segunda-feira, agosto 11

O ULTRAJE AO ESPÍRITO DA GRAÇA

O substantivo ultraje deriva do verbo ultrajar que, em última análise, é ofensa muito grave, afronta, desacato, violação de leis, regras e princípios. Em sentidos, que tais, o ato exige um agente que, como tal, deve estar ciente, tanto do que é ofensivo, como da gravidade das possíveis violações e suas consequências. O homem, por mais ético, reto e íntegro que pareça ser incorrerá sempre no ultraje à graça e ao Senhor da graça, porque é da sua natureza ser recorrente neste aspecto e em outros tantos. A questão, portanto, se circunscreve, não ao que o homem faz ou deixa de fazer, mas sim, porque ele o faz ou deixa de fazê-lo. Fazer e não fazer têm diante de Deus o mesmo peso em se tratando do homem. A questão remonta à natureza dominante nele. Porquanto a natureza é determinante, todavia, os atos são consequentes, e isto acarreta responsabilidade moral e pessoal.
No caso do homem que foi regenerado, o uso legítimo da graça de Deus, a qual preconiza um modelo de liberdade plena em Cristo, lhe permite fazer tudo. Todavia, o ensino da sã doutrina harmonizada diz que "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas." A questão é principiológica, no sentido em que não convém aos nascidos do alto se deixar dominar por certas coisas que ultrajam a graça de Deus, precisamente, porque são apenas coisas. Assim, ferir-se-á o princípio da não conveniência, todas as vezes em que, conscientemente, alguém não observa o que diz I Co. 10:23 - "Todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas edificam." O fundamento é: posso? Posso, mas convém Àquele que vive em mim? Posso? Posso, mas edifica o corpo de Cristo? Posso? Posso, mas a minha natureza é de serpente ou de nova criatura? Posso? Posso, mas haverá consequências?
Os princípios que estão em jogo são: a quem pertence o regenerado? A si mesmo, ou ao que o regenerou? O que domina ou reina no nascido de Deus? O que é conveniente a Cristo? O que edifica a si e aos outros? O que é apenas lícito? Desta forma chega-se ao que é próprio da graça e ao que é próprio do pecado. A liberdade em Cristo possui duas vertentes: a da licitude e a da não conveniência. Não é pelo fato de o nascido do alto ser livre, que o tal possa optar apenas pelo que é lícito, visto que seus atos podem ferir e ultrajar o Senhor de toda a graça. Sendo assim, já não é mais liberdade, mas libertinagem e ultraje ao Espírito da graça. A licitude é da esfera da liberdade, mas a não conveniência é da esfera da responsabilidade.
Gl. 5: 13 a 21 - "Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne, antes pelo amor servi-vos uns aos outros. Pois toda a lei se cumpre numa só palavra, a saber: amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais uns aos outros. Digo, porém: andai pelo Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne. Porque a carne luta contra o espírito, e o espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus." Obviamente, herança não se conquista por mérito, mas por nascimento, sendo uma questão de origem paternal e não de conquista meritória.
O texto dispensa qualquer exegese e não lhe cabe muita hermenêutica, visto que é um texto literalmente contextualizado. Trata-se de instruções, ordenanças e orientações aos que já nasceram do alto. O arbítrio na questão da liberdade obtida pela graça é o amor. O amor a que alude o texto não possui natureza terrena, mas é uma referência ao modelo de amor divino, qual seja, que flui independentemente das qualidades do objeto amado. O amor terreno recai nas obras da carne, porque são coisas circunstanciais e manifestáveis. O amor agape, ou seja, divino não é observável e mensurável pelas circunstâncias.

4 comentários:

Unknown disse...

Excelente! Temos confundido muito ou tentado nos enganar com o que é lícito para dar ocasião à carne. Mas como no caso de Daniel, que tinha a liberdade de fazer tudo o que quisesse, devemos escolher o que é bom. Incapazes que somos de fazer isso sozinhos, clamamos ao Pai para que dirija as nossas escolhas.
Muito obrigada pela explicação! Abraço.

marcelo disse...

muito bom.Deus é un Justo Juiz.

Unknown disse...

Muito bom preciso de mais aprendizagem

Anônimo disse...

Glórias a Deus, muito bem explicado homem de Deus