quinta-feira, janeiro 31

OS NEPHILIM IV

Finalmente há um texto digno de ser analisado com maior acuidade. Em Gn. 6:4 diz: "naqueles dias os Nefilim estavam na Terra." Diz o texto que eles estavam na Terra, e não que eram da Terra. Antes do dilúvio eram os "elohim", ou seja, "divinos" ou "deuses", após o dilúvio foram representados pelos seus descendentes resultantes das uniões com as filhas de Adão, sendo chamados de semi-deuses nas mitologias antigas. Isto significa que os anjos caídos vieram para a Terra, assumiram forma corpórea, pois não guardaram o seu principado e abandonaram a sua habitação própria (oiketerion), e se misturaram à raça humana por meio de uniões mistas com as mulheres humanas. Ora, dessas uniões surgiram os Nefilim descendentes que permaneceram na Terra. Alguns desses gigantes se abrigaram entre os filisteus e foram vistos pelos espias quando reconheciam a terra de Canaã. Mesmo após o dilúvio, alguns destes seres "elohim" tentaram permanecer por aqui até que Deus os encerrou em prisões eternas, nos abismos do Tártaro segundo nos informa II Pd. 2:4 -"Porque se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno, e os entregou aos abismos da escuridão, reservando-os para o juízo..." Em inúmeros escritos sumerianos encontrados por arqueólogos há referências a estes "deuses" que habitaram a Terra por milhões de anos.
Em Nm. 13:33 diz: "Também vimos ali os Nefilim, os filhos de Enaque, que são descendentes dos Nefilim." Neste texto há uma aparente redundância, pois aparentemente é repetitivo e sem sentido dizer "vimos os Nefilim... que são descendentes dos Nefilim". O fato é que, a palavra Nefilim é dada, tanto aos descendentes, como aos progenitores daqueles em suas uniões espúrias com as filhas de Adão. Não há contradição alguma, e a redundância é para reforço, pois o povo da época costumava dar a mesma identificação dos progenitores aos seus descendentes e vice-versa. É como se alguém se referisse a uma certa família ou mesmo a uma determinada linhagem étnica.
Algumas traduções antigas das Escrituras traziam a palavra Nefilim (plural em hebraico para decaídos) como sendo gigantes. Todavia, não é esta a tradução real desta palavra, pois gigante em hebraico é "anak" e, por conseguinte, o seu plural é "anakim". Por exemplo, se quiséssemos dizer em hebraico: "lá existem muitos gigantes" diríamos: "iesh anakim medi". Há registros que, tanto Nefilim, Refaim, Enim e Anakim eram gigantescos e apresentavam aberrações genéticas, como, possuir seis dedos. Nas últimas décadas do século XX e agora no século XXI foram encontradas diversas ossadas em diferentes pontos do planeta de criaturas gigantescas. No Peru, por exemplo, só a cabeça de um deles é do tamanho de um homem de estatura normal. No texto de Números 13, afirma-se que os tais Nefilim eram filhos de Enaque, e, sabe-se que este Enaque era descendente dos Anunnaki, que, segundo os relatos sumerianos era descendente dos "deuses" ou "elohim". Segundo Zecharia Sitchin, em seu livro "O Gênesis Revisitado", os Anunnaki chegaram à Terra há 445 mil anos antes da era cristã, sendo a melhor tradução para "Anunnaki", palavra sumeriana, "os que vieram do céu à Terra" ou "aqueles que foram arrojados para fora."
Sl. 82:7 "Todavia, como homens, haveis de morrer e, como qualquer dos príncipes, haveis de cair." A palavra utilizada para o verbo "cair" neste texto é análoga ao substantivo Nefilim, isto é, possui equivalência semântica e gramatical [hasharim tifolu]. Assim, a melhor tradução do hebraico para Nefilim é 'caídos', 'expulsos', 'desertores', 'cortados' ou 'arrojados para fora do seu lugar de origem'. A tradução do sumeriano para Nefilim, que é Anunnaki, é esta: "os que desceram do céu à Terra." Provém de 'AN' = céu + NUN = descer + KI = Terra.
No texto do Salmo 82, percebe-se que Deus está presidindo uma assembléia na presença dos 'elohim', ou seja, dos 'deuses' ou 'divinos'. A referência não pode ser aplicada a juízes terrenos, porque não há paralelo em que Deus participe visivelmente de reuniões com juízes na Terra. Entretanto, há textos que amparam a presença de Deus em assembleias solenes diante de seres espirituais, como por exemplo, Jó 1: 6 a 12 e 2: 1 a 6, e ainda, I Rs. 22: 19 a 23.
Naquela reunião do Salmo 82, Deus está advertindo aos "elohim" que endireitassem os seus atos, porque do contrário eles teriam o mesmo destino de Adão, isto é, morreriam como ele morreu. Eles deveriam usar de misericórdia para com os necessitados e os aflitos. No verso 1 diz: "Deus está na assembléia divina; julga no meio dos deuses..." Então é uma assembléia divina e não terrena, como também é no céu e não na Terra. Deus está presidindo entre "deuses", isto é, entre seres divinos ou espirituais e não entre homens. Também no verso 6 diz: "Eu disse: vós sois deuses, e filhos do Altíssimo, todos vós." Não seriam estes seres os posteriores governadores das trevas mencionados em Ef. 6:12? Porém, os puristas e legalistas dizem: 'mas Deus não estaria presidindo uma reunião de demônios!' Ou então, 'estes anjos caídos não poderiam governar os homens!' Primeiramente, estes "deuses" ainda não tinham decaído, ou seja, não haviam sido expulsos. Secundariamente, tudo, inclusive Satanás está sob a autoridade e a soberania de Deus. Lembre-se que em Judas, somos informados sobre uma contenda do Arcanjo Miguel, o qual não ousou pronunciar qualquer juízo contra Satanás, mas disse: "o Senhor te repreenda." Isto indica que, apesar de decaído e condenado, o inimigo ainda não foi despossado de algumas funções e características hierárquicas.
O que Deus está mostrando no Salmo 82 é que estes "deuses", ou seja, anjos rebeldes deveriam se arrepender, pois do contrário teriam uma sorte semelhante à dos homens e dos príncipes que caíram junto com o anjo querubim antes deles conforme o verso 7. Estes seriam transportados da esfera celeste, sua habitação original, para a esfera inferior e miserável, perdendo o seu corpo espiritual. O quadro que mostra como eles caíram e foram aprisionados está, respectivamente em Ap. 12: 7 a 12 e Ap. 20:10, bem como em Mt. 25:41. Embora sejam textos escatológicos, porém na economia divina, tudo já foi consumado.
Para concluir esta série de artigos, questiona-se muito se este é um assunto digno de consideração? Obviamente que sim, pois II Tm. 3: 16 e 17 afirma: "Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra."
Não é porque uma pessoa não conhece, não entende ou não concorda com um assunto ou interpretação que ela deve ser evitada e banida das Escrituras.

Um comentário:

Anônimo disse...

Procurei vários adjetivos para me referir ao estado de espírito que me encontro após a leitura dos posts, mas edificado é o que traduz o que estou sentindo. Obrigado e parabéns pela explanação.
Graça, Paz e Misericórdia.
Zero Junior