavam, para não serem expulsos da sinagoga." Se creram, porque não assumiam publicamente? Então, é fundamental saber que nem sempre quando aparece no texto bíblico a palavra fé ou crer significa a fé no sentido de confiança absoluta e irrestrita em Cristo como o Filho Unigênito e Salvador. Muitas vezes, o homem crê apenas no que vê objetivamente, mas não consegue abstrair dos conceitos e atos objetivos. Crê, mas não confia, logo, não é fé salvadora. É como aquele malabarista que atravessava de um prédio para outro apenas sobre uma corda. Perguntou a um senhor da multidão se ele acreditava que era possível atravessar sobre a corda em um carrinho de mão. Ao que o senhor lhe respondeu que sim. Ele, então, perguntou: o senhor topa ir dentro do carrinho? Ele replicou, não. Tinha fé intelectual ou puramente lógica, mas não a fé confiança absoluta.
A palavra 'pistikós' indica uma crença autêntica, pura e genuína que não pode ser confundida com expectativa ou esperança emocional, conceitual ou almática. A maioria das pessoas mantêm um nível de fé humana no futuro, na vitória sobre males, na proteção do Estado e das Instituições, nas leis e promessas de outras pessoas. Quase sempre se decepcionam!
As palavras 'pistis', 'pisteôs' e 'pisté' são universalmente utilizadas nas Escrituras como a experiência realizada por Deus, e não pelo homem, no coração do pecador mediante o arrependimento que é a 'metanoia'. Tal experiência resulta da graça que confere ao pecador plena e total confiança no projeto salvífico de Deus por meio de Cristo. Implica, ainda, em absoluta dependência em seu poder, graça, misericórdia e sabedoria. Por isto, muitos religiosos não encontram a paz verdadeira e envidam e multiplicam esforços, sacrifícios, ordenanças, preceitos, rituais, regras e leis para tentar alcançar a verdadeira e genuína fé. Porém, as Escrituras ensinam fartamente que a fé é um dom e não uma virtude a ser produzida e aperfeiçoada por meio de comportamento moral, ético e religioso. Em Judas 3 diz: "...exortando-vos a pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos." Então, a fé é entregue, logo, aquilo que é entregue, o é por alguém a alguém. Ainda em Ef. 2: 8 diz: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus." O que salva é a graça e não a fé, esta, é apenas o meio pelo qual o pecador é vivificado, sendo, inclusive proveniente de Deus e não de méritos, de justiça própria, ou de esforços e sacrifícios.
A palavra fé no sentido de convicções intelectuais ou doutrinárias, não tem qualquer relação com salvação. Esta natureza de fé é comum a homens e também a demônios conforme Tg. 2:19 - "Crês tu que Deus é um só? Fazes bem; os demônios também o creem, e estremecem." No sentido do texto em tela, os demônios levam larga vantagem sobre muitos religiosos, pois além de crerem ainda estremecem diante da realidade de Deus. Tal acepção da fé, nada mais é, que nossa atitude subjetiva para outra significação da fé. É apenas a soma das doutrinas cristãs, o sistema teológico, crendice.
Acrescenta-se que o texto sacro apresenta também a fé com sentido de conteúdo objetivo do cristianismo puramente teórico, nominal e institucional conforme At. 6:7 - "E divulgava-se a palavra de Deus, de sorte que se multiplicava muito o número dos discípulos em Jerusalém e muitos sacerdotes obedeciam à fé." Como, pois obedeciam à fé e continuavam sacerdotes da velha aliança? Abraçaram apenas uma nova religião e não a fé no sentido verdadeiro. É quando uma pessoa "se converte", pois a conversão é apenas de um sistema religioso para outro. A verdadeira conversão é realizada soberanamente por Deus conforme Lm. 5:21 - "Converte-nos a ti, Senhor, e seremos convertidos; renova os nossos dias como dantes." Isto porque, a salvação vem de Deus e não de atos e atitudes humanas conforme Sl. 3:8 - "A salvação vem do Senhor; sobre o teu povo seja a tua bênção." 
