domingo, fevereiro 10

A FALSA TEOLOGIA UNIVERSALISTA DO "TODOS" I

Em quase todos os círculos religiosos, notadamente, os que se dizem cristãos, há uma assertiva equivocada sobre a salvação, a saber, que a expiação de Cristo na cruz foi universal. Há uma quase unanimidade em afirmar que a salvação de Deus, por meio da justificação em Cristo é destinada a todos os homens, indistintamente. Para estes "teólogos", a mera letra, onde se registra que Deus não faz acepção de pessoas, o obriga, a estender a salvação a todos os homens, em todos os tempos e lugares. Porém, esta questão de cunho universalista tropeça na realidade  moral do homem, a qual indica que nem todos os homens são salvos, por suas naturezas desgraçadas e pelos seus atos e suas atitudes errôneas. Por isto, e como uma espécie de espiral sem fim, estes disseminadores de "meias verdades" generalizadas vão de invenção em invenção a fim de justificar suas próprias posturas pseudo-teológicas. Não se pode lançar mão de textos bíblicos para legitimar, sem consistência, uma postulação qualquer, ainda que esta seja bem intencionada e cheia de humanismo. O texto escriturístico que se refere a Deus não fazendo acepção de pessoas é uma referência a que ele escolheu gente de todas as tribos, raças e nações. Não é uma referência a todos os homens indistintamente.
Sabe-se, pelo senso comum, que a verdade é um valor entendido, no mínimo, em três dimensões: a metafísica que se ocupa da natureza da verdade; a lógica que se ocupa da preservação da verdade; e a epistemológica que se ocupa do conhecimento da verdade. Entretanto, no plano reles da razão humana, a "verdade" é a realidade tal como se apresenta à percepção do homem, ou ainda, aquilo que se quer que ela seja. Para muitos, a verdade é aquilo que os agrada e ponto final!

Nestes tempos de muitas falácias e pouca verdade, vale mais o que é semelhante, do que aquilo que de fato o objeto da percepção é. Importa aquilo que o sujeito determina, e não o que o objeto essencialmente é. Assim, o homem relativiza o que é absoluto e absolutiza o que é relativo, contanto que, disto retire alguma vantagem. A simples e aparente realidade, tal como ela é, não autoriza impingi-la como se verdade fosse. Filosoficamente a verdade até pode ser discutida nas esferas metafísica, lógica e epistemológica, mas escrituristicamente, ela não é uma concepção. É, antes, uma pessoa conforme se registra em Jo. 14:6 - "Respondeu-lhe Jesus: eu sou o caminho, e a verdade, e a vida." Pode-se aplicar ao texto crístico, o recurso da metonímia, o qual toma o todo pela parte e a parte pelo todo, ou o conteúdo pelo continente e o continente pelo conteúdo. Então, se ele mesmo se declara como sendo a verdade, equivale dizer que não só o é, como também, contém toda a verdade, seja metafísica, lógica ou epistemológica.
No julgamento de Cristo, Poncius Pilatus, indagou: "o que é a verdade?" Jesus não lhe respondeu absolutamente nada. Entretanto, se Pilatos houvesse inquirido, quem é a verdade, talvez Cristo o tivesse respondido satisfatoriamente, por força de ser ele mesmo esta verdade. A pergunta foi filosófica e não espiritual, por isso, ficou sem resposta do Mestre.
A verdade é uma categoria que se determina a partir do conhecimento, logo, quanto mais luz se tem sobre o objeto da apreensão, mais verdade se pode apreender dele. Conhecimento é luz e a luz é mais forte ou resplandece melhor nas trevas, visto que trevas, nada mais são do que a ausência da luz. Só há trevas onde há ausência da luz. A luz, porém, é obtida da verdade, por isso, o apóstolo João afirma: "... a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela." Contra a verdade não há argumentos, afirma o brocardo popular. Esta luz cuja fonte geradora é a verdade é o próprio Cristo, pois, "... a verdadeira luz, que alumia a todo homem, estava chegando ao mundo. Estava ele no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, e o mundo não o conheceu." O mundo, como um todo, não conhece a luz, porque não conhece a verdade. Embora a luz alumie a todo homem, mas nem todo homem pode conhecer a luz. Contrariamente ao senso comum, é a luz que alumia e se faz visível e resplandescente, consequentemente, por seu reflexo tudo pode ser visto.
O homem, já nasce em trevas, porquanto é originalmente portador da natureza contaminada pelas trevas. Ao escolher o fruto da "árvore do conhecimento do bem e do mal" comprou outra luz, que não a verdadeira luz procedente da verdade. A luz adquirida da árvore errada, vendida por baixo preço pelo mercador das trevas, é, em suma, trevas: "vê, então, que a luz que há em ti não sejam trevas."
É necessário ao homem despir-se de toda a carga conceitual adquirida às expensas de expedientes humanizados e universalizados, como se fora verdade e luz. Sem este quesito, todos serão invariavelmente objetos de uma luz, a qual, não procede da verdade. Assim, interessa ao mascate da mentira continuar vendendo aos religiosos a sua falsa luz. Pensando estar caminhando em direção a fonte da verdadeira luz, estarão, na verdade, se afundando em uma luz interior que se apaga, porque não tem a sua fonte na verdade. A mercadoria falsa é adquirida de alguém com dúbias credenciais: "vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira." A ausência da verdade descredencia cabalmente o mercador decaído a vender qualquer produto, visto que não passa de mera ilusão. Há muitos comprando tais ilusões e correndo atrás do vento em nome da verdade. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos! Assim, afirma o texto sagrado pela pena do apóstolo Paulo.
Deus não tem absolutamente nada para dar ao homem que não seja a própria verdade, qual seja, Cristo. Quem ganha a vida de Cristo, ganha, não apenas um amontoado de coisas e virtudes, mas ganha tudo, porque todas as coisas convergem para Ele: "... porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas..." Não foi atoa que Cristo deu conselhos: "... aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças..."

Sola Gratia!

Um comentário:

Anônimo disse...

Graças a Deus pela revelação da Verdade em nós, a esperança da Glória. Quem tem Cristo tem esperança. Quem não tem Cristo, o que tem a esperar? Quanto ao texto, maravilhosa revelação de que Deus não faz acepção de pessoas, mas não para salvar todos, mas gente de todos os povos, raças, línguas e nações, conforme exposto nas Escrituras. Abs,
Em Cristo!
Um miserável pecador...