domingo, abril 10

O PECADO, OS PECADOS, E O PECADOR X

Jr. 13:23 - "...pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas malhas? então podereis também vós fazer o bem, habituados que estais a fazer o mal."
O contexto do capítulo 23 do livro do profeta Jeremias trata das muitas faltas e erros do povo de Judá. Deus está dizendo qual será o procedimento disciplinar contra eles. Há muitos religiosos que imaginam que, pelo fato de Israel ter sido eleito para trazer ao mundo o Messias, Jesus Cristo, isto lhe traz alguma diferenciação espiritual. Não traz, pois todos os homens estão debaixo do pecado conforme Rm. 11:32 - "
Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos
." Tanto judeu, quanto não-judeu possuem a mesma natureza pecaminosa. A única vantagem dos israelitas é que receberam a revelação do evangelho primeiro. Porém, negaram Jesus como o Salvador, e isto foi providencial para que os não-judeus pudessem receber o evangelho da graça.
O texto de Jeremias mostra que há aspectos imutáveis na natureza das coisas, tais como a cor da pele de um etíope, e as rajas dos pelos de um leopardo. São caracteres genéticos neles colocados para que tenham características inconfundíveis. Por símile, Deus está mostrando que a natureza pecaminosa no homem decaído é a mesma coisa, ou seja, sempre e invariavelmente o conduzirá a fazer o que é mal. Neste sentido, o mal, não é apenas cometer atos bárbaros, brutais, crimes, erros morais, etc. É o mal como um princípio latente, isto é, algo arraigado na natureza humana. Pode se manifestar em momentos distintos, em intensidades diferenciadas e de modo diverso. O fato é que a inclinação do coração do homem é para o que é mal, por princípio e não por escolhas. Muitos religiosos cultuam o falso ensino do livre arbítrio, imaginando que o poder de fazer ou deixar de fazer certas coisas está com eles. Na verdade, o fato de alguém não cometer determinados delitos, não quer dizer que por princípio eles foram cometidos. A partir do momento em que a pessoa concebe a ideia e tem o desejo, já cometeu o erro em seu coração.
Rm. 7: 24 e 25 - "Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor! De modo que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado." Verifica-se que mesmo os regenerados, como o apóstolo Paulo, tinha consciência desta realidade. O seu espírito foi reconciliado com Deus por meio de Jesus Cristo, mas na sua carnalidade ainda havia atos pecaminosos. A diferença é que no nascido de Deus estas coisas causam tristeza, nos decaídos e iníquos causam prazer e satisfação.
A salvação é plena: corpo, alma e espírito. O espírito é reconciliado com Deus por meio do nascimento do alto; a alma vai sendo tratada ao longo da vida cristã normal até ser purificada; e o corpo será devolvido ao pó de onde foi formado. Na restauração final o homem retornará com seu espírito revestido da glória de Deus, sua alma limpa e o corpo glorificado e imortalizado. Assim, o pecador eleito e regenerado foi liberto da culpa do pecado; está sendo liberto da influência do pecado; e será liberto da presença do pecado.
Muitos religiosos cuja mente é conduzida apenas por regras, preceitos, normas, rituais, doutrinas e fé institucionalizada, dizem que este ensino é herético, porque prega a impecabilidade. Muito pelo contrário, o verdadeiro ensino das Escrituras mostra que Jesus veio destruir a natureza pecaminosa na cruz, esmagando a cabeça da serpente conforme previsto em Gn. 3:15; que comunicou vida eterna na ressurreição; e que está construindo um edifício do qual Ele mesmo é a pedra angular e a cabeça. Porém, o evangelho da verdade não minimiza a realidade do pecado, dos atos pecaminosos e da ação monérgica de Deus em relação ao pecador. Os que advogam que o regenerado nasce de novo e continua com a natureza pecaminosa é que estão pregando pecabilidade permanente, o que desqualifica total e absolutamente a justificação em Cristo por meio da inclusão do pecador na Sua morte de cruz. É como se a morte de Cristo não fosse nem eficiente, e muito menos, eficaz para reconciliar o eleito e regenerado a Deus. Há muitos religiosos que pregam a libertação do pecado, mas vive com medo dele.
Hb. 9:26 - "...mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." Uma única vez é eficiente e suficiente para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo na cruz. A palavra pecado no texto de Hebreus é acerca do pecado da incredulidade e não dos atos pecaminosos. Entretanto, mesmo considerando que o homem continua a cometer pecados, ou atos pecaminosos, as Escrituras afirmam claramente em Rm. 5:20 - "...onde o pecado abundou, superabundou a graça." E é óbvio que é assim mesmo, pois como a graça poderia anular o pecado, se ela não for superior a ele?
Sola Fidei!

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