O texto de abertura indica a fé como uma experiência absolutamente espiritual resultante da ação de Deus no pecador, pois implica em integridade, fidelidade, lealdade e dignidade na inteira confiança no que não se vê e no que não está presente. Trata-se de uma entrega sem reservas! Há, ainda, diversos outros sentidos de fé nas Escrituras, sendo todos ligados à confiança, às promessas, à fiança, certeza, garantia hipoteca, persuasão, convicção relativa às coisas lícitas, ao convencimento, e o ter por certo determinada afirmação das Escrituras.
Finalmente, pode-se afirmar que não há paradoxo algum, visto que a fé é um dom por graça do próprio Deus. Não há outra maneira de apropriar-se da redenção  por conta própria.
Sola Fidei!

sábado, agosto 4

PROFUNDA DEI ET ALTITUDINES SATANAE X

Cl. 1: 21 a 28 - "A vós também, que outrora éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, a fim de perante ele vos apresentar santos, sem defeito e irrepreensíveis, se é que permaneceis na fé, fundados e firmes, não vos deixando apartar da esperança do evangelho que ouvistes, e que foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, fui constituído ministro. Agora me regozijo no meio dos meus sofrimentos por vós, e cumpro na minha carne o que resta das aflições de Cristo, por amor do seu corpo, que é a igreja; da qual eu fui constituído ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, a fim de cumprir a palavra de Deus, o mistério que esteve oculto dos séculos, e das gerações; mas agora foi manifesto aos seus santos, a quem Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, a esperança da glória; o qual nós anunciamos, admoestando a todo homem, e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo."
As profundezas de Satanás se manifestam por meio de crenças, sistemas teológicos, sistema educacional, ciência, tecnologias, política, sistema financeiro, movimentos ideológicos. Em todas as ações, subprodutos da mente humana decaída, há profundo apelo às tais profundezas. Algumas atividades, que, por vezes passam desapercebidas e são aceitas como boas e corretas estão absolutamente impregnadas das profundezas do maligno. Não são, necessariamente, jogo de palavras ou opiniões sobre alguém ou alguma atividades que determinam o envolvimento com  as profundezas de Satanás ou com as profundezas de Deus. Vez por outra veem-se pessoas ou grupos religiosos acusando que esta ou aquela empresa, este ou aquele artista, musicas como sendo ligados a satanismo. Ora, as Escrituras afirmam que o mundo inteiro jaz no maligno! Porém, a maioria desconhece o significado desta e de tantas outras afirmações bíblicas. Os verdadeiros servos das profundezas de Satanás são, geralmente, confiáveis, amigos, caridosos, simpáticos e gentis. As pessoas com aspectos demoníacos ou comportamentos anormais são, de fato, vítimas de opressão e de suas próprias almas decaídas. 
Há, inclusive, grandes possibilidades de um cristão autêntico ser considerado  maléfico, estranho, frio e insensível, do que um satanista declarado. Isto porque, o senso comum julga e discerne quase tudo pela noção maniqueísta de bem e mal, certo e errado, divino e profano, aceitável e não aceitável. O mundo age e reage pelo que se vê, Deus age onde o homem não vê. Os eleitos de Deus não silenciam diante do pecado, e não ilude o pecador, protegendo-o e enganando-o no sentido de lhe afirmar que é filho de Deus, que é bom, justo e cheio de merecimentos. Ao contrário, ele certamente lhe comunicará que as Escrituras afirmam que todo homem é pecador por natureza, não merece absolutamente nada e necessita ser liberto por Cristo. Entretanto, um satanista, ao contrário, procura sempre dizer ao homem natural que é senhor de si mesmo, que pode traçar seu próprio destino, superar os obstáculos e evoluir material e espiritualmente. O inimigo das almas dos homens, invariavelmente, o ilude com as mesmas falácias de sempre, sendo uma das principais, a lenda do "livre arbítrio", que, nem é livre, nem pode arbitrar nada. Em qual das duas teses uma pessoa é propensa a acreditar?
