segunda-feira, junho 27

ESPIRITO, ESPÍRITOS, E ESPIRITUALISMO VIII

Is. 8: 19 e 20 - "Quando vos disserem: consultai os que têm espíritos familiares e os feiticeiros, que chilreiam e murmuram, respondei: acaso não consultará um povo a seu Deus? acaso a favor dos vivos consultará os mortos? A Lei e ao Testemunho! se eles não falarem segundo esta palavra, nunca lhes raiará a alva."
Os homens não-regenerados nos moldes do ensino autêntico de Cristo, mediante nascimento do alto possuem uma fé apenas circunstancial, a saber, mutável de acordo com os acontecimentos. Desta forma, se os fatos lhes forem favoráveis se afirmam numa determinada crença; se os fatos lhes são desfavoráveis negam as crenças. Esta categoria de fé não é a fé genuína produzida por Cristo, mas é humana e centrada apenas no campo da expectativa ou da esperança em coisas e fatos sensoriáveis. A verdadeira fé é dom de Deus, sendo fundada, não no que se vê ou se prova, mas tão-somente no que diz as Escrituras. Um típico caso de fé autêntica está em Rm. 4:17 - "... como está escrito: por pai de muitas nações te constituí, perante aquele no qual creu, a saber, Deus, que vivifica os mortos, e chama as coisas que não são, como se já fossem." Este é o nível de fé procedente de Deus, pois "... chama as coisas que não são, como se já fossem." O nível de fé humana, a saber, a expectativa ou a esperança é fundada na experiência sensorial ou sensitiva. Logo, não é fé, mas um tipo de ciência empírica. Se alguém declara crer em Deus, porque viu algum resultado, porque sentiu alguma coisa sobrenatural, ou por ter recebido alguma resposta de algo que pediu, é a mais miserável das criaturas. Não passa de um barganhista e mercador da religião humanista e horizontalizada.
Por todas estas coisas é que doutrinas e ensinos gnósticos, espiritistas e espiritualistas progridem a largos passos. Eles incutem na mente das pessoas que são baseados em ciência, procuram demonstrar sensorialmente determinados fenômenos como prova de autenticidade, e produzem determinados resultados imediatos e práticos conforme as carências e angústias dos que tais coisas procuram. Desta maneira são facilmente aceitáveis, porque são demonstráveis, lógicos e aparentemente respaldados na ciência. É aí que mora o perigo espiritual, já que do ponto de vista material não conseguem ver perigo algum, pois tudo é bom e desejável. O perigo espiritual se situa na esfera da eternidade futura e da destinação final das almas. Neste sentido, eles são iludidos por ensinos de evolução e iluminação, dos quais não há nem evidência, nem comprovação escriturística alguma. As pessoas estão confiando num caminho absolutamente escuro e contrário a todo o ensino de Cristo. Foi o que aconteceu ao rei Saul, que acreditava estar consultando o espírito do profeta Samuel, apenas com base no que a feiticeira de En-Dor afirmava, ele mesmo não via nada.
A doutrina de Cristo, nada têm em comum com estas doutrinas e, muito menos, com muitas doutrinas de igrejas e seitas ditas cristãs. Dizer-se cristão é muito simples e fácil: basta reunir um bom número de postulados e práticas aceitáveis do ponto de vista moral e humanista, logo todos acreditam que estão num círculo cristão. O Cristianismo Histórico se tornou banalizado e ridicularizado pelos seus próprios praticantes, os quais transformaram a verdade em mentira e amam mais a criatura que o Criador. É a deificação do homem e a coisificação de Deus. O que importa é a exaltação do homem em suas mais extravagantes vontades e nos mais absurdos desejos. Vivem em um falso paraíso artificializado por leis, tecnologia, e conhecimentos puramente humanos onde não há mais o temor do pecado e da necessidade de arrependimento. Aceitam e buscam apenas direitos, mas jamais obrigações.
Por estas questões é que se pode afirmar que é mais fácil aceitar uma consulta ou busca por supostos espíritos desencarnados, que receber a verdade pura do evangelho. A doutrina humanista é mais convincente e menos exigente, enquanto a genuína mensagem da cruz é insuportavelmente antipática e dura.
Em nenhum momento nos textos dos evangelhos sinóticos e das epístolas, Jesus e os discípulos se deparam com pessoas possuídas por espíritos, e afirmam que os tais são espíritos de luz ou benfeitores. Sempre e invariavelmente são espíritos imundos, espíritos malignos e demônios. Porque não há nenhum registro de incorporação de bons espíritos no texto bíblico? Por que em todos os casos Jesus usou de autoridade e expulsou tais espíritos sem lhes dar qualquer chance de adoração e de perdão, como por exemplo, Mc. 3:11 - "E os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: tu és o Filho de Deus." Veja que até os espíritos imundos sabiam que Ele era o Filho Unigênito de Deus! Só os religiosos que não sabiam.
A bem da verdade, a primeira incorporação de espírito na história humana foi no Éden, pelo próprio Satanás, em uma serpente da espécie Saraph, que era brilhante e alada. O resultado da consulta a este espírito incorporado na serpente, se vê no mal moral e na degeneração completa do homem ainda hoje.
Em Lc. 11: 24 a 26 é narrada uma outra experiência sobre espíritos que tomam os corpos das pessoas: "Ora, havendo o espírito imundo saindo do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso; e não o encontrando, diz: voltarei para minha casa, donde saí. E chegando, acha-a varrida e adornada. Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem vem a ser pior do que o primeiro." Sabe-se que as doutrinas que defendem a comunicação entre vivos e mortos têm belas explicações para todas estas questões, e até certo ponto muito convincentes. Entretanto, nem tudo o que é convincente é verdadeiro. O fato é que tais espíritos imundos são demônios e anjos que caíram juntamente com Lúcifer. Por isso, andam a procura de algum corpo que os abrigue a fim de terem experiências sensoriáveis no mundo visível.
At. 16: 16 a 18 - "Ora, aconteceu que quando íamos ao lugar de oração, nos veio ao encontro uma jovem que tinha um espírito adivinhador, e que, adivinhando, dava grande lucro a seus senhores. Ela, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: são servos do Deus Altíssimo estes homens que vos anunciam um caminho de salvação. E fazia isto por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: eu te ordeno em nome de Jesus Cristo que saias dela. E na mesma hora saiu." Ora, se tudo que o espírito de adivinhação que estava na moça dizia sobre Paulo e outros discípulos era verdadeiro, porque foi expulso por Paulo em nome de Jesus? Por que não era espírito iluminado, nem puro, e nem da parte de Deus.
Sola Fidei!

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