terça-feira, novembro 30

A ORAÇÃO SEGUNDO AS ESCRITURAS IX


Mt. 6: 5 a 8 - "E, quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes."
Verificando o comportamento dos religiosos vê-se que a maioria deles não ora segundo o modelo estipulado por Cristo. Cada um inventa uma forma mais espalhafatosa, escolhe lugares exóticos ou místicos; adota entonação de voz arrogante, melosa, e autoritária; insere conteúdo semântico convincente, isto é, escolhe palavras. Nada disso altera a verdade bíblica ensinada por Cristo. Orar não é uma questão de postura, ou posição, mas de relação entre o orador e o ouvinte. O poder da oração está no que a ouve, e não no que a profere conforme já foi tratado em estudos anteriores. É, portanto, uma questão relacional entre o suplicante e o suplicado!
Não orar como os hipócritas é a primeira condição da oração biblicamente correta. Um hipócrita é, segundo os dicionários, 'quem ou aquele que demonstra uma coisa, quando sente ou pensa outra, que dissimula sua verdadeira personalidade e afeta, quase sempre por motivos interesseiros ou por medo de assumir sua verdadeira natureza, qualidades ou sentimentos que não possui; fingido, falso, simulado.' A palavra hipócrita é tão forte, que é adjetivo e é substantivo de dois gêneros. A etimologia da palavra é 'hupokrites', a qual significa adivinho, ator, velhaco. Então, Cristo está dizendo que os tais hipócritas são falsos, dissimulados, atores, fingidos, simuladores, adivinhos, velhacos. Eles, na verdade, se põem numa posição de fingir espiritualidade e humildade que não possuem, e, com isto, pretendem fazer Deus lhes ser favorável. Muitos até afirmam que as suas atitudes são muito fervorosas, porque o Espírito Santo os anima a um estado de comunhão acima dos demais homens. Eles se afirmam como embaixadores de Deus na Terra, orando e intercedendo pelos problemas e necessidades humanos. Muitas dessas pessoas levam vidas absolutamente oposta aos ensinos das Escrituras no tocante a quaisquer aspectos da vida cristã. Em muitos casos oram por problemas alheios que eles mesmos sofrem e que não são resolvidos.
Cristo mostra no texto de abertura, que os religiosos hipócritas gostam de ser percebidos como grandes virtuoses de Deus na Terra. Fazem muita questão de serem vistos em atitudes supostamente espiritualizadas, pois isto lhes arregimenta seguidores, admiradores, colaboradores financeiros, entre outras coisas. É dito que tais oradores recebem imediatamente as suas recompensas, a saber, o serem bajulados e admirados apenas pelos homens. O texto não diz que eles recebem as bênçãos pelas quais estão orando. Eles recebem o que de fato estão buscando em si, de si, e para si mesmos. É uma atitude horizontalizada e não verticalizada.
O ensino de Cristo sobre o modo de orar diverge substancialmente desses modelos religiosos: entrar no quarto, fechar a porta, orar em secreto ao Pai. A oração que é ouvida só poderá ser feita por quem é filho, e, para tanto, é necessário nascer do alto conforme o texto de Jo. 1:12 e 13 - "Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus." Primeiramente é necessário crer, sendo que a própria fé é um dom de Deus. Secundariamente os eleitos e regenerados são feitos filhos de Deus, e não se fazem filhos d'Ele. Aos nascidos de Deus cabe apenas recebê-Lo em Cristo, sendo o ato de receber passivo e não ativo como querem os religiosos. Estas verdades não são resultantes da ascendência étnica (o sangue), nem da alma (a carne), e muito menos, do DNA do homem (o varão). É uma ação absolutamente monérgica, a saber, procedente unicamente de Deus em Sua soberana vontade.
Então orar é uma conversa entre filho e Pai, resultante do descanso na graça e na confiança plena que será ouvido. O filho não se utiliza de quaisquer expedientes para comover o Pai, pois Ele é quem dá início ao processo. Ele sabe de todas as coisas, antes da fundação do mundo, e as estabeleceu para que os seus eleitos andassem segundo os Seus caminhos preordenados para louvor da Sua Imarcessível Glória.
Sola Fide!