Há muitos movimentos destinados a enobrecer o homem, propor sua melhorar física, psíquica e moral. Todavia, o mundo e seus habitantes estão indo de mal a pior. Há uma profunda doença individual e coletiva internalizada na sociedade. A mensagem cristã genuína, mas não religiosa, mostra que o coração do homem é continuamente mau conforme Gn. 8:21 - "...porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice." Não é uma questão de praticar ou deixar de praticar o que é mau, pois a questão é de natureza e não de comportamento exterior e visível. O coração, no sentido bíblico, é a sede das decisões, desejos, emoções, envolvendo a alma e o espírito morto para Deus. Comumente algumas pessoas, em função de questões comportamentais, religião ou ética se põem fora desta afirmação acima. Elas tomam por parâmetro apenas os atos exteriores, deixando de considerar a inclinação natural dos seus corações. Entretanto, as Escrituras reafirmam em Rm. 3: 10 e 11 - "...como está escrito: não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus." O que ocorre, nestes casos, é que as pessoas tomam apenas os efeitos pelas causas, imaginando que, se têm uma religião, se praticam boas obras e cumprem leis e preceitos, estão salvas. Porém, muitos seres humanos não praticam coisas horrendas apenas por medo. Medo do inferno, medo de castigo divino, medo de uma suposta lei do retorno, medo de ser apanhado pela norma jurídica, medo de se expor tal como é interiormente e ser rejeitado, medo de desfazer imagens que foram construídas à base do engano de si mesmo e do engano de outros. Algumas pessoas quando se acham sozinhas em determinados compartimentos de uma casa falam e fazem coisas que jamais fariam ou falariam publicamente. Muitos são uma pessoa em casa, outra no trabalho, outra na escola e outra na igreja. Daí é que surgiu a ideia de personalidade no teatro grego: a 'personalis' eram as máscaras que os atores usavam em cada ato da apresentação, pois em muitos casos era apenas um ator representando. Desta forma, o homem, é ele e as circunstâncias que o rodeiam ao longo da existência.
No texto que abre esta instância, Paulo, apóstolo está mostrando a condição do homem antes de ser regenerado e após sê-lo. Ele mostra que o homem natural não tem entendimento e suas obras, quer sejam aceitáveis ou recusáveis, são más por natureza e não por juízo de valor. Mostra ainda que o diferencial é o pecador ter sido incluído no corpo de Cristo em sua morte de cruz para perder a natureza pecaminosa e tornar-se uma nova criatura nos padrões de II Co. 5:17 - "Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." O novo nascimento, ou melhor, o nascimento do alto é sobrenatural e independe de mérito e justiça própria, visto que a graça é para o desgraçado, a saber, aquele que não é portador de quaisquer merecimentos.
A regeneração apenas nos torna apresentáveis perante Deus, por meio de Cristo. Não é fruto do comportamento moral e ético, religioso ou sacrificial do homem. Por esta razão ninguém, por mais correto que seja, aos olhos da sociedade pode reivindicar a salvação. Ninguém pode "aceitar" a Cristo, pois quem conduz o pecador a Ele é Deus conforme Jo. 6:65 - "Por isso vos disse que ninguém pode vir a mim, se pelo Pai lhe não for concedido." É uma questão de concessão e não de direito! A verdade é que, Ele é quem aceita o pecador eleito para tal fim conforme Jo. 1: 12 e 13 - "Mas, a todos quantos o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus." Ao eleito cabe apenas receber a eleição e não aceitar como se presume no mundo religioso.
Finalmente, "o mistério que esteve oculto dos séculos e das gerações", é, de fato, a vida de Cristo no nascido do alto, visto que Ele mesmo é a ressurreição e a vida conforme Jo. 11:25 - "Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá." Estas verdades esplendentes se constituem na verdadeira mensagem da cruz e nas profundezas de Deus, a saber, "Cristo em vós, a esperança da glória".
Sola Gratia!
Sola Fidei!
Sola Scriptura!
Solo Christus!
Soli Deo Gloria!