domingo, maio 6

A DIFERENÇA ENTRE FÉ E OBRAS

Hb. 11: 1 a 3 - "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem. Porque por ela os antigos alcançaram bom testemunho. Pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus; de modo que o visível não foi feito daquilo que se vê."
Tg. 2: 17 e 18 - "Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me a tua fé sem as obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras."
A primeira coisa que se deve ter em mente ao ler as Escrituras é que ela é a Palavra de Deus e não um manual de religião ou um corolário de dogmas. Desta forma, jamais se deve afirmar aquilo que a Palavra de Deus não está afirmando. As Escrituras invariavelmente mostram que a justificação do homem é pela graça mediante a fé. Em nenhuma instância as Escrituras afirmam que a redenção é pelas obras. A justificação do pecador é pela fé na obra justificadora de Jesus, o Cristo, antes, Filho Unigênito, e, agora, Filho Primogênito de Deus. As obras dos homens não têm qualquer influência no ato da justificação. Todavia, as obras demonstram que o pecador foi justificado.
Quando se fazem tais afirmações perante um religioso arminiano, o tal logo replica: mas na epístola de Tiago não afirma que o homem é justificado, não apenas pela fé, mas também pelas obras? Bem, neste caso ter-se-ia de admitir que há contradição e antagonismo entre o ensino de Tiago e o de Paulo. Entretanto, não é este o caso, pois há perfeita concordância entre as   epístolas de Romanos, Gálatas e de Tiago. 
É muito simples a elucidação deste aparente paradoxo: basta ler a epístola de Tiago, levando em conta o que ele disse  e não o que alguém quer ou julga que ele disse. Deve-se ler apenas o que está escrito, tal como foi dito por Tiago. Não  se pode adicionar conceitos pessoais para tornar o texto aceitável ou digerível doutrinariamente. Não se deve ler as Escrituras segundo uma concepção própria, deve-se ler o que elas dizem e não o que elas não dizem. Este é um princípio elementar para receber revelação nas Escrituras: são elas que leem o homem, e não o homem que as lê.
Primeiramente, deve-se ter em mente que o assunto fundamental da epístola de Tiago é a misericórdia e não a salvação. O livro de Romanos diz que o homem é justificado pela fé. Também o livro de Gálatas diz que o homem não é justificado pelas obras. Romanos estabelece positivamente que o pecador é justificado pela fé, enquanto Gálatas estabelece negativamente que o pecador não é justificado pelas obras. Romanos aborda como o pecador é justificado, enquanto Gálatas aborda como o pecador não é justificado. 
Tg. 2: 14 a 26 - "Que proveito há, meus irmãos se alguém disser que tem fé e não tiver obras? Porventura essa fé pode salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso? Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me a tua fé sem as obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Crês tu que Deus é um só? Fazes bem; os demônios também o creem, e estremecem. Mas queres saber, ó homem insensato, que a fé sem as obras é inútil? Porventura não foi pelas obras que nosso pai Abraão foi justificado quando ofereceu sobre o altar seu filho Isaque? Vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. E se cumpriu a escritura que diz: E creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça, e foi chamado amigo de Deus. Vedes então que é pelas obras que o homem é justificado, e não somente pela fé. E de igual modo não foi a meretriz Raabe também justificada pelas obras, quando acolheu os espias, e os fez sair por outro caminho? Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta." O assunto dominante neste texto é a misericórdia e a ajuda aos necessitados. Não está em tela a questão da justificação ou da salvação do pecador. 
No contexto de Tiago capítulo 2, versos 6 a 13, vê-se claramente que o apóstolo está demonstrando as atitudes de menosprezo aos pobres por parte dos ricos. Mostra que alguns descumpriam a lei, a qual tinha-se por preceito e regra de conduta moral.  Mostra que a misericórdia triunfa sobre a lei, e não a lei sobre a misericórdia. Isto implica dizer que, se alguém fosse cumpridor integral da lei, não poderia sonegar as obras da lei aos necessitados. Logo, se alguém nega por atos e atitudes as obras da lei, por ela condena-se a si mesmo. É mostrado que o rico deveria ter compaixão para com os pobres. Isto é ensinado também no verso 1 do capítulo 2, que, de fato, é a continuação do capítulo anterior, o qual ensina que a religião pura e sem mancha diante de Deus é visitar os órfãos e as viúvas em suas tribulações. Não fala em momento algum de justificação ou de condenação.
Tiago mostra, que, se alguém tem fé, mas sendo as obras de misericórdia ausentes, de fato, o que fica evidente é a ausência da fé no tal. A fé sem obras, nega o caráter espiritual do justificado. Assim como as obras sem a fé não promovem o pecador à justificado. Assim, obras e fé, ou fé e obras são realidades interdependentes e não independentes ou desvinculadas. É normal que laranjeiras deem laranjas e que abacateiros deem abacates. Por semelhante modo é uma questão principiológica da natureza do justificado ter misericórdia e graça para com os desvalidos.
A fé possui caráter espiritual, pois não é tangível. A fé não se vê e não se toca, portanto, se crê apenas no que afirma a Palavra de Deus. Por esta razão é que o autor da carta aos hebreus afirma que por ela os antigos alcançaram bom testemunho. Pela fé o homem entende e recebe que o universo foi criado pelo poder da Palavra de Deus. Assim, a fé é da esfera espiritual, enquanto as obras é da esfera sensorial. Com a fé se crê para a justiça, com as obras se exercita a misericórdia  para com os desprezados e humilhados deste mundo.
Então, se um homem afirma ser justificado pela fé, é natural que se manifeste nele, a misericórdia e a graça para com o próximo. Entretanto, um homem que manifesta apenas a caridade ou as obras de justiça própria, não será justificado por elas. No texto de Tiago se percebe que há uma espécie de ironia aos que afirmam ter fé, mas não apresentam misericórdia, e aos que afirmam ter obras, mas não têm fé.
Sola Scriptura!

Um comentário:

Unknown disse...

amo as anotacoes descrita tiro licoes importantes pra um bom estudo adicional e pratico. parabens.