terça-feira, novembro 23

A ORAÇÃO SEGUNDO AS ESCRITURAS VIII


I Ts. 5: 17 e 18 - "Orai sem cessar. Em tudo dai graças; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco."
São incontáveis as discussões acerca do verso 17 de I Tessalonicenses  capítulo 5. As dúvidas recaem se o texto está afirmando que se deve orar 24 horas por dia, 7 dias por semana, o mês inteiro, o ano todo, e pelos séculos dos séculos. Ora, não há nem mesmo a necessidade de ser muito inteligente para saber que não é este o ensino. Ninguém, por mais piegas que seja, ora durante todo o tempo. O 'orar incessantemente' é uma atitude de consciência permanente de que tudo depende da graça de Deus, e não do ato de orar sem parar. A questão é que as traduções dos textos bíblicos, em muitas instâncias, seguem as tendências ideológicas do sistema religioso dominante, ou daquela a que pertence o tradutor. Não há nada de errado com os textos originais, mas com as traduções deles pelos diferentes sistemas religiosos!
A exegese do texto do verso 17 não pode ser feita isolando-o do texto do verso 18. Aliás, na verdade no final do verso 17 há implícita uma vírgula e não um ponto como se faz nas traduções. O texto literalmente diz: 'adialeiptôs proseychesthes'. Isto significa: "incessantemente orai'. E no verso 18 diz: 'en panti eucharisteite touto gar thelema Theou en Christô Iesou eis imas'. Então, vendo como um texto único e conectado é: "incessantemente orai, dando graças por tudo, ou em tudo dando graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus." O foco central da sentença, não é o tempo gasto em oração, mas o objetivo da oração. A continuidade do verso 18 mostra que este estado de graça é o que Deus quer dos seus eleitos por meio de Cristo Jesus. Não é a vontade do homem que deseja orar o tempo todo. Aliás, a vontade humana é de não orar em tempo algum, visto que a inclinação dos desejos humanos é má todo tempo por causa da natureza pecaminosa. Muitos até oram muito, por muito tempo, mas por hábito, por medo, para tentar convencer Deus a lhes ser favorável em algum aspecto. Assim, passa a ser apenas uma válvula de escape e não uma conversa entre Pai e filho. Então, em suma, o que ensino é nunca deixe de orar dando graças por tudo. Não cessar de orar, não é o mesmo que orar sem parar. É, na verdade, não interromper a prática da oração por longos períodos.

Tg. 5: 13 a 16 - "Está aflito alguém entre vós? Ore. Está alguém contente? Cante louvores. Está doente algum de vós? Chame os anciãos da igreja, e estes orem sobre ele, ungido-o com óleo em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai, portanto, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados. A súplica de um justo pode muito na sua atuação." Orar é falar com Deus, logo, ao expor as aflições, a pessoa se sente mais confiante, pois o problema não reside n'Ele, mas no homem. A doença é algo que afeta a parte física do homem, alterando-a e trazendo dor e sofrimento. Portanto, a oração originada na fé que é dom de Deus, curará, ou aliviará a dor do doente. A palavra grega utilizada para 'salvar' no texto de Tiago, é 'sôsei', sendo usada no sentido de curar, ou libertar do mal físico.
A unção com óleo não tinha nenhuma relação com aspecto místico ou sobrenatural. Era a prática médica da época, em que se acreditava no poder terapêutico de unguentos à base de óleos naturais e ervas específicas. Era uma espécie de medicina popular a que os mais pobres poderiam ter acesso.
O texto de Tiago mostra que a oração deve ser originada da fé, e esta, sabe-se que é dom de Deus e não um poder natural do homem. Veja que, quem levanta, liberta e perdoa os pecados do doente é Deus e não o orador. A necessidade de confessar os pecados uns aos outros é para o alívio psicológico, pois o sentido deste ensino no texto é que as pessoas não devem guardar maus juízos, rancores, raivas e maledicências uns contra os outros. Orar uns pelos outros é para que haja o exercício do amor fraterno e mútuo e, assim, haja alívio psicológico. Sabe-se hoje, que, pessoas que guardam rancores e são vingativas acabam acarretando muitos males físicos para si.
Finalmente, a oração ou súplica de um justo pode muito em seus efeitos, não pelo homem em si, mas porque o que o justifica pode interceder como advogado perante o Pai. Em Hb. 10:38 é apresentado quem é o Justo de Deus - "Mas o meu justo viverá da fé". É uma remissão ao texto de Hc. 2:4, fazendo referência ao Cristo. Logo, o justificado por Cristo pode orar pelos outros, porque o Justo que nele vive tem poder para causar efeitos benéficos e favoráveis ao sofrimento e a dor dos homens. O poder não está no que ora, mas naquele que nele habita, a saber, Cristo.
Ora Pro Nobis Domini...

