segunda-feira, julho 21

O CRISTO DA RELIGIÃO x O CRISTO DO EVANGELHO III

O Cristo da religião é visto tão somente como um reformador moral, um auxiliador nos momentos de dor e angústia, um proponente da paz, ou mesmo, um promotor do progresso material dos homens. Esta visão é centrada no homem e seus pressupostos, sendo, portanto, horizontal e utilitarista. As pessoas buscam um Cristo que se curve a elas na resolução dos seus problemas e assim que se veem servidas, o deixam de lado. Quando muito se apegam a Ele por medo de não ser atendidas quando o infortúnio lhes bater à porta. Assim, imaginam em seus sistemas pseudo-teológicos, que, o fato de alguém ser curado, deixar as drogas, deixar a violência, o roubo, o crime, a prostituição lhes garante a salvação. É a visão do Cristo utilitário, recaindo em uma visão maniqueísta de Deus, de si mesmos e dos outros. A isto dá-se o nome de religião ou crendices.
Enquanto as Escrituras afirmam e reafirmam que o mundo vai de mal a pior, os religiosos constroem suas bases sobre montes de areias movediças. Buscam melhorar a sociedade e reformar o homem, porém com a sua natureza pecaminosa e decaída inclusa, residente e persistente. Por isso, se vê tanto desatino, facções, sectarismo, disputas, escândalos dentro das igrejas institucionais. Cristo não está neste negócio, porque Ele não é apenas um doador de coisas e, muito menos, um solucionador de problemas que se inclina aos ditames de pecadores inchados em seus dogmatismos e arrogância.
O Cristo do evangelho é o tudo de Deus. Ele mesmo é a cura, a libertação, a verdade, o caminho, a ternura, o amor, a vida, a disciplina e a correção. A vida, a qual Cristo afirma ser, como de fato é, não é apenas a vida biológica ou psíquica, mas é a vida eterna, imanente e permanente, posto que subsiste em si mesma desde os tempos eternos e é doada aos eleitos e regenerados.
Jo. 6: 35 - "Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim, jamais terá sede." Cristo não pode ser visto e recebido apenas como doador, mas sobretudo como o dom de Deus para o homem. Assim, Ele doa a vida eterna como o pão doa a vitalidade. Entretanto, Cristo não dá apenas o pão aos famintos, mas Ele mesmo é este pão. Por isso, Ele declara que é o pão da vida. Isto foi afirmado diante de pessoas em Cafarnaum, pois as tais o procuravam a fim de que Ele as alimentasse. Neste sentido, ainda hoje há muitos religiosos que buscam em Cristo apenas uma doação que lhes satisfaça as necessidades básicas. Elas não buscam o doador, mas apenas a doação.
O sentido de pão nas Escrituras é aquilo que produz ou dá satisfação, visto que elas empregam, no contraponto, a fome como a insatisfação humana em diferentes e diversas instâncias. A satisfação dos anseios humanos só serão resolvidos se conhecerem e experimentarem o próprio Cristo e não apenas as suas dádivas. Cristo é, portanto, aquele que dá a vida e o que a sustenta plena e cabalmente. Quando isto é recebido pela ação monérgica, o eleito de Deus consegue descansar. Acabam todas as expectativas e angústias, buscas, medos, inseguranças, infelicidade, desamor. Por outro lado, enquanto não se recebe esta verdade, continuam os temores, os deslizes, as feridas, as mágoas, as derrotas, as transferências afetivas e suas carências que tanto trazem sofrimento a todos.
Jo. 8:12 - "De novo lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, pelo contrário terá a luz da vida." Enquanto o pão traz e produz satisfação, a luz traz e produz visão. A luz proporciona segurança no trilhar o caminho posto diante dos eleitos. Sob a luz, podemos caminhar tendo a visão correta de Deus, de si mesmo e dos outros. Isto não quer dizer que os filhos de Deus sejam perfeitos, ou melhores  que as outras pessoas. Quer dizer apenas que são guiados pelo caminho, no qual estão sendo alimentados e tratados em seus atos pecaminosos até atingirem a estatura de varão perfeito à semelhança de Cristo. A luz não é do homem, Cristo é a própria luz da vida. Este é o Cristo do evangelho da verdade e não o Cristo fabricado pelas vontades contaminadas pela natureza pecaminosa dos homens.

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