domingo, outubro 4

A SÍNDROME DE JÓ I


Jó 42: 1 a 6 - "Então respondeu Jó ao Senhor, dizendo: bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido. Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia. Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza."
Uma síndrome, no sentido e na extensão que interessa aqui, se define como um conjunto de características ou de sinais associados a uma condição crítica, suscetíveis de despertar reações de temor e insegurança. Este personagem bíblico, cuja existência real já foi questionada por alguns segmentos teológicos, é um típico caso de síndrome.
Pouco importa se Jó foi um personagem fictício ou real. O que de fato conta é que o relato da sua experiência é um ensino profundo da graça e da soberania de Deus, da realidade do Diabo, e da condição pecaminosa do homem. Jó foi um dos poucos homens elogiados diretamente por Deus. Dele foi declarado que era reto, íntegro, temente e desviava-se do mal. Apesar da referendada declaração de Deus diante dos seus anjos e de Satanás, Jó ainda era portador da síndrome do falar do que não conhecia, como se conhecedor fosse. Deste mesmo mal todos os homens decaídos sofrem.
A questão da síndrome é endêmica na natureza humana. Tal natureza é portadora do pecado, sendo este definido por Cristo em Jo. 16: 9, como sendo a incredulidade. De fato foi por incredulidade que Adão caiu no conto da serpente. Deu crédito à pregação do Diabo, e desprezou a pregação de Deus. Foi seduzido pelo desejo de ser, como Deus, conhecedor do bem e do mal. As Escrituras mostram com profunda clareza que a queda do homem o atingiu totalmente e não parcialmente como pretendem os religiosos pelagianos e arminianos, entre outros deslizes teológicos.
A ordem de Deus em Gn. 2:17 utiliza a expressão hebraica "môth tamuth", isto é, 'morrer morrendo.' Trata na língua semítica de um verbo no infinitivo absoluto. Em português corresponde a uma locução adverbial expressa como: "certamente morrerás." Assim, quando o homem caiu, ele morreu, não imediatamente no aspecto físico, mas para Deus e, consequentemente, foi morrendo fisicamente. Assim, como o pecado de Adão passou a todos os homens, porque ele era, não apenas o primeiro homem, mas o representante de toda a humanidade, todos os seus descendentes morreram para Deus. É aparentemente paradoxal dizer que alguém vivo está morto, mas no sentido bíblico é exatamente isto que acontece. O homem nasce vivo biologicamente, mas morto espiritualmente. A sua natureza está contaminada pelo pecado original e, portanto, morta para Deus. A morte espiritual significa separado ou destituído da natureza de Deus.
A solução para tal morte, isto é, separação entre o homem decaído e Deus é apenas uma: morrer para o pecado, sendo incluído na morte de Cristo e na sua consequente ressurreição. Deus mata a morte do homem, na morte de Cristo e o traz da morte para a maravilhosa vida de Cristo na ressurreição. Isto se dá por fé e não por atos.
Jó era um homem sociologicamente admirável, pois reto, íntegro, temente e procurava evitar o mal. Como a sociedade moderna carece de homens assim! Entretanto, era portador da síndrome do desconhecimento de Deus. Isto foi declarado por ele mesmo no texto que abre este artigo. É admirável como Deus agiu no caso de Jó e o fez ver com os próprios olhos a sua condição miserável espiritualmente e o mesmo foi levado ao verdadeiro arrependimento.
Sola Gratia!

3 comentários:

Unknown disse...

É típico da natureza humana, falar do que não experimentou...
E o mundo moderno, expõe ainda mais este problema genético, uma vez que põe à disposição das pessoas uma quantidade absurda de informações, sem que haja tempo para experimentá-las.
Essas informações são repassadas sem que as pessoas tenham tido uma experiência real e crítica com o seu conteúdo.
Assim, tanto no mundo sacro quanto no profano, vê-se pessoas fazendo uso de "vãs repetições" de coisas que não conhecem, mas das quais falam com enorme intimidade.
Desse modo, permanecem pessoas superficiais, que tem muita informação, mas nada conhecem realmente.
Lembremo-nos das palavras de Jesus: "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará"
Não é possível experimentar essa liberdade, apenas sendo informado a respeito da verdade, que é o próprio Cristo, é preciso conhecê-la, ou seja experimentá-la!

MENDIGO ENTRE MENDIGOS disse...

Sábias palavras Guri...
Vê-se que é isso mesmo!!!

Mateus Al. disse...

Que texto incrível,edificante !