segunda-feira, novembro 22

A ORAÇÃO SEGUNDO AS ESCRITURAS VII


Sl. 80:1 a 7 - "Ó pastor de Israel, dá ouvidos; tu, que guias a José como a um rebanho, que estás entronizado sobre os querubins, resplandece. Perante Efraim, Benjamim e Manassés, desperta o teu poder, e vem salvar-nos. Reabilita-nos, ó Deus; faze resplandecer o teu rosto, para que sejamos salvos. Ó Senhor Deus dos exércitos, até quando te indignarás contra a oração do teu povo? Tu os alimentaste com pão de lágrimas, e lhes deste a beber lágrimas em abundância. Tu nos fazes objeto de escárnio entre os nossos vizinhos; e os nossos inimigos zombam de nós entre si. Reabilita-nos, ó Deus dos exércitos; faze resplandecer o teu rosto, para que sejamos salvos."
Ouve-se aqui ou ali nos círculos religiosos as seguintes palavras de oração: "Senhor rogamos as mais escolhidas bênçãos sobre fulano de tal." Ora, como pode a criatura exigir bênçãos do Criador e, ainda por cima, determinar a qualidade destas bênçãos? É como se Deus tivesse diversas e diferentes categorias de bênçãos para dar. Tais orações são, na verdade, receitas de bolo. O religioso cujas escamas dos olhos não foram retiradas e nem os ouvidos foram abertos para as esplendentes verdades bíblicas, não percebe que Deus não tem coleções de bênçãos para dar, é Ele mesmo a bênção por meio de Cristo. Quem tem Cristo tem todas as coisas, porque Ele mesmo é o tudo de Deus. Deus não dá coisas, é Ele mesmo o Doador e a Doação.
Ainda há os religiosos inveterados que afirmam em suas orações: "Deus eu ordeno, eu determino, e eu exijo que o Senhor faça isso, ou aquilo." Esta oração é, no mínimo imoral, porque, como, poderia a coisa criada absolutamente depravada, dizer ao que a criou o que Ele deve fazer? Não é atoa que as Escrituras dizem o seguinte: "Pois eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos." Se Deus tivesse os seus humores semelhantes ao do homem, talvez toda a humanidade já teria sido totalmente varrida da face da Terra.
Madame Guiyon, uma francesa do século XVII, foi instruída pelo Espírito de Deus, quando afirmava: "oro, não para convencer Deus a ser-me favorável, mas até que Ele me convença." Não é a criatura que convence o Criador, mas Ele quem a convence do pecado, da justiça e do juízo. Pv. 15:8 - "O sacrifício dos ímpios é abominável ao Senhor; mas a oração dos retos lhe é agradável." Normalmente, os não-regenerados se aproximam de Deus por meio dos seus sacrifícios contaminados pela natureza pecaminosa, imaginando que poderão forcejá-Lo a lhes ouvir e atender. Entretanto, como já foi exposto, Ele não ouve a nenhum homem diretamente. Ele ouve os que foram justificados, não a eles, mas Àquele que os justificou.
Ouve-se de vez em quando alguém dizer: "vou pagar uma promessa, porque recebi a graça que pedi a Deus." Ora, se é graça, porque deve ser paga? Uma graça é uma ação de Deus em favor de quem nada merece, logo não se paga. Aliás, nada que o homem decaído ofereça a Deus poderia pagar qualquer coisa que venha d'Ele, pois Ele é maior que todas as coisas e nada lhe acrescenta, ou retira o que é. Ele simplesmente é!
Na realidade o que acontece é o que está registrado em Os. 4:6 - "O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porquanto rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos."
Ora Pro Nobis, Kyrius!

