quarta-feira, junho 6

A DIFERENÇA ENTRE OS DONS ESPIRITUAIS E AS HABILIDADES ALMÁTICAS II

I Co. 1: 21 a 24 - "Visto como na sabedoria de Deus o mundo pela sua sabedoria não conheceu a Deus, aprouve a Deus salvar pela loucura da pregação os que creem. Pois, enquanto os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos, mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus."
Dando prosseguimento ao estudo dos dons espirituais, passa-se agora a análise de cada um deles. Neste artigo abordar-se-á o dom da palavra de sabedoria. Entretanto deve-se, neste ponto, evidenciar que existem três tipos de sabedoria: a) a sabedoria humana, terrena, intelectual e diabólica; b) a sabedoria satânica; c) a sabedoria de Deus.
A sabedoria humana é uma habilidade adquirida e desenvolvida pelas experiências, pela pesquisa e pela vivência. Ela foi dada ao homem para que este aprendesse a sobreviver em meio aos perigos e desafios da vida e do mundo natural. Tal sabedoria foi aguçada ainda no Éden, por ocasião da queda, pois o homem escolheu trilhar o caminho do conhecimento do bem e do mal à revelia de Deus. A expressão: "conhecimento do bem e do mal" no Gênesis indica que o homem optou por uma espécie de autonomia e independência, quando escolheu desconsiderar o decreto de Deus. Tal sabedoria é continuamente desenvolvida com base em erros e acertos. Acerca desta sabedoria, o apóstolo Tiago afirma que qualquer um pode pedi-la a Deus que ele a concede liberalmente. 
A sabedoria satânica resulta do fato que Satanás foi criado como um ser elevado conforme Ez. 28:14 a 17 - "Eu te coloquei com o querubim da guarda; estiveste sobre o monte santo de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniquidade. Pela abundância do teu comércio o teu coração se encheu de violência, e pecaste; pelo que te lancei, profanado, fora do monte de Deus, e o querubim da guarda te expulsou do meio das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei; diante dos reis te pus, para que te contemplem." Embora decaído, Satanás ainda não perdeu suas características. Suas habilidades apenas foram direcionadas para outros objetivos que não os de Deus. Ele será totalmente condenado e perderá toda a sua sabedoria quando da restauração de todas as coisas por Cristo. O texto afirma que ele foi criado perfeito, porém deixou que a iniquidade ocupasse o seu coração, isto é, o seu desejo prioritário. Ele teve a sua sabedoria corrompida por desviar-se da dependência plena de Deus e desejou ter um reino para si próprio. Outro texto que faz referência a Satanás é Is. 14: 12 a 15 - "Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! como foste lançado por terra tu que prostravas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte; subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. Contudo levado serás ao Seol, ao mais profundo do abismo." Nestes texto que se referem a Satanás os profetas utilizam de tipos metafóricos. Descrevem pessoas cujas ações eram conhecidas na Terra, mas faz referência a pessoa de Satanás em suas intenções e desejos.
A sabedoria de Deus, conforme o texto de abertura, é uma pessoa e não uma faculdade de discernimento. Enquanto a sabedoria humana  necessita de sinais e evidências comprobatórios, a sabedoria de Deus é espiritual e oculta à sensibilidade almática do homem. Portanto, tal sabedoria só se revela pela palavra de Deus. Cristo é apresentado, não apenas, como a sabedoria de Deus para aniquilação do pecado, mas como o  próprio poder de Deus.
I Co. 2: 6 a 8 - "Na verdade, entre os perfeitos falamos sabedoria, não porém a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que estão sendo reduzidos a nada; mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, que esteve oculta, a qual Deus preordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo compreendeu; porque se a tivessem compreendido, não teriam crucificado o Senhor da glória." O que o apóstolo Paulo está ensinando é que, entre os aperfeiçoado na graça de Deus, fala-se a palavra da sabedoria d'Ele que é Cristo e este crucificado. Nesta sabedoria não  há qualquer manifestação almática,  ou seja, sensorial. Tal sabedoria não pode ser provada em laboratórios, em tubos de ensaios, em equações algébricas. É uma revelação direta do Espírito Santo de Deus ao espírito regenerado do homem. Por isso, tal sabedoria é chamada de mistério, pois tal sabedoria foi preordenada antes que houvesse o mundo e os que nele habitam. Ela não foi determinada por causa da queda do homem em pecado, mas como parte do "supremo propósito" de Deus. Não é uma sabedoria que se apreende por habilidades políticas, filosóficas, epistemológicas, ou empíricas. 
A sabedoria de Deus  é o recebimento da graça e da misericórdia plenas d'Ele por meio de Cristo conforme Cl. 3:3  - "... porque morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus." O eleito pela livre soberania de Deus antes dos tempos eternos recebe o dom da sabedoria de Deus, porque não pode aceitá-la por conta própria. É por meio da morte e da sua inclusão na morte de Cristo que o pecador é regenerado e ganha a vida de Cristo. Nisto consiste a mais elevada sabedoria de Deus, pois nos escondeu em Cristo antes dos tempos eternos conforme II Tm. 1:9 - "... que nos salvou, e chamou com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos..."
Tudo o que vá além do que está nas Escrituras, não passa de anátema dos religiosos sequiosos por obter poder sem morrer em Cristo. Eles creem pela metade, pois falam de novo nascimento sem admitir que a morte de Cristo foi compartilhada com os pecadores eleitos. Estes religiosos tomam os sinais e evidências sensitivas e aprendem a desenvolver as habilidades almáticas, usando-as como se fossem manifestações espirituais. Entretanto, tais operações são de fato terrenas, naturais e diabólicas conforme texto já mencionado no artigo anterior. São os chamados poderes latentes da alma!
Sola Gratia!

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