domingo, agosto 3

A DETURPAÇÃO DA GRAÇA VII

Uma das formas mais grosseiras de deturpação da graça de Deus é aquela na qual o homem decaído, ainda que religioso, se coloca na perspectiva de condutor do processo de sua salvação. Foi o que aconteceu ao doutor da lei que se aproximou de Cristo, formulando-Lhe uma das perguntas mais tolas conforme Lc. 10:25 - "E eis que se levantou certo doutor da lei e, para o experimentar, disse: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?" Primeiramente, se de fato era doutor da lei deveria saber que pela lei não há salvação. Secundariamente, qualquer um deve saber que não se faz absolutamente nada para ser herdeiro. A herança é um fato gerado pelo nascimento natural. Logo, se é filho, é herdeiro! A herança é uma das expressões mais eloquentes da graça plena. No contexto, Jesus lhe perguntou sobre o que a lei de Moisés dispunha, e, ele, de pronto respondeu com o primeiro mandamento. Ao que lhe replicou, o Mestre, cumpra-o e terás vida! De fato, Jesus estava lhe respondendo na mesma proporção do que foi questionado, ou seja, assim como ninguém precisa fazer nada para ser herdeiro, igualmente, ninguém é capaz de cumprir o primeiro mandamento para ganhar a salvação. Se não for por misericórdia e graça, ninguém cumpre absoluta e cabalmente a lei. Ela só poderá ser cumprida em Cristo e, n'Ele, o eleito que foi incluído em Sua morte de cruz ganha a verdadeira vida.
Gl. 2:21 - "Não faço nula a graça de Deus; porque, se a justiça vem mediante a lei, logo Cristo morreu em vão." Tornar nula a graça de Deus ocorre quando alguém, por mais bem intencionado que seja, tenta cumprir a lei por seus próprios esforços e fora da cruz. Exatamente por causa da incompetência do homem pecador em cumprir a lei, que Cristo se manifestou em forma humana e abriu mão da Sua deidade. Ele desceu até as partes mais escuras e profundas para resgatar o que se havia perdido. O homem é o vaso que se quebrou nas mãos do oleiro e, dos cacos, se fez outro. O oleiro é Deus, o vaso é o homem decaído, o novo vaso é o pecador que foi eleito e pré-ordenado para a vida em Cristo. Logo, se algo ou alguém fosse capaz de substituir a solução de Deus para a justificação e redenção do pecador, tal  realidade se tornaria a morte de Cristo um fato banal e desnecessário.
I Co. 12: 9 - "A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo." O apóstolo Paulo achava-se perturbado por algo que o importunava e orou por três vezes para que Deus o livrasse. Mas, a resposta de Deus foi essa constante do texto que vem de ser lido: "... A minha graça te basta..." A graça é algo tão abrangente e sublime que é capaz até de fazer um nascido de Deus conviver com espinhos na carne e fraquezas. Não se deve tomar dessa palavra para legitimar hábitos pecaminosos, pois a fraqueza a que alude Paulo aqui é a sua própria insuficiência e incompetência. Tal classe de fraqueza substitui os esforços, méritos, obras da carne e da lei pelo poder e méritos de Cristo. Justamente, quando o homem se vê esvaziado e incompetente é que fica clara e evidente a vida de Cristo nele.

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