sábado, novembro 20

A ORAÇÃO SEGUNDO AS ESCRITURAS VI


Rm. 8: 26 a 28 - "Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que esquadrinha os corações sabe qual é a intenção do Espírito: que ele, segundo a vontade de Deus, intercede pelos santos. E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito."
A maioria dos religiosos imagina que é a maneira da oração, ou o que é dito na oração que comove Deus a se jogar do Céu à Terra afim de lhe ser favorável. Então, cada um procura se esmerar nas palavras, nas atitudes exteriores e nas petições. Deus responde a tudo isto em Is. 1: 12 a 15 - "Quando vindes para comparecerdes perante mim, quem requereu de vós isto, que viésseis pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação. As luas novas, os sábados, e a convocação de assembleias (...) não posso suportar a iniquidade e o ajuntamento solene! As vossas luas novas, e as vossas festas fixas, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer. Quando estenderdes as vossas mãos, esconderei de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei; porque as vossas mãos estão cheias de sangue."
Orar não é uma questão de forma, ou de conteúdo, mas de Deus operar nos seus eleitos conforme Fl. 2:13 - "... porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade." Muitos usam a oração apenas como uma terapia para sublimar os seus problemas. As pessoas não regeneradas não conseguem reconhecer a soberania plena de Deus, como também não conseguem receber a graça plena d'Ele. Sem estas verdades, não passarão de religiosos, ainda que fervorosos. Os ensinos são frágeis e colocam invariavelmente o foco no homem, afastando a cruz cada vez mais das igrejas. Preferem as pregações que satisfaçam aos anseios humanos, àquelas cuja centralidade está em Cristo. Quando mencionam-No, geralmente, apontam apenas aspectos pitorescos, emocionais, ou históricos sobre a figura de Jesus. Não conduzem o pecador ao conhecimento d'Ele, mas a algum conhecimento acerca d'Ele. Por isso, as orações são erroneamente encaminhadas.
Primeiramente muitas pessoas buscam a Deus sem que Ele tenha requerido isto conforme o texto de Isaías já mencionado. Esta realidade não mudou, em nada, nestes últimos 2000 anos de Cristianismo. Também elas comparecem diante d'Ele da forma errada, porque querem negociar com Ele, como se fossem mercadores de ações na bolsa de valores, onde cada um grita mais alto para vender suas cotas de boas ações pelo maior preço possível. Depois levam ofertas sujas, porque saem de mãos sujas, sem o menor temor à santidade d'Ele. Apresentam apenas religião exterior e não o ser uma nova criatura em Cristo. Muitos religiosos agem como o homem que caiu na latrina, e após sair de lá tenta compartilhar um pão com outros homens. Mãos imundas, oferecendo coisas puras, as tornam igualmente imundas. Enquanto o pecado não é destruído na cruz, de nada adiantam as exteriorizações da religião humana, ainda que comoventes. Ora, é necessário crer no que as Escrituras ensinam, e não em fórmulas pré-concebidas para envolver Deus em dramatizações humanas causadas pelo ranço do pecado. Enquanto a natureza pecaminosa não for destruída na cruz, não há reconciliação, e não há aceitação do homem na presença de Deus. E, mesmo depois disto, o pecador se torna apenas apresentável a Ele por meio de Cristo. O Diabo sempre tenta minimizar o pecado para iludir o homem de que é possível salvar-se a si mesmo, mantendo a natureza pecaminosa.
A oração do homem que não nasceu de novo, que não tem a advocacia de Cristo, e a interpretação do Espírito Santo sequer passa do teto. Nunca chega aos ouvidos de Deus. Não é por uma questão de exigência de perfeição, mas da exigência da justiça plena d'Ele contra o pecado do homem. Ele mesmo diz que não ouve a pecadores conforme Jo. 9:31 - "... sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém for temente a Deus, e fizer a sua vontade, a esse ele ouve." Na verdade quem está dizendo isto é um ex-cego que fora curado por Jesus, o qual os religiosos estavam desejando desqualificar como um mero pecador. O obejetivo dos líderes religiosos era atingir Cristo como um embuste. Porém, receberam uma lição de teologia de uma pessoa simples.
Sola Scriptura!

terça-feira, novembro 16

A ORAÇÃO SEGUNDO AS ESCRITURAS V


Lc. 18: 1 a 8 - "Contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer. dizendo: havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava os homens. Havia também naquela mesma cidade uma viúva que ia ter com ele, dizendo: faze-me justiça contra o meu adversário. E por algum tempo não quis atendê-la; mas depois disse consigo: ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens, todavia, como esta viúva me incomoda, hei de fazer-lhe justiça, para que ela não continue a vir molestar-me. Prosseguiu o Senhor: ouvi o que diz esse juiz injusto. E não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que dia e noite clamam a ele, já que é longânimo para com eles? Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Contudo quando vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?"
No mundo moderno há publicações para dar respostas a todas as perguntas, até mesmo àquelas que jamais serão feitas. Semelhantemente, no meio religioso há inumeráveis fórmulas para orar. Uns dizem que se deve orar no monte, outros em casa, uns em voz alta, outros em silêncio, uns de joelhos, outros em pé, uns de olhos fechados, outros de olhos abertos, uns isolados, outros em grupo. Na maior parte destas propostas a preocupação é encontrar uma maneira de sensibilizar Deus a fim de receber o favor, a bênção, a ajuda, o socorro. O homem é um ser cheio de artimanhas!
Alguns buscam na oração uma catarse para extravasar seus dramas pessoais, familiares, empresariais. Outros oram para forçar Deus a que se curve às suas vontades e desejos de sucesso, fama e riqueza. Ainda há os que decidem apenas agradecer, porque já possuem além do que merecem, ou seja, nada. Também há os que oram para resolver os problemas dos outros sejam eles de doenças, enfermidades, desajustes sociais, desvios de conduta. Alguns psicólogos encorajam os seus pacientes a orar para que liberem suas carências e estresses. Então, neste sentido, a oração se transformou apenas em uma espécie de ferramenta para servir ao homem e os seus interesses.
Ouve-se aqui ou ali alguém citando um livro sobre o assunto da oração, outro citando algum testemunho de alguém que alcançou algo pelo qual orou, e outro elaborando uma fórmula mágica para orar e obter resultados. O que importa é que se produzam resultados. Alguém preceitua: "orar é invadir os céus"! Na verdade é o oposto: orar é ser invadido pelo céus, visto que toda ação é monérgica até mesmo a inclinação para a oração é procedente do coração de Deus.
Alguém que se acha muito espiritualizado diz: "a oração bem feita toca o coração de Deus, incitando-O a ouvir-nos. Quando rezamos, que todo o nosso ser se volte para Deus. […] O Senhor deixar-Se-á vencer e virá em nosso auxílio. […] Reza e espera. Não te agites; a agitação é inútil. Deus é misericórdia e há de escutar a tua oração. A oração é a nossa melhor arma: é a chave que abre o coração de Deus. Deves dirigir-te a Jesus, menos com os lábios do que com o coração." Vê-se que o foco inicia-se e termina tão-somente no coração e no interesse do homem. Neste caso, Deus é apenas o meio para se alcançar o fim no modelo proposto aí. É como se quem fizesse a oração fosse o homem e que Deus fosse um ser facilmente convencível e vencível pelo homem decaído e absolutamente depravado. Deus sequer mantém comunhão com o pecador conforme Is. 59:1 e 2 - "Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para que não possa ouvir; mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça." É Cristo quem intercede como advogado do pecador, e o Espírito Santo quem traduz a oração diante do Pai.
O texto que abre o artigo mostra por analogia a comparação entre dois padrões de justiça: o injusto juiz que ouve o clamor por justiça para se livrar da mulher inoportuna, e o Justo Juiz que ouve por meio da fé dos eleitos e regenerados. O juiz humano atende segundo a justiça de si e a si mesmo, enquanto o perfeito Juiz atende porque a justiça dos eleitos já foi plenamente satisfeita em Cristo na cruz. Fica claro que a categoria de justiça humana retira a fé da Terra, enquanto a justiça divina é para os que receberam a fé de Deus.
Solo Christus!

A ORAÇÃO SEGUNDO AS ESCRITURAS IV


Mc. 11: 20 a 25 - "Quando passavam na manhã seguinte, viram que a figueira tinha secado desde as raízes. Então Pedro, lembrando-se, disse-lhe: olha, Mestre, secou-se a figueira que amaldiçoaste. Respondeu-lhes Jesus: tende fé em Deus. Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, assim lhe será feito. Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e tê-lo-eis. Quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que também vosso Pai que está no céu, vos perdoe as vossas ofensas."
O texto reporta ao episódio em que Jesus procurava figos em uma frondosa figueira nos arredores de Jerusalém. Por não ter encontrado frutos maduros, ordenou que aquela figueira se secasse, e ela secou-se. Como é próprio da criatura decaída questionar, sempre alguns questionam tal atitude como sendo cruel, para não dizer irascível. Dizem eles, que sentido teria Jesus amaldiçoar uma simples árvore, porque não havia frutos nela? Nem mesmo era a estação apropriada para a figueira ter figos maduros. Acrescenta-se, ainda, que o mesmo poder que o Cristo tinha para secá-la, também possuía para fazê-la produzir frutos. O ensino que está implícito nesta questão é outro.
Há duas questões a serem abordadas nesta passagem: uma se refere ao poder da oração; a outra se refere ao poder da maldição. A questão é que a figueira amaldiçoada apresentava apenas aparência e beleza exterior e não frutos sazonados. É do conhecimento comum que a figueira típica da região da Palestina apresentava invariavelmente os primeiros botões de flores, cerca de dois meses antes de apresentar a folhagem. Primeiro os frutos, depois as folhas. Desta forma a figueira 'mentiu', pois apresentava aparência de que já possuía os seus frutos. Por isso, Cristo a amaldiçoou. Ela tentara enganá-Lo com a mera aparência. A figueira comum é denominada Ficus carica, podendo ser fêmea ou macho. Os figos da Ficus carica podem ser inflorescências, ou infrutescências, sendo este comestível, e aquele, permanece apenas flores que murcham e secam. Se as inflorescências forem fertilizadas, se tornam frutos chamados aquênios com sementes que se reproduzem. Isto revela muita coisa do ensino de Cristo na questão da figueira e da sua maldição.
Em Jo. 15: 1 e 2 afirma o seguinte: "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o viticultor. Toda vara em mim que não dá fruto, ele a corta; e toda vara que dá fruto, ele a limpa, para que dê mais fruto." É necessário estar enxertado na 'árvore da vida' que é a videira verdadeira. Deus não recebe figueira como se videira fosse. Ainda que frondosa e rica em folhagens, jamais terá natureza de videira. A beleza e a aparência estava na figueira, mas ela negava o cuidado do Viticultor Eterno. Por isso, o Cristo cortou a vida própria daquela figueira, ela não estava na dependência plena da vida do Viticultor. Lembre-se que foi com folhas de figueiras que Adão e Eva cobriram a nudez física deles. Mas não puderam cobrir a nudez espiritual.
Assim, o Senhor Jesus não cometeu um ato atentatório contra o meio ambiente por mero capricho. Ele, o Logos criador de todas as coisas, bem sabia o que estava fazendo neste episódio. Também, Cristo optou por secar a figueira para transmitir um ensino contrário ao engajamento, ou ao que é politicamente correto, do ponto de vista humanista. Ele demonstra que, ou a vida provém de Deus para servir, ou não serve nem mesmo para continuar vivendo. Cristo mostrou aos discípulos que é pelo poder da Palavra de Deus que as coisas acontecem, e não pela aparência da religião exterior. A figueira foi, desde o Éden, o símbolo da religião na qual o homem decaído se oculta para encobrir a sua real natureza pecaminosa conforme Gn. 3:7 - "Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais." Assim, o homem criou o primeiro culto religioso do disfarce da sua natureza pecaminosa. Encobrir a nudez física e espiritual com folhas, matéria orgânica, que se deteriora rapidamente é uma indicação da falibilidade dos projetos humanos sem passar pela inclusão na morte de Cristo, na cruz, para destruição do corpo do pecado. A figueira frondosa e bela por fora era Israel, Jerusalém, ou qualquer sistema religioso que não tem a vida não criada, isto é, a vida de Cristo.
Jesus mostra aos discípulos que a oração tem o poder de fazer montes se transportarem de um lado para o outro, porém exige-se a fé do Justo e a consciência de que o pecado do homem foi aniquilado na cruz. Só perdoa as faltas contra alguém, aquele que foi primeiramente perdoado da culpa do pecado.
Sola Fidei!

A ORAÇÃO SEGUNDO AS ESCRITURAS III


Mt. 6: 5 a 8 - "E, quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes."
Há sempre duas maneiras de orar: a maneira que procede da vontade de Deus, e a maneira que procede da vontade humana. O texto de abertura deste estudo demonstra que o propósito da oração não é o de alterar os desígnios de Deus, mas o de obter para si mesmo e/ou para outras pessoas a graça que Ele já decidiu conceder espiritualmente, mas que deve ser solicitada e apropriada objetivamente conforme Ef. 1:3 - "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo".
Arthur Wilson Tozzer afirmou: "Quando começamos a falar excessivamente em oração, podemos estar quase certos que estamos falando conosco mesmo". Não é pela nossa maneira de orar que Deus se dispõe a realizar a Sua vontade, pois ela é Soberana e Eterna. Em I Rs. 18 nos versos 36 e 37 é demonstrado que a oração segundo a vontade de Deus é sintética, firme e confiante - "Sucedeu pois que, sendo já hora de se oferecer o sacrifício da tarde, o profeta Elias se chegou, e disse: ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque, e de Israel, seja manifestado hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme a tua palavra tenho feito todas estas coisas. Responde-me, ó Senhor, responde-me para que este povo conheça que tu, ó Senhor, és Deus, e que tu fizeste voltar o seu coração." Contrariamente, os sacerdotes do 'deus' Baal armaram um circo, no qual, um teatro fantástico foi montado para convencer o 'deus' deles. Estes religiosos contavam apenas com as suas ações, enquanto Elias contava apenas com a ação de Deus. Esta é a diferença fundamental entre o que ora com o foco em Deus, e o que ora com o foco em si mesmo. Algumas pessoas oram para convencer Deus a lhes ser favorável, enquanto o ensino bíblico indica que é Deus quem convence os seus filhos do que Ele já lhes proporcionou eternamente. Religiosos pedem coisas, Deus tem a si mesmo para doar, a saber, o seu Filho Unigênito e Primogênito dentre os mortos.
Não são os supostos méritos e justiças próprias que determinam as respostas de Deus, mas a bondade, a misericórdia e a graça d'Ele. Isto está registrado nas palavras de Cristo em Mt. 7: 7, 8 e 11 - "Pedí, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á. Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhas pedirem?" São três os verbos ativos: pedir, buscar e bater. Entretanto, o que ora pode pedir segundo Deus, ou segundo seu próprio desejo egoísta; pode buscar com base na graça, ou com base nos "seus" méritos; pode ainda bater à porta que é Cristo, ou bater à porta das "suas" justiças próprias. Por isso, muita gente não recebe conforme as Escrituras, mas conforme a si mesmas, ou conforme o Diabo, pois ele também está interessado em responder aos anseios dos homens para lhes aumentar o orgulho religioso, a soberba material, e a confiança em si mesmo e não na justiça de Deus em Cristo.
Sola Gratia!

segunda-feira, novembro 15

A ORAÇÃO SEGUNDO AS ESCRITURAS II


II Tm. 2:5 a 8- "Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual se deu a si mesmo em resgate por todos, para servir de testemunho a seu tempo; para o que, digo a verdade, não minto, eu fui constituído pregador e apóstolo, mestre dos gentios na fé e na verdade. Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda."
O propósito da oração não é alterar a vontade de Deus já estabelecida no universo antes mesmo que o mesmo viesse a existir conforme Mt. 13:35 - "...
para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: abrirei em parábolas a minha boca; publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo." Ninguém, nascido de Deus ou não, pode exigir que Ele altere os seus decretos eternos os quais regem o universo em função de uma postulação pessoal, capricho, necessidade, ou desejo egoísta. Ele não responde este tipo de oração, pois não é o Criador que se curva à criatura, mas esta se curva Àquele, e sempre, por intermediação de outro, a saber, Cristo único mediador. Primeiro, porque Deus sequer ouve o homem diretamente, ainda que reto, íntegro, temente e que se esquiva do mal. Ele ouve apenas a intercessão do Espírito Santo que traduz a oração humana conforme Rm. 8:26 - "Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis." Além disto, Ele só ouve àqueles pelos quais o Filho, Cristo, intercede ou representa conforme Rm. 8:34 - "Quem os condenará? Cristo Jesus é quem morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós." É Cristo o fiel e amoroso advogado dos pecadores perante o Pai.
Na verdade nenhum homem pode se apresentar perante Deus, porque todos são pecadores e estão destituídos da glória d'Ele. É Cristo quem torna os eleitos e regenerados apresentáveis diante do Pai conforme Cl. 1:22 - "... agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, a fim de perante ele vos apresentar santos, sem defeito e irrepreensíveis..."
Considerando apenas o ensino das Escrituras, muita gente que ora, ora para si mesmas ou para outras forças ocultas, pois não foram nascidas do alto na conformidade das exigências da justiça de Deus. Assim, suas orações são meros exercícios almáticos e, portanto, podem até produzir certos efeitos sensoriais, mas não respostas de Deus. É como o fariseu que subiu ao templo para orar: "orava de si para consigo mesmo". O texto diz que o outro, o publicano desceu para a sua casa justificado, porque se humilhou perante Deus, enquanto o fariseu voltou da mesma forma que subiu: soberbo, orgulhoso, religioso e condenado.
Muitos religiosos, embora bem intencionados, diga-se, creem que as manifestações sobrenaturais, as soluções de problemas, e as respostas às suas ansiedades provêm de Deus. Estão absolutamente enganados, e por isso, também se tornam enganadores. Em muitos casos estão recebendo apoio e poder do próprio Satanás, pois é ele quem cogita das coisas dos homens conforme Mt. 16:23 - "Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens."
Sola Scriptura!

A ORAÇÃO SEGUNDO AS ESCRITURAS I


Mt. 21: 12, 13 e 22 - "Então Jesus entrou no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas; e disse-lhes: está escrito: a minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a fazeis covil de salteadores. (...) e tudo o que pedirdes na oração, crendo, recebereis."
Oração é um substantivo feminino que deriva do verbo orar. Tal verbo possui regência múltipla, podendo significar: suplicar, pedir, implorar, rogar a Deus, ou a forças sobrenaturais. Enquanto verbo transitivo direto e intransitivo, pode ser entendido como: falar em público, proferir discurso ou expressar-se em tom oratório, discursar. Oração é, portanto, no contexto a que se propõe este estudo, o ato de pedir, suplicar, pregar, adorar, louvar, fazer sermão, imprecar, falar, agradecer.
Na tradição cristã nominal e histórica, a oração é uma prática bastante encorajada, porque pressupõe uma relação consciente entre o religioso e Deus, ou outras divindades e seres espirituais. Neste exercício supõe-se que a pessoa louve, agradeça, interceda por outras pessoas, peça bênçãos para si e para os outros. Dependendo a quem se dirige a oração, esta poderá até mesmo amaldiçoar, como foi o caso do contrato de Balaão e Balaque no caso de Peor. Embora, neste caso, Deus impediu o intento do orador.
A oração é um ato, o qual pode assumir diversas formas e diferentes conteúdos. Pode ser em silêncio, em voz audível; pode ser individual ou coletiva; pode ainda ser em forma de cântico ou de leitura de textos sacros. Há os que oram apenas para agradecer, enquanto outros oram apenas para pedir. Há quem ore para desejar boas coisas aos amigos e até mesmo aos inimigos, enquanto outros oram para pedir o mal sobre os desafetos. Há quem ore em nome de Jesus, o Cristo, porém há quem ore em nome dos santos, dos anjos, das forças da natureza, dos demônios.
Todavia é mister indagar algumas coisas sobre a oração: há algum modelo de oração? Há exemplos de oração? Há forma correta de oração? Há conteúdo correto para a oração? Há autorização escriturística para a oração? Há encorajamento a que as pessoas orem?
Primeiramente, o ato de orar induz a que o orador creia naquele a quem dirige a sua oração. Creia pelo menos que ele exista e que poderá ouvi-lo. Ninguém falaria a alguém que não crê que exista, especialmente quando este é invisível aos olhos carnais. A oração requer que o orador creia na pessoalidade, e na possibilidade do contato, como também da resposta.
Segundo Ambrose Bierce no seu Devil's Dictionary - Dicionário do Diabo - "orar é pedir que as leis do universo sejam anuladas em favor de um único postulante que se confessa indigno."
Orationis do latim é discurso, linguagem, palavra, prece. Vê-se que há muito de humanidade e pouco de espiritualidade nestas práticas oracionais.
Sola